25. Milagres De Natal

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Maraisa tinha separado há semanas o vestido vermelho que agora usava. Natal sempre fora uma de suas datas favoritas do ano. Era capaz de perceber a mudança no perfume das árvores e sentir a típica temperatura de início de verão. Havia sempre algo de mágico no Natal e naquele ano em específico ela ansiava ainda mais por tudo de bom que a data poderia lhe trazer.

Do seu quarto conseguia ouvir as vozes no andar de baixo. A casa estava cheia, seus parentes foram chegando aos poucos e agora pareciam ocupar a casa toda. Esse era mais um motivos que a fazia amar tanto o Natal, o fato de ter sua família ainda mais reunida.

Se olhou no espelho de seu quarto uma última vez. Tinha prendido os cumpridos cabelos pretos em um rabo e improvisado uma maquiagem simples. Porém não era o cabelo ou a maquiagem que chamavam sua atenção, mas sim o volume significativo que sua barriga de pouco mais de cinco meses fazia sob o vestido. Nos últimos dias, aquele lembrete físico e constante que seus bebês estavam saudáveis e crescendo, era o que estava lhe dando forças para continuar.

Quando saiu de seu quarto viu Maiara também saindo do dela. Não haviam combinado, mas sua gêmea também usava um vestido vermelho, porém o dela era colado ao corpo e repleto de tantos brilhos que provavelmente só poderia ser usado em uma ocasião como aquela. Maiara sorriu quando a viu.

— Você tá tão linda. — sua irmã se aproximou. — Sua barriguinha também. Será que já podemos considerar que é o primeiro Natal deles?

— Acho que eles não vão se lembrar muito desse Natal. — Maraisa brincou, enquanto Maiara colocava a mão sobre sua barriga. — Mas de qualquer jeito, acho que você já pode ir treinando a piada do pave. É sua obrigação como tia.

— Ah não, prefiro perguntar para eles como vai as namoradinhas, acho muito mais traumático. — Maiara riu, tirou a mão de sua barriga apenas para lhe segurar pelo pulso e a puxar. — Vamos. A César Filho falou que o Papai Noel já chegou!

Maraisa riu da empolgação infantil da irmã enquanto a seguia até o andar de baixo.

Era nítido que Maiara estava em um grau de felicidade radiante. Uma parte era sim por conta da comemoração do Natal, mas a maior parte de sua felicidade atendia pelo nome de Gustavo. Segundo Maiara, eles estavam "tendo algo sério", embora ainda não quisessem chamar aquilo de namoro. Estavam recomeçando e esse recomeço mais parecia um renascimento quando se tratava de Maiara.

Sua família comemorou quando as duas finalmente chegaram à sala.
Estavam todos animados e sorridentes. Sua mãe e sua tia tinha feito um excelente trabalho decorando a casa, não havia um único espaço sem algo que remetesse ao Natal. Em um canto da sala de estar, uma árvores de Natal de cinco metros tinha sido erguida e decorada. Sob a árvore, uma pilha de presentes aguardando o amigo secreto que eles haviam combinado de fazer.

Como seu irmão já tinha lhes avisado, o Papai Noel já estava presente. Parado próximo à árvore, com os priminhos delas o rodeando e acompanhado da Mamãe Noel, o Bom Velhinho dava sua característica gargalhada.

Não demorou para Maraisa perceber que a presença do Papai Noel seria uma distração apenas para as crianças. A verdadeira atração da festa era ela mesma. Ou na verdade, sua barriga. Todo mundo queria tocar sua  barriga, perguntar algo sobre os bebês ou dar sugestões de nomes. Para seu alívio, parecia haver um combinado entre eles uma vez que todos lhe falavam muitas coisas mas ninguém chegou a perguntar sobre o pai dos bebês. Maraisa tinha certeza que havia sido Maiara e sua mãe a determinarem aquilo.

— Francisco e Fabrício! — sua tia sugeriu os nomes, enquanto estavam sentadas na sala, assistindo seus priminhos fazerem pedidos ao Papai Noel.

— Fabrício não. — Maraisa lhe respondeu de imediato.

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