Vivian hesitou na porta do quarto de Violet, sentindo a tensão no ar. A luz suave do abajur iluminava o espaço, e o olhar distante de Violet fixava-se em um ponto qualquer da parede, como se ela estivesse perdendo a batalha contra a escuridão que a envolvia. Vivian tomou coragem e entrou no quarto, fechando a porta atrás de si.
—— Oi, querida —— começou Vivian, sua voz soando um pouco hesitante. —— Quero conversar sobre a casa... O comprador está realmente interessado, e se tudo der certo, vamos nos mudar para a casa da tia Jo, eu e você.
Violet virou a cabeça lentamente, um leve sinal de interesse se manifestando em seus olhos. —— E o que vai acontecer com o papai e a Max?
Vivian respirou fundo, tentando se manter firme. —— O ben vai continuar na casa, já que ele ainda precisa atender os pacientes dele. Você sabe como é importante para ele.
—— Não é justo! —— Violet exclamou, a frustração evidente em sua voz. —— Max não pode ficar sozinha aqui.
Vivian hesitou, os olhos de Violet brilhando com uma intensidade que a fazia se sentir culpada. —— Eu sei, mas... Max deveria ficar com o pai dela. É o melhor para todas nós.
—— Então, você está apenas jogando ela para fora, como se não importasse? —— A raiva de Violet transparecia, e Vivian sentiu o peso das palavras.
—— Não é isso, Violet. É só complicado. Nós precisamos de um novo começo. Você precisa de um lugar seguro, e Max... bem, ela também precisa de alguém que possa cuidar dela —— Vivian explicou, a tristeza na voz se misturando à sua determinação.
Violet virou-se novamente para a parede, lutando contra a frustração. A conversa a deixou mais confusa do que antes, a dor da separação estava se aproximando, e as cicatrizes dessa mudança seriam profundas.
(...)
Max desceu as escadas do porão, cada passo ressoando em sua mente como um eco de sua angústia. Ela estava atormentada, sempre à procura de um lugar para se esconder de Tate, embora soubesse que isso era impossível. Ele sempre estava por perto.
Enquanto vagava pelas sombras do porão, um som suave e triste começou a penetrar o silêncio opressivo: era um choro. O som era de uma mulher, e parecia vir de algum lugar nas profundezas daquele espaço. Max hesitou, seu coração disparando. Ela sabia que poderia ser um fantasma, mas a curiosidade e uma estranha empatia a puxaram na direção do som.
Quando se aproximou, viu uma mulher de pé, vestida com roupas de época que pareciam desbotadas pelo tempo. O tecido estava desfiado, e seu olhar estava perdido em um desespero palpável.
—— Está tudo bem? Você precisa de ajuda? —— Max se adiantou, sua voz tremendo ao se deparar com a figura tão dolorosamente humana e ao mesmo tempo tão distante.
A mulher virou-se lentamente, seus olhos cheios de uma tristeza profunda, como se estivesse presa em uma dor que nunca desapareceria. —— Meu bebê... Eu não sei onde ele está —— ela soluçou, a dor transparecendo em cada palavra.
Max sentiu um nó se formar em seu estômago. A realidade de que estava falando com uma alma perdida a atingiu com força. Ela estava começando a aceitar aquele maldito dom que a fazia ver coisas que nunca quis, e ao mesmo tempo, sentia que estava enlouquecendo. —— Sinto muito. Eu não sei como te ajudar —— Max disse, a impotência crescendo dentro dela.
A mulher se aproximou, seus olhos implorando por compreensão. —— Você pode sentir? Sabe o que é perder alguém?
Max sentiu um aperto no peito ao ouvir a pergunta. Era como se a mulher estivesse arrancando uma ferida que nunca havia cicatrizado. —— Sim, eu perdi a minha mãe —— Max respondeu, a voz trêmula.
A mulher a encarou com uma empatia profunda, como se entendesse exatamente o que Max estava sentindo. —— Eu perdi meu bebê, —— ela disse, a tristeza em seu olhar se intensificando.
Max sentiu uma onda de compaixão e tristeza se misturando dentro dela. Com um gesto delicado, a mulher começou a acariciar o rosto de Max, como se estivesse tentando confortá-la da mesma forma que desejava ser confortada.
Max fechou os olhos por um momento, absorvendo o toque suave e inesperado.
(...)
Ben desceu as escadas, seu coração um pouco apertado, e chamou por Max. —— Max! Com quem você está conversando? —— A resposta foi um silêncio inquietante. Quando ele chegou ao fundo das escadas, sentiu a presença que acabara de ver desaparecer, como se tivesse sido engolida pela sombra do porão.
Mas subiu as escadas indo até o consultório do pai. Ela olhou para ele com os olhos cansados, ele se sentou em frente a ela, cruzando as pernas e tentando adotar um tom de voz que transmitisse preocupação, mas não pânico. —— Max, o que está acontecendo? Você cancelou sua matrícula na faculdade, e mal sai do quarto. Precisa me contar o que está passando com você.
Max revirou os olhos, frustrada. —— Você realmente deveria se preocupar com outras coisas, Ben ——!ela respondeu, a voz tensa. —— Como sua esposa, que está ficando louca, e sua filha mais nova, que parece que a qualquer momento vai se matar.
Ben se recuou um pouco, surpreso com a dureza nas palavras dela. —— Max, eu sei que as coisas estão difíceis. Mas precisamos falar sobre você. Estou preocupado.
—— Preocupado? —— Max riu sarcasticamente, mas era um riso vazio, sem alegria. —— Você e sua família estão vivendo uma tempestade, e você quer que eu seja a boa menina que está apenas tendo um 'momento difícil'? Eu sou a única que percebe o que está acontecendo aqui!
Ben queria entender, queria ajudar, mas a verdade era que ele estava tão preso em seus próprios problemas e na turbulência de sua família que mal conseguia ver além disso.
Max se levantou abruptamente da cadeira, a frustração pulsando em seu corpo como um veneno. Ela se virou para Ben, seus olhos cheios de um misto de dor e raiva. —— Sabe —— ela começou, a voz tremendo com a intensidade de suas emoções. —— Eu realmente não consigo entender o que minha mãe viu em você.
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﹙✓﹚ ultraviolence, tate langon.
Fanfiction🪦 | Maxine Harmon era filha de um relacionamento conturbado que havia sido levado ao fim ainda na adolescente, mas após algumas tragédias familiares, Max se viu presa ao pai biológico em uma nova vida. Agora se mudando junto do pai, madrasta e meia...