- Alfred, peça para trazerem o meu carro, por favor!
- Mas Srta.Price, ta caindo um dilúvio lá fora... - Se põe ao meu lado, olhando pelos vitrais embaçados da porta de entrada, enquanto eu visto as luvas em minhas mãos. - Melhor esperar amanhecer...
- Eu não fico mais um único segundo nessa casa... - Ajeito os dedos com tanta raiva, que as luvas pareciam ter ficado menores desde que cheguei no início da noite. - Eu tentei ser legal, Alfred... - Rio, sarcastica - E sabe o que ele fez? Colocou as mãos dentro da minha calça, roubou comida do meu prato, me chamou de mimada e falou que a Price's Bell não é nada além de um lugar pra eu me divertir... - Finalmente subo meus olhos até os do senhor, que tem as suas sobrancelhas estranhamente franzidas para mim.
- Quem? Rafael?
Estalo a lingua e varro as mãos no ar.
- Que Rafael, o que... - Me aproximo, para sussurrar perto de seu ouvido - Aquele idiota lá... - Aponto para Sebastian, sentado no sofá e de costa para nós.
- Ele colocou a mão dentro da roupa da senhorita? - Noto a preocupação visível em seu rosto fazer suas rugas ficarem ainda mais marcadas.
- Não foi nada demais... - Nego com a cabeça, afagando seu ombro. - Obrigada, Alfred.
Tomo a liberdade de deixar um beijo em sua bochecha, que ele aceita, envergonhado.
Alfred servia a minha família a tantos anos que ele era parte dela, acho que de todos, era dele de quem eu mais sentia falta sempre que eu me ausentava de Hampton, depois do vovô Price, é claro! Quando eu nasci, ele já estava ali, e ali ele esteve por todos anos, a cada caminhada, a cada nova descoberta e também perdas. Mudavam as horas, os dias, as estações, meus dentes caíram, novos nasceram, eu me formei na escola, fui ao meu primeiro baile, dei o meu primeiro beijo, tive meu primeiro namorado e então perdi o meu primeiro amor... Alfred viu minha mãe dar a luz e também perder a vida. Os ciclos se concretizaram dia após dia, sem que ele tivesse se afastado por um único segundo. Alfred não saia da casa quando tirava suas férias, tão pouco nos feriados, ele dizia que éramos tudo o que tinha e isso era mais do que ele já imaginou ter um dia...
- Por que não vem pra Manhattan comigo? - Seguro suas mãos cansadas, entre as minhas - Ta na hora de parar, Alffie... Somos uma família, não somos? Então venha comigo, tem um quarto vazio na minha casa, você não é um empregado, nunca foi, merece uma família pra onde voltar quando se aposentar. Me deixe ser essa familia, Alffie!
Ele sorri, dando um tapinha nas costas das minhas mãos.
- Oh minha criança... Sabe que eu jamais poderia deixar o seu avô. Por mais que eu te ame como uma neta, eu ainda sou o mordomo desta casa e não estou pronto para deixar de ser. Mas agradeço a oferta, de todos os Prices, o seu coração sempre foi o mais bonito.
- Isso porquê eu também sou uma Hernandez. - Brinco, me referindo ao sobrenome de solteira da minha mãe, embora nos EUA os filhos só fizessem uso do nome de um dos pais.
Tomo a liberdade de abraça-lo, seu corpo estava magro, cansado, parecia ter perdido volume e também tamanho, cada vez que nos víamos, ele parecia menor. Temia o dia que já não o encontraria mais de pé.
- Paris... - Passa suas mãos trêmulas em meu cabelo - Por que você não volta pra casa, minha filha?
"- O que ta fazendo aqui? - Aperto a toalha de banho contra o corpo, ao cruzar a porta do banheiro e encontrar o Rafe em minha cama, deitado com os sapatos sobre o lençol, enquanto zapeia os canais de TV. - Como você entrou?
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Paris Price - "Missão St. Antonio" [ Sebastian Stan ]
FanficParis Price é herdeira da maior agência de ceremonial de Nova York, responsável por organizar casamentos dos famosos em todo o mundo. Para ela, amor é apenas negócio, e se vê obrigada a realizar o pior casamento da sua vida, mas também o melhor de s...