Capitulo 50 - A ruína dos Price's

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(...)

- Então, senhorita... - O delegado diz, enquanto sinaliza para que eu me sente à frente da mesa do escritório. -...diga seu nome completo e sua idade!

- Paris Rose Price - Respondo, tediosa, enquanto me sento. - 24 anos.

- A senhorita aceita, por livre e espontânea vontade, participar desse interrogatório, sem a presença dos seus advogados?

Passo os olhos pela escrivã sentada à minha frente, redigindo tudo o que era falado.

- Já disse que aceito.

- A senhorita está ciente de que pode exercer seu direito ao silêncio e que ele, em hipótese alguma, poderá ser interpretado como confissão ou presunção de verdade dos fatos narrados no inquérito?

- Aham... - Reviro os olhos - Podemos ir direto ao ponto?

- Por último. - Me lança um olhar reprovador, enquanto ignora meu comentário. - A senhorita se compromete a contribuir com as investigações, não falando nada além da verdade?

- Sim! Podemos começar? Quero chegar em Nova York antes de anoitecer...

- Senhorita Price, a senhorita trabalha na agência Price's Bell, fundada pelo Joseph Price e administrada por Charles Price, sim ou não?

- Trabalhei.

- TrabaLHOU? - Suas sobrancelhas se franzem, enfatizando o passado do verbo. - Não trabalha mais?

- Não, meu pai me demitiu, para que o enteado dele assumisse a agência. - Respondo, fingindo que tudo aquilo não me ardia as entranhas.

- Mas a senhorita é herdeira...

- Bom, como os senhores bem sabem, não existe herança de pessoa viva. - Forço um sorriso fraco - Minha mãe cuidava da agência e eu assumi a direção depois da sua morte. Até o momento que meu pai achou conveniente me afastar e entregar nas mãos do Rafael Daviss.

- Por que? - Pergunta, curioso, franzindo suas sobrancelhas e cerrando seus olhos.

- Porque ele não me achava o suficiente. - Pigarreio - O senhor lê revistas? A Forbes me colocou em uma lista de "personalidades em decadência". - Rio, ainda desacreditada.

- E enquanto esteve na agência, notou alguma movimentação financeira estranha?

- O que o senhor entende por "estranhas"? Digamos que eu não sou muito boa com números, então, tudo pra mim é estranho. - Franzo meu nariz - Tudo que eu sei é contar os zeros depois do 1, na minha conta, e decorar a combinação da senha do meu o cartão de crédito.

Inesperadamente ele ri, antes de retomar a postura.

- Não me admira ter sido demitida...

- Olha... - Corrijo a postura, ofendida. - Senhor Fulano, a vida não se resume a números, eu era diretora criativa, quem cuidava do financeiro sempre foi o meu pai...- Reviro os olhos - ...antes do idiota do Rafael assumir e deixar até os funcionários sem pagamento. - Toco em meu próprio peito - Meu pai nunca me quis como CEO mas colocou uma mula que não sabe nem fazer conta nos dedos e possui zero personalidade. Ele demitiu a melhor confeiteira dos Estados Unidos...

- Senhorita?! - Ele pede silêncio com as mãos - Vamos nos atentar as perguntas e respondê-las objetivamente para não nos dispersarmos. - Volto a relaxar o corpo contra a poltrona. - Então seu pai cuidava do financeiro, até Rafael assumir a direção geral? - Assinto - E sabe quando isso aconteceu?

- Eu poderia saber, primeiro, exatamente do que a minha família ta sendo acusada?

O delegado e a escrivã trocam olhares. O homem limpa sua garganta com um pigarro, pensando se deveria me dizer ou tentar me arrancar alguma confissão ainda no escuro. Mas, pelas leis desse país, ele precisava me dizer e me dar o direito ao contraditório.

Paris Price - "Missão St. Antonio" [ Sebastian Stan ]Onde histórias criam vida. Descubra agora