11. Libertação

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Maraisa sentia seu rosto molhado, sabia que as lágrimas que acabara de derrubar estavam bem evidentes ali. Não queria que ele estivesse a vendo naquele estado, mas não havia muito espaço para vergonha, principalmente porque tudo o que parecia sentir naquele instante era pânico.

- Tá tudo bem? - Wendell perguntou, os olhos dançando entre os rostos paralisados das duas.

- Tudo. - elas responderam juntas. Maiara sentia Maraisa apertar suas mãos com tanta força que temeu que seus dedos nunca mais fossem se recuperar.

Wendell não pareceu convencido, porém não foi sua falta de credulidade na resposta delas que fez Maraisa sentir que estava prestes a desmaiar, foi olhar que ele lançou para o seu ventre. Ela o conhecia tão bem, mas não soube decifrar tudo o que aquele olhar queria dizer, apenas o óbvio. Ele havia ouvido.

- Que bom então. - ele voltou a olhar o rosto delas. Fez um pequeno aceno com a cabeça, saiu do banheiro e caminhou pelo corredor sem olhar para trás.

Maraisa o assistiu ir. Era como se nada tivesse acabado de acontecer. Ele apenas deu as costas para elas e foi embora enquanto ela sentia como se estivesse a ponto de ter um colapso emocional. Maiara a puxou para o banheiro, fechando-as lá dentro. A irmã se encostou na porta de madeira, como se a qualquer momento Wendell fosse voltar e tentar derrubá-la. Maraisa ainda estava sem reação quando a ruiva começou a tagarelar:

- Irmã, desculpa. Eu acho que ele não ouviu nada, foi muito rápido. Talvez eu nem tenha falado tão alto quanto pareceu. Ele não tava com cara de quem ouviu, né? Com certeza não percebeu nada...

Maraisa se encostou na pia, o banheiro era pequeno e ela começava a achar que poderia se sufocar ali dentro. Mal ouvia o que a irmã dizia, só conseguia se lembrar do olhar dele.

- Ele sabe. - falou por fim, colocando um término no falatório da irmã.

- Maraisa...

- Ele ouviu, Maiara! - a morena se voltou exasperada para sua gêmea. - Eu percebi pela forma como ele me olhou.

Maiara finalmente se desencostou da porta e se aproximou da irmã.

- Ele pode saber que você está grávida, mas não sabe que é dele. E uma hora ou outra ele iria ficar sabendo, não é como se sua barriga não fosse ficar enorme daqui uns meses. Você devia aproveitar e contar toda a verdade.

- Eu não vou contar. Já é algo decidido, ele me quer longe e se souber dessas crianças vai querer se livrar delas também.

- Ele quer ter filhos...

- Mas não comigo! - Maraisa rapidamente a cortou. Sabia que a irmã estava tentando lhe ajudar, mas não queria se iludir, era melhor encarar as coisas como elas de fato eram. Wendell estava casado com outra mulher e queria começar uma família, ela não estava envolvida em nenhuma parte de seus planos e não queria ser a responsável por atrapalhar aquilo.

Maraisa abriu a pequena bolsinha que trazia pendurada em seu combro e começou a retocar a maquiagem o melhor que pôde, tentando esconder o desastre que as lagrimas haviam causado em seu rosto. Maiara logo veio lhe ajudar.

- Vou falar só mais uma coisa e prometo não tocar mais no assunto. - disse a ruiva, enquanto passava um pouco de pó em seu rosto. - Espero que você saiba que não contar para o Wendell e ficar com o Fabrício significa se amarrar a um homem que você não ama enquanto assiste outra pessoa ter toda a felicidade que poderia ser sua.

Maraisa não falou nada e Maiara tomou aquilo como algo bom. Não tinha falado aquilo para colocar o dedo na ferida, mas queria que a irmã refletisse. Queria que Maraisa reagisse, que voltasse a ser como era antes de tudo aquilo acontecer. A Maraisa que ela conhecia era forte e enfrentaria tudo que fosse necessário, não aceitaria tudo da forma pacífica como vinha aceitando, mas a cada dia que se passava a irmã ia se tornando outra pessoa, alguém que não tinha mais a coragem de antes.

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