Não era um dia frio, mas aquilo não impedia suas mãos de ficarem frias ou que, de vez em quando, sentisse seu corpo tremer suavemente. Não era a temperatura, era o nervosismo, ela sabia muito bem, só não sabia como fazer aquilo parar.Estava sentada ao lado da irmã, no confortável sofá da sala de estar, enquanto toda a equipe se movimentava ao redor delas, envolvidos com os últimos preparativos daquela entrevista. Haviam escolhido fazer aquilo em casa. Segundo Wendell, era para que ela se sentisse mais segura, mas Silvia tinha lhe explicado a verdadeira lógica por trás da escolha. Queriam criar uma imagem íntima e familiar para o público, uma das inúmeras tentativas de suavizar qualquer que fosse a reação das pessoas àquela entrevista.
Lançou um olhar discreto para a tela do celular que sua irmã segurava. Maiara parecia alheia a tudo que acontecia no entorno delas, totalmente concentrada na mensagem que digitava. Maraisa podia ver o icon cinza na imagem do contato, sinal de que sua gêmea tinha sido excluída ou bloqueada. Não sabia dizer se o fato de a irmã estar, ainda assim, mandando uma mensagem era um ato de coragem ou de desespero.
Maiara tinha passado aquela semana se revezando entre as crises de choro, as tentativas de falar com Gustavo e os calmantes. Era um ciclo que a cada repetição deixava Maraisa mais preocupada. Era como se estivesse assistindo em câmera lenta uma catástrofe acontecer, uma que ela não sabia como evitar.
— Chá. — Wendell esticou uma xícara na sua direção e, quando ela aceitou, entregou uma para Maiara também.
Haviam concordo que ele não apareceria durante aquela entrevista. Wendell era parte da história que iriam contar, mas não era o foco principal e eles não queriam se expor mais do que o necessário.
Mas ainda que não fosse ativamente participar, Wendell estava envolvido em cada detalhe. Maraisa não poderia estar mais grata por ter ele ao seu lado, resolvendo todos os pequenos e grandes problemas para os quais ela não tinha condições de dar atenção.
— Ele tá atrasado. — a morena afirmou, rabugenta. A entrevista com Leo Dias tinha sido marcada para começar às 14h, mas já passava um pouco das 15h e não haviam tido nenhum sinal do colunista.
— A Silvia deu uma olhada, parece que o voo dele atrasou. — Wendell lhe falou com tranquilidade. — Ele já deve estar chegando.
E Wendell pareceu advinhar. Não se passou nem dez minutos até que a portaria do condomínio avisasse da chegada dos convidados. Mais cinco minutos depois e Maraisa sentiu um arrepio subir pela sua coluna ao ver Leo Dias entrando pela porta de sua casa.
Maiara, que antes estava distraída com seus próprios problemas, segurou sua mão e apertou com firmeza. Um pequeno sorriso encorajador surgiu no rosto da ruiva.
Maraisa suspirou e se levantou do sofá. Aquela entrevista começava muito antes de que qualquer câmera fosse ligada.
Tratar Leo como se fosse um amigo já era um tipo de fingimento com o qual estava habituada. Não gostava, mas sabia como fazer. O problema maior era encarar o olhar dele e ter a sensação de que ele já sabia de todos seus segredos, até os mais profundos. Era uma forma esquisita de vulnerabilidade. E de certa forma, ele já sabia de praticamente tudo. Ele não teria ido até ali sem saber de absolutamente nada, nem como abordaria aquela entrevista. Silvia tinha adiantado a ele boa parte do assunto, principalmente a parte mais delicada dele, a explicação do que ela quase havia feito seis meses atrás...
— E essa barriga? — Leo lhe disse, depois de a cumprimentar com um abraço. — E a Silvia ainda me disse que vocês vão voltar a fazer shows, como?
— São só mais alguns. A agenda já está fechada faz um tempo. — a morena explicou.
Logo sua equipe e a do colunista começaram a trabalhar no ajuste dos equipamentos enquanto Silvia, elas e Leo conversavam sobre os limites do que poderia ser falado. Aquela era a ideia principal, que pudesse fazer aquilo numa espécie de ambiente controlável. Leo ganharia seu tão desejado furo de notícia e ela poderia fazer aquilo com o máximo de segurança possível em uma situação como aquela.
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Complicações do Amor
FanfictionFoi um pequeno momento de fraqueza. Pelo menos era isso que ela afirmava para si mesma enquanto recolhia do chão suas roupas espalhadas por todos os cantos do quarto. Vestiu as peças em silêncio, não queria acordar Wendell. Ele dormia sossegado, as...