Capitulo 14 - Desculpas

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A noite já caia quando eu voltei para casa depois de uma tarde no shopping, uma nova tempestade de inverno se aproximava, eu esperava muito que tão logo nevasse em Nova York, embora fizesse anos que eu não presenciava tal fenômeno, já entrariamos na primavera e eu duvidava muito que algum floco de gelo viesse se formar bem na reta final...

Eu observava a chuva escorrer pelo vidro que cobria a parede da sala, usando uma camisola de seda branca com o busto rendado, quando o interfone zoou na cozinha, me tirando dos pensamentos sobre tudo o que havia acontecido em Hampton no dia anterior. Caminho com os pés protegidos por uma meia, embora o aquecedor estivesse ligado eu podia facilmente sentir meus dedos gelarem no inverno.

- Oi?

- Boa noite, Srta.Price, tem visita para a senhora aqui na portaria, disse que se chama Sebastian.

- Sebastian? - Franzo minhas sobrancelhas. - Não to esperando ninguém. Pergunta o sobrenome por favor!

- Ele disse que é o noivo da Alejandra.

- Ahh... - Relaxo meus ombros, que haviam se tensionado. Como eu pude me esquecer dele? Era a pessoa mais irritante que eu já havia conhecido na vida. Acho que os acontecimentos dos últimos dias tornaram meu ódio por ele pouco importante para eu me ocupar com isso, mas agora, ouvindo seu nome, pensando em seu rosto e na forma que havia me tratado, eu conseguia me lembrar perfeitamente da sensação de odia-lo. - Fala que eu sai, que eu viajei pra Narnia ou sei lá...fala que eu morri, que eu morri em Narnia!

- Ela morreu em Narnia, sinto muito. - O porteiro fala, segurando o riso. Pelo fundo do telefone, posso ouvir a risada de Sebastian, quase como se já esperasse algo do tipo.

- Fala que é importante, se for preciso eu entro no guarda-roupa e ressuscito ela com um beijo, no melhor estilo bela adormecida. - Ouço-o suplicar, o que me faz rir.

Estupido!

- Deixa ele subir! - Disparo, antes que o coitado do porteiro tivesse que repetir aquela palhaçada.

(...)

Ainda na cozinha, meus olhos alcançam o microondas espelhado, me certificando de que eu estava horrível demais para receber visitas. Solto o cabelo que tava preso por uma fivela e dou tapinhas em minhas bochechas, na tentativa de parecer mais corada. Penso em pegar um pouco de perfume, mas a campainha toca bem na hora, e depois não para nunca mais... Eu não queria parecer estar sofrendo, então, pego a garrafa de vinho, aberta na geladeira, e corro até a porta, dando uma golada, era melhor fingir que estava bebada do que mostrar como eu era uma coitada.

Respiro fundo e passo a mão livre pela minha camisola, antes de abrir a porta. Eu não sabia porquê estava tão nervosa em reencontrar aquele caipira, fazia menos de 3 dias que eu não o via, mas parecia uma eternidade, eu ja nem me lembrava dele...

Quando a fina camada de madeira que nos cobria é, finalmente, aberta, encontro-o do outro lado, com as mãos apoiada na campainha, exatamente como fiz em sua casa, e o rosto para o chão. Ele usava uma calça jeans velha e uma jaqueta de couro mostarda, o cheiro do couro disfarçava o seu perfume cítrico horroroso, suas roupas estavam molhadas pela chuva, assim como seu rosto, que escorria água em meu capacho. Quando me vê, sobe seus olhos com demasiada lentidão, parando no meu busto por mais tempo que o socialmente aceito. Seus lábios se separam para a passagem do ar e seus olhos piscam algumas vezes, entrando em um estranho estado de transe. Franzo minha sobrancelha com estranheza, na tentativa de decifrar os seus olhares indiscretos. Só então, percebo o que estava acontecendo ali, minha camisola era transparente. Cruzo as mãos na frente do corpo, desconfortável com sua indiscrição.

- O que você ta fazendo aqui? - Pergunto, atraindo seus olhos para minha boca.

- Eh... - Volta a piscar excessivamente - Eu... eu estive lá na Price's... - Aponta para o elevador. - ...hoje cedo...

Paris Price - "Missão St. Antonio" [ Sebastian Stan ]Onde histórias criam vida. Descubra agora