O barulho da música era alto, mas sua família conseguia conversar mais alto ainda. Aquilo sempre acontecia em qualquer festa em que ousassem reunir os Henrique e os Pereira.
Maraisa estava escondida em um canto. Havia entrado de fininho no escritório que ficava no andar de baixo da casa e se acomodado em uma poltrona. Não fazia nem meia-hora que tinha descido do seu quarto para a festa, mas já sentia que sua bateria social estava no fim. Se não fosse sua gêmea, ela definitivamente não teria participado de nada daquilo.
A verdade era que o dia estava sendo muito mais reflexivo do que comemorativo para ela. Estava completando 37 anos e só pensava que na mesma data, no ano anterior, jamais imaginaria que estaria onde e como estava naquele momento. Se um ano atrás alguém lhe dissesse que Wendell iria voltar para sua vida e que ela engravidaria dele, com certeza teria dado boas gargalhadas. Chegava ser assustador pensar em tudo pelo que passou no último ano, a quantidade de mudanças, dificuldades e aprendizado. Era como se naquele único ano tivesse vivido dez.
— E ano que vem vocês vão estar aqui fora com a mamãe. — acariciou a própria barriga, desejando intensamente que seus bebezinhos já estivessem ali para que ela os apertasse em seus braços.
Ouviu a porta se abrir e o barulho da festa invadiu o ambiente antes que a cabeça ruiva fosse colocada para dentro.
— Tá tudo bem? — Maiara lhe perguntou, olhando-a com atenção.
— Tá sim. Tô só descansando um pouco.
Maiara cruzou os braços e serrou os olhos.
— Não acredito que você está fugindo da sua própria festa de aniversário! — falou com indignação. Já estava acostumada a mentir para as visitas dizendo que Maraisa não estava em casa, quando na verdade a irmã ficava trancada no próprio quarto. Mas fugir até da própria festa de aniversário era demais para Maiara aceitar.
— Eu não estou fugindo. — Maraisa soou tão pouco convincente que nem ela mesma era capaz de acreditar naquilo.
— Você deve estar nervosa. Reparei que o Wendell ainda não chegou e...
— E?
— E ele deve estar enrolado com os últimos preparativos do pedido.
Maraisa rolou os olhos. Além da festa, aquele assunto era a segunda coisa mais incômoda do seu dia. Maiara simplesmente não sabia falar de outra coisa com ela e, ao contrário do que se podia imaginar, aquilo não a ajudava a ponderar sobre o assunto. A perspectiva de que Wendell realmente poderia lhe fazer um pedido de casamento naquela noite, na frente de toda sua família, vinha a fazendo experimentar todos os níveis de ansiedade possíveis.
Ouviram um repentino barulho mais alto de vozes e, entre risos e palavras dispersas, deu para perceber que alguém havia chegado e estava sendo recebido.
— Deve ser o Wendell... — Maiara deduziu.
Maraisa levantou tão rápido da poltrona onde estava sentada que parecia que o móvel tinha começado a pegar fogo. Maiara não teve reação a não ser rir de sua afobação repentina.
As duas deixaram o escritório juntas e caminharam apressadas para a sala, mas chegando lá foi Maiara quem abriu um enorme sorriso e correu para abraçar o recém chegado.
Gustavo mal conseguiu abraçar a amada de volta. A ruiva se jogou em seus braços, ignorando completamente os dois enormes buquês que o namorado trazia consigo. O primeiro, feito completamente com rosas vermelhas, ele entregou de maneira desajeitada para uma Maiara que àquele ponto já estava emotiva. O segundo, feito com Lírios e algumas flores de campo, ele caminhou e entregou para Maraisa.
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Complicações do Amor
Fiksi PenggemarFoi um pequeno momento de fraqueza. Pelo menos era isso que ela afirmava para si mesma enquanto recolhia do chão suas roupas espalhadas por todos os cantos do quarto. Vestiu as peças em silêncio, não queria acordar Wendell. Ele dormia sossegado, as...