5. Noite Passional

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Fabrício estava no telefone, andando de um lado para o outro, Maraisa mal prestava atenção no que ele dizia. Estava amontoada no sofá, com a cabeça deitada no colo de sua irmã que lhe fazia um cafuné. Tinha tomado uma decisão ao sair correndo daquela sala repulsiva, naquele prédio desprezível. Iria ter aquele bebê. E iria enfrentar todos os problemas que viriam com aquela decisão.

- Eu já arrumei tudo. - anunciou Fabrício. Sentou ao lado delas e pegou sua mão. - Agendei uma consulta com o obstetra para amanhã, seria melhor se fosse hoje, mas você disse que está cansada.

- Obrigada. - ela sorriu, apertando a mão dele.

- Você não precisa agradecer, é meu filho também.

Ela lhe deu um sorriso artificial enquanto Maiara parecia estar muito interessada na cor branca das paredes.

Isso era apenas mais um de seus problemas. Já tinha cometido erros demais, queria fazer tudo certo a partir daquele momento e para isso precisava contar a verdade. Mas como contar a Fabrício? Como dizer que ele muito provavelmente não era o pai do bebê que ela estava esperando?

Uma vez até chegaram a brigar quando ele cismou que gostaria de ter filhos com ela. Agora ela entendia que ela queria sim filhos, mas não com ele. Ele não lhe inspirava aquela vontade. Ela conseguia ver a animação nos olhos dele por ter conseguido o que queria. Contar que ele não era o pai iria destroçá-lo.

- Eu também fiz uma coisa... - disse Maiara, parecendo com receio em dizer.

Maraisa se levantou de seu colo e a olhou desconfiada.

- Que coisa? - perguntou, franzindo as sobrancelhas.

- Eu agendei algumas sessões para você com meu terapeuta... - falou com delicadeza. Estava preocupada com a situação psicológica dela. Tinha visto o quão perturbada ela estava quando a encontrou naquele lugar horrível. - Você não vai ficar brava?

- Não, tudo bem... - sabia que iria precisar de muita terapia para enfrentar todos os problemas que vinham pela frente. E aquilo faria sua irmã relaxar um pouco. - Tudo bem se eu dormir agora? Estou exausta e comer só me deixou com mais sono.

- Claro, você precisa mesmo descansar. Eu vou deitar com você. - Fabrício se ofereceu.

- Não. Eu quero ficar um pouco sozinha.

Ela não esperou para ver se ele diria mais alguma coisa, apenas deu um beijo na testa de sua irmã e saiu da sala.

Foi para o quarto, se sentia sonolenta de verdade porém o que realmente mais precisava era ficar sozinha. Aquele dia tinha sido um turbilhão, desde tudo que aconteceu na clinica até encarar Fabrício e todas as mentiras que continuava a contar.

Deitada sobre a cama espaçosa com travesseiros macios, ela pensou em Wendell. Desde que ficou com Fabrício tinha uma estranha satisfação, estava feliz, o amava, tinha um relacionamento estável. No entanto, sentia falta de algo que Fabrício não podia mais lhe oferecer, não podia mais fazê-la sentir.

Paixão.

Paixão do tipo quente, que te faz cometer loucuras, que faz com que você não tenha escolha a não ser se entregar completamente.

O bebê que carregava podia ser fruto de um adultério, não de um casamento, como a igreja dizia que deveria ser, como seus pais e a sociedade desejariam. Mas era fruto inegável de uma noite de fragilidades, de paixão intensa.

༻Flashback༺

Pediu mais uma taça de vinho com um pequeno gesto para o barman. Estava sentindo que vivia demais as músicas que cantava, sentada no bar de um restaurante, bebendo para afogar as mágoas. O que não era bem a completa verdade, bebia para passar o tempo.

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