16. Expectativas

965 80 57
                                    

Seu destino era Curitiba. Um pouco menos de duas horas de voo, o que não poderia ser considerado muito tempo, mas ainda assim ela havia passado os últimos dois dias apreensiva demais com aquela viagem.

Tinha convidado Wendell em um rompante impulsivo e, para completar sua loucura, ele havia aceitado. Parte dela tinha ficado em êxtase com a perspectiva de ter mais tempo perto dele, mas sua parte racional não cansava de lhe censurar pelo que havia feito. Ter que passar uma semana fingindo ao lado dele parecia algo completamente insustentável, então ela resolveu focar em uma coisa de cada vez e a primeira delas era aquele voo de duas horas.

Wendell havia sido pontual, chegado ao hangar na hora marcada, frustrando as expectativas que Maraisa ainda tinha de que ele desistisse. Trouxe consigo uma mala de tamanho considerado, que por si só dizia que ele tinha mesmo planos de passar aquela semana inteira com ela. Se alegrava com seu comprometimento e dedicação, mas se desesperava ao pensar nos detalhes práticos daquilo.

A tensão de ter a presença de Wendell com tantas pessoas em volta pareceu inexistente diante de tudo que lhe aconteceu durante o voo. Ela não sabia dizer se realmente o voo tinha sido um dos mais turbulentos que já pegou, ou se ela simplesmente estava sensível demais. Fato era que, seu enjoo não lhe deu trégua. E se no começo ela estava inquieta com a presença de Wendell, no fim nunca se sentiu tão grata por ter ele ao seu lado. Ele tentou de tudo, desde água gelada até apelar para um medicamento que a médica dela receitara. E quando nada funcionou, a ajudou a se equilibrar enquanto ela vomitava no minúsculo banheiro da aeronave fretada.

Agora estavam ali, finalmente em terra, dentro de um carro a caminho do hotel enquanto a cor voltava lentamente para o rosto dela.

- Quer um pouco de biscoito? Você disse aquela vez que ajudava. - Bruno lhe perguntou. Estava sentado no banco da frente, ao lado do motorista, enquanto ela vinha com Wendell no banco traseiro.

- Obrigada, mas vou esperar para comer comida quando chegar no hotel. - ela tinha a cabeça encostada no ombro Wendell. Se não tivesse tão mal poderia ter aproveitado mais a situação, porém nas condições que estava ficou apenas mais uma vez grata por ele ter aceitado aquela viagem.

A chegada no hotel representava um segundo dilema que havia tirado seu sono: A possibilidade de ficar ou não no mesmo quarto com Wendell. Sabia que todo mundo estranharia se eles decidissem ficar em quartos separados, mas sentia que precisava se preparar para as duas alternativas. Dividir o quarto com ele lhe demandaria um controle de seus sentimentos que ela não sabia se possuía, ainda assim era essa a opção que escolheria se a decisão fosse apenas dela. Entretanto, tinha que encarar a eventualidade de Wendell por si só decidir que não deviam ficar juntos. Se fosse esse caso, ela não iria se opor.

Na hora que chegaram à recepção para o check-in, ela deixou que as coisas se desenrolassem por si só. Sua equipe sozinha sempre resolvia tudo e a conclusão lógica deles seria colocar os dois juntos. Portanto, ela não iria se manifestar, se Wendell desejasse algo diferente caberia a ele dizer alguma coisa.

E ele nada disse. O check-in foi rapidamente concluído e logo eles subiram para o quarto enquanto o resto da equipe terminava de tirar as malas dos carros.

A primeira coisa que fez ao entrar em sua suíte foi se jogar sobre a cama. Gostaria de ter tempo para dormir e descansar, mas só de olhar para Bruno trazendo uma das malas para o quarto dela, soube que seu desejo não seria atendido.

- O Julyer vai encontrar a gente só amanhã. Eu vou ter que maquiar vocês duas e a Maiara falou para começar com você.

- Nossa, eu passando mal e a Maiara ainda manda essa. Segunda voz não tem direitos mesmo. - reclamou Maraisa.

Complicações do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora