20. O Que Está Acontecendo?

810 74 107
                                    

Maraisa já tinha visto a irmã subir e descer as escadas da casa pelo menos quatro vezes. Maiara estava tão inquieta que parecia que se alguém tentasse a impedir de se movimentar ela provavelmente entraria em combustão.

- Ele já não deveria estar aqui? - a ruiva lhe perguntou pela milésima vez.

Maraisa respirou fundo e se encostou melhor no sofá da sala.

- Não. - respondeu com pouca paciência. - Sossega um pouco, logo ele deve chegar. Parece que é você que vai fazer o ultrassom.

- É como se fosse! - Maiara se deixou largar sobre o sofá, os pés balançando no chão com impaciência. - Você que deveria estar ansiosa. Mas já que não está, eu fico por nós duas.

Maraisa estava ansiosa, sempre ficava toda vez que tinha de passar com sua obstetra. Mas Maiara só queria ver os bebês e estava em polvorosa com a possibilidade de descobrirem o sexo naquele dia. Para Maraisa era muito mais que aquilo. Sempre tomava todos os cuidados que os médicos lhe indicavam, mas toda vez que tinha de ir em uma consulta temia descobrir que algo poderia estar errado. Sabia que sua gravidez tinha todos os indicativos de uma gravidez de risco, por isso tudo o que desejava era que seus bebês estivessem bem.

- Não sei se é bom eu saber primeiro. Não que eu vá te contar antes do chá revelação, eu consigo guardar segredo. - Maiara continuou a falar, trocando a inquietação motora pela verbal. - Mas acho que se forem meninas eu vou sair de lá chorando. Imagina? Idênticas a nós. Você sabe que se eu tivesse uma filha ia chamar Isabela em sua homenagem, né? Pode ir pensando em uns nomes que combinem com Maiara. Se bem que acho que você tem a maior cara de mãe de meninos. O que você acha que é?

- Não faço ideia. Só quero que estejam saudáveis.

- Nossa... Isso foi muito o que uma mãe falaria. - Maiara sorriu. - Falando nisso, a mamãe deve chegar mais tarde. Acho que ela queria ir com você hoje, mas não quis insistir já que...

- Já que você ficou perturbando. - Maraisa completou e Maiara rolou os olhos.



Wendell chegou na hora exata que haviam combinado. Bastou um olhar e Maraisa percebeu a ansiedade dele. Também era a primeira vez que ele iria ver os bebês e ela compreendia todos os sentimentos que ele devia estar sentindo. Ao lado delas, ele pareceu um terceiro tipo de ansioso, não o inquieto como Maiara ou preocupado como Maraisa, ele estava completamente tenso. Sua tensão era tanta que enquanto dirigia, a caminho da clinica, seus dedos seguravam o volante com tanta força que chegavam a ficar pálidos.

- O papai desmaiou quando a gente nasceu, mas tô achando que o Wendell não passa nem do ultrassom. - Maiara debochou do cunhado.

- De quem foi a ideia de te chamar mesmo?

- Olha lá ein, cunhado. O último que me impediu de ver o ultrassom não durou nem mais um mês com a Maraisa.

- Maiara! - Maraisa a repreendeu enquanto Wendell lhe mostrava a língua através do retrovisor interno.

A clinica não ficava muito distante do condomínio onde moravam então não demoraram para chegar. Maraisa esperava que fosse passar pela consulta primeiro, como havia sido da vez anterior, mas assim que chegaram a assistente da médica já os levou para a sala de ultrassom.

Enquanto a assistente lhe ajuda a se acomodar no leito onde seria feito o exame, Maraisa viu as expressões de Wendell ficarem cada vez mais tensas e preocupadas. Maiara havia falado brincando, claro, mas Maraisa começava a se preocupar de verdade com ele.

- Eu vou lá fora pegar uma água para você, cunhado. - falou Maiara, deixado claro que não era só Maraisa que estava percebendo o nervosismo dele.

Complicações do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora