18. Do Jeito Que Quiser

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A luz atravessava as enormes janelas de vidro que cercavam o amplo estúdio. Tinham começado a trabalhar cedo, assim que chegaram na house foram direto para o estúdio. Só sabia que já estavam há muitas horas ali porque quando chegaram o dia estava apenas amanhecendo e agora o Sol já brilhava intenso do lado de fora. Isso significava que o trabalho estava rendendo, era quando não via a hora passar que estava mais concentrada.

Maiara estava ao seu lado. Sua gêmea segurava um microfone nas mãos e analisava uma folha que continha a letra da última musica que cantaram. Estava concentrada, mas ao contrário de Maraisa, não estava entusiasmada com o que faziam. Seus olhos demonstravam o cansaço e suas expressões se mantinham apáticas a tudo. Maraisa se irritava ao saber que aquilo nada tinha a ver com a agenda tribulada delas ou o excesso de trabalho com o DVD, mas sim com as últimas atitudes de seu cunhado. Era terrível ver a irmã naquela situação sabendo que não havia nada mais que pudesse fazer ou falar.

- Vocês querem parar? - Pepato perguntou, lançando um olhar para Maraisa e depois indicando Maiara. - Vocês devem estar cansadas e acho que temos o suficiente por hora.

- Acho melhor parar mesmo. - Maraisa decidiu enquanto Maiara apenas concordou. Tinham adiantado muita coisa e não adiantava insistir quando uma delas já não estava tão bem.

Saíram juntas do estúdio, deixando o produtor para trás com a promessa de depois verem mais algumas guias enviadas por compositores.

- Quer comer? - Maraisa perguntou para a irmã. Tinham beliscado algumas coisas enquanto trabalhavam, mas ela ainda sentia fome. Além disso, tinha esperanças de que a irmã resolvesse comer algo. Até mesmo sua alimentação Maiara vinha negligenciando.

- Não quero nada não, irmã. Mas vou lá com você. - respondeu a mais nova.

Maraisa a olhou com desaprovação, mas não insistiu.

Pepato fazia questão de deixar a casa sempre muito bem abastecida pois sempre estava recebendo e hospedando cantores, compositores e instrumentistas. Maraisa ficou satisfeita ao revirar seus armários e encontrar tudo que procurava para preparar o sanduiche que estava com vontade.

Maiara se sentou na banqueta que ficava diante do balcão da cozinha e assistiu a irmã pegar um pão, passar requeijão em seu interior e depois acrescentar queijo branco, azeitona, picles, ketchup e molho de pimenta. Quando a morena pegou uma banana e começou a picar em rodelas, Maiara não se conteve:

- Você não vai fazer o que eu acho que você vai fazer, né? - perguntou, sem conseguir esconder a cara de nojo diante da gororoba que via ser construída.

Maraisa deu de ombros, enfiou as rodelas de banana dentro do pão, o fechou e deu a primeira mordia.

- Depois ainda tem a cara de pau de falar que a gravidez tá te dando azia. - Maiara a olhava com um misto de indignação e descrença.

- Fica muito bom, se você quer saber. - Maraisa colocou seu lanche sobre um prato e foi se sentar ao lado da irmã. Assim que se acomodou na banqueta, sentiu o celular vibrar no bolso da calça jeans que usava.

- O que o Wendell fez agora? - Maiara perguntou, vendo a irmã sorrir quando desbloqueou a tela do celular. Já conhecia a expressão de boba apaixonada que Maraisa ficava quando recebia uma mensagem de Wendell.

- Comprou dois marcacões do Corinthians pros bebês. - Maraisa lhe mostrou a foto que recebera de Wendell, mostrando os conjuntinhos.

As coisas estavam tão bem entre ela e Wendell que as vezes ela até chegava a duvidar que aquela fosse sua nova realidade. Claro, eles tinham conversado e decidido ir com calma, mas ainda assim ela nunca estivera tão feliz antes. Primeiro que por muito tempo achou que jamais eles estariam juntos novamente, segundo que não esperava que fossem reviver aquela relação com tanta naturalidade. Às vezes era quase como se eles nunca tivessem se separado antes, como se tivessem piscado e retomado tudo bem no auge de seus sentimentos um pelo outro.

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