10. 1992.

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                          Maxine não conseguia dormir

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Maxine não conseguia dormir. A expectativa pela chegada de Violet a mantinha em alerta, mesmo sabendo que a garota cumpriria a promessa de voltar antes do amanhecer. A escuridão do quarto parecia engolir a garota, e a leve brisa que entrava pela janela agitava as cortinas, fazendo sombras dançarem nas paredes.

Enquanto girava na cadeira, um pedaço de papel rastejou rapidamente por baixo da porta, chamando sua atenção.

"Venha até o porão."
— Tate.

Maxine sorriu com o atrevimento do mais novo e, decidida, saiu do quarto, notando o silêncio absoluto que envolvia a casa. Os corredores estavam desprovidos de vida, e ela sentia uma estranha sensação de que as paredes a observavam, como se guardassem segredos obscuros.

Desceu as escadas que levavam ao porão, a madeira rangendo sob seus pés a cada passo, como se protestasse contra sua descida na escuridão. A atmosfera ali era densa, quase palpável, e a luz fraca filtrada por uma pequena janela criava um jogo de sombras que parecia aumentar sua ansiedade.

—— Tate? —— Maxine chamou em voz baixa, temendo acordar Vivian e Ben. Tentava fazer o mínimo de barulho possível enquanto examinava os cantos mais iluminados do porão em busca do garoto, mas ele permanecia invisível.

De repente, uma mão a puxou para o chão, prendendo seus braços e a impedindo de se debater. O pânico tomou conta dela ao perceber uma figura alta vestida de preto, que cobria até seu rosto. Maxine lutou, tentando se soltar, mas a força do corpo masculino sobre ela a imobilizava.

Quando a figura finalmente removeu a máscara, a risada abafada de Tate ecoou pelo ambiente.

—— Você é um idiota! —— Max exclamou, batendo levemente no braço dele, desejando que ele se afastasse.

—— Te assustei, não é? —— Tate provocou, seu sorriso malicioso revelando uma diversão que só aumentava sua frustração.

—— Vai precisar de mais do que isso para me assustar. —— Max respondeu, tentando se levantar, mas ele a impediu novamente. —— Aonde conseguiu essa roupa? Pensei que tivessem jogado fora.

—— Achado não é roubado. —— Tate se defendeu, a confiança em sua voz inegável.

Ele prendeu os braços de Maxine sob o chão, aproximando-se tanto que seus rostos quase se tocaram, criando uma tensão palpável. Com um gesto ousado, Tate pressionou os lábios frios contra a bochecha quente da garota, um toque que fez seu coração disparar. Para ele, seu rosto era tão suave quanto as nuvens; embora nunca tivesse tocado uma, sabia que não se comparavam à maciez da pele dela.

Ele beijou com intensidade, como se quisesse absorver cada parte dela. No entanto, em seu íntimo, uma parte dele lutava contra a ideia de que seu amor poderia ser expresso apenas através da violência. Ele queria devorar ela.

Quando seus lábios se afastaram, Maxine olhou para Tate com um misto de surpresa e desejo, o olhar dele a implorando por mais.

Os braços dele ainda se apoiavam nos dela, que estavam presos sob o peso do corpo dele, quase afundando no cimento frio do chão.

—— Não te assustei mesmo? —— Tate perguntou, o sussurro quente envolvendo o rosto de Maxine.

—— Já disse que não. Vai precisar de mais do que isso. —— Max respondeu, mantendo a firmeza na voz.

—— Assustei, sim. —— Tate insistiu, sorrindo com um brilho travesso nos olhos.

Ele se levantou, estendendo a mão para ajudar Maxine a se erguer. Ela hesitou por um instante antes de aceitar seu auxílio, e logo se viu diante de uma mesa repleta de velas e um tabuleiro Ouija.

—— Charles vai responder às perguntas. —— Tate explicou, arrumando o tabuleiro com cuidado. —— Ele viveu aqui.

—— Charles vai me dizer o que aconteceu com aqueles que invadiram a casa? —— Max perguntou, sentando-se no chão, o medo começando a borbulhar em seu interior. —— O que fez com eles, Tate?

—— Eu não fiz nada! —— Tate se defendeu rapidamente. —— Mas tive ajuda.

—— Dos fantasmas da casa, é? —— Max brincou, apesar da inquietação que se instalava em seu peito. Nunca acreditou em fantasmas; eram apenas histórias para ela.

—— Não acredita neles? —— Tate questionou, a seriedade em seu olhar fazendo Max hesitar.

—— Não, são apenas histórias. —— Max respondeu, mas sua voz soou mais incerta do que gostaria.

—— Mas acredita em assassinos? Serial Killers? —— Tate continuou, um ar de provocação na voz.

—— Claro, estão por toda parte. —— Max sussurrou, a atmosfera pesada ao seu redor alimentando suas ansiedades.

—— Os fantasmas também. —— Tate defendeu, sua expressão firme. —— A diferença é que eles sabem se esconder.

Um proeminente "cirurgião das estrelas", Charles construiu a famosa casa em 1922 para sua esposa, Nora Montgomery. Embora bastante bem-sucedido no início, era evidente que ele começou a perder negócios.

A esposa de Charles, Nora, ficou frustrada com a incapacidade do marido de pagar as contas e por estar menos focado no trabalho, então resolveu o assunto com suas próprias mãos. Nora idealizou um plano: Charles deveria organizar abortos ilegais no porão da casa, atraindo mulheres jovens para o procedimento.

Com o tempo, o plano de Nora desmoronou, pois uma paciente "não conseguiu manter a boca fechada" e revelou ao namorado o que aconteceu. Buscando vingança, o namorado sequestrou o filho de Montgomery, Thaddeus, e o desmembrou. Os restos mortais foram posteriormente levados a Charles pela polícia em uma caixa de provas.

Totalmente consumido pela loucura, Charles usou suas habilidades de cirurgião em um ato de desespero; ele tentou costurar seu filho novamente.

Charles teve sucesso em trazer Thaddeus de volta à vida, alegando que usou o coração de "uma de suas meninas". A criação de Charles era uma criatura grotesca e demoníaca, um eco de sua dor e desespero.

Atormentada pelo que seu filho havia se tornado, Nora atirou na cabeça de Charles e, em seguida, virou a arma contra si mesma.

—— Meu Deus! —— Max exclamou, totalmente em choque. —— Que livro é esse? Eu quero ler!

—— Não é um livro, Max! —— Tate se apressou a defender novamente, sua frustração evidente.

—— Esquece, eu preciso voltar pra cama. —— Max completou, levantando-se do chão. —— Aliás, estou cansada desse porão imundo.

Ela andou lentamente em direção às escadas, notando Tate ainda sentado ao lado do tabuleiro e das velas, perdido em seus pensamentos.

—— Por que não podemos sair de verdade? Um encontro de verdade. —— Max perguntou, a timidez crescendo dentro dela, esperando que Tate desse uma resposta que fizesse seu coração acelerar ainda mais.

—— Claro! —— Tate respondeu animado, levantando-se e caminhando na direção dela. —— Amanhã à noite, nós vamos em um encontro.

Max sorriu, um calor subindo pelo rosto enquanto ouviam passos que provavelmente eram de Violet, que finalmente havia chegado. Juntos, caminharam lentamente para fora do porão em direção à porta da cozinha.

Quando Max se virou para verificar se alguém os seguia, Tate já havia desaparecido, como uma sombra na escuridão. Ela suspirou, concordando com a sensação agridoce de que algo estava mudando entre eles, e subiu as escadas de volta para casa, o coração batendo acelerado por causa do que ainda estava por vir.

 ﹙✓﹚ ultraviolence, tate langon. Onde histórias criam vida. Descubra agora