27. Cumprindo Promessas

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 Estranhamente o mundo sempre conspira para que tudo dê errado quando se precisa que todas as coisas estejam certas. Sua pressa era sua maior inimiga naquele momento. Dirigir pelas ruas de Goiânia nunca foi tão desafiador. A impressão que tinha era de que havia pegado todos os sinais vermelhos da cidade e o pior engarrafamento, mesmo não sendo a hora do rush.

A única coisa que se sobressaia à irritação de estar preso no trânsito era a preocupação. Jorge tinha lhe mostrado as notícias, algo vago, mas que continha implícito a possibilidade de que Maraisa não estivesse bem. Por um momento ele tentou se distanciar daquela informação, mas como poderia? Pensar que Maraisa poderia ter se ferido ou adoecido o deixava completamente em pânico. Todas as outras coisas, qualquer outro sentimento que veio a ter nos últimos dias, não passava de um borrão insignificante perto do que ele estava sentindo naquele momento.

Nada no mundo importava além de Maraisa e os bebês deles.

Quando chegou aos portões do Aldeia do Vale sua ansiedade só aumentou. Achou que seria barrado, mas acabou passando sem problemas pela guarita. Maraisa havia o bloqueado no WhatsApp, mas felizmente havia se esquecido de excluir seu nome da lista de pessoas autorizadas a entrar no condomínio.

Estacionou sua Range Rover na entrada da casa dela e desceu. Subiu a escada de mármore da entrada da casa, sentindo seu coração saltar a cada degrau. Não havia quase esforço algum em fazer aquilo, ainda assim quando chegou a porta ele estava ofegante.

Tocou a campainha. O tempo que esperou pareceu uma eternidade, principalmente com sua cabeça sempre indo na direção das piores possibilidades do que poderia ter acontecido.

Quando a porta finalmente foi aberta, se viu diante de um rosto que lhe era completamente desconhecido.

— Boa tarde. A Maraisa está? — perguntou para a senhora que o atendeu, provavelmente uma das funcionárias da casa.

— Quem deseja? — a mulher o olhava com desconfiança. Com certeza estava se perguntando como alguém simplesmente batia na porta da casa sem que a portaria avisasse de sua chegada.

— Meu nome é Wendell. Se a Maraisa não estiver, pode ser a Maiara.

A senhora o encarou, a incerteza estampada em seu rosto, sem saber se realmente chamava a patroa ou se simplesmente fechava a porta na cara do desconhecido. Por fim, se decidiu e indicou que ele entrasse.

Entrar naquela casa foi como ser atingindo por uma avalanche de lembranças nostálgicas. Não fazia muito tempo que tinha ido até ali, mas a sensação que tinha era de que fazia anos. Sabia que Maraisa trabalhava demais, que o resto de sua família ocupava aquela casa por muito mais tempo do que ela, entretanto de alguma forma conseguia sentir parte da sua presença ali.

— Fique à vontade. — a senhora falou. Wendell já havia até se esquecido de sua presença. — Eu vou chamar a dona Maiara.

Ele se sentou no sofá da sala. Esfregava as mãos uma na outra, uma evidência da ansiedade que sentia. Segundo a funcionária, Maraisa não estava em casa. Saber daquilo só fez com que sua mente criasse as piores hipóteses possíveis para justificar sua ausência.

Estava tão perdido em suas preocupações que quando ouviu a voz de Maiara se levantou do sofá assustado.

— O que você quer com a minha irmã, Wendell? — a gêmea de Maraisa estava parada sob o batente que ligava a sala de estar à sala de jantar. Seus braços estavam cruzados diante do corpo pequeno e seu olhar não era nada amigável.

— Eu...

— Nem precisa responder. — a ruiva o cortou. — Eu disse para a Maraisa que você ia ver as notícias e ia acabar aparecendo, ela duvidou.

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