O silêncio na sala ficou pesado, sufocante. Quando o choro do recém-nascido cessou por um momento, todos os olhares se voltaram para Vivian, deitada, exausta e imóvel. O que ninguém esperava, porém, foi o anúncio brutal de Charles.—— Ela está morta —— A voz firme e fria do cirurgião ecoou na sala, arrancando qualquer vestígio de esperança que ainda restava.
Max, que estava na porta, sentiu seu coração parar por um segundo. O choque foi como uma onda fria que a envolveu por inteiro. Ela mal conseguia processar a sequência de eventos. A morte de Vivian, o bebê sobrevivente, o corpo imóvel sobre o sofá. Tudo parecia distante, como se ela estivesse assistindo de fora, sem poder interferir.
Constance, com a expressão calculada e austera, pegou o bebê recém-nascido nos braços, embalando-o com um cuidado quase sinistro. Ela olhou para Max com um brilho perturbador nos olhos, como se estivesse reafirmando seu poder naquela casa, agora com o bebê nos braços. O ar estava pesado com a tragédia, e o silêncio era cortante.
Max não conseguia se mover, presa ao chão, enquanto sua mente ainda tentava lidar com as palavras de Chad minutos antes. Tudo parecia desmoronar ao redor dela, sem que ela pudesse fazer nada.
E então, algo mais doloroso e íntimo aconteceu. Max viu Violet entrar na sala, ao lado de Ben. Os dois pareciam devastados, ainda sem acreditar no que havia acontecido. Violet, com lágrimas nos olhos, correu para abraçar Ben, que estava em estado de choque. Max observou a cena, sentindo uma pontada de solidão profunda — enquanto todos estavam unidos em sua dor, ela estava condenada à distância, isolada pela verdade cruel de sua própria morte, presa ali, naquele lugar.
Constance segurava o bebê com firmeza, como se ele fosse seu direito, seu troféu, enquanto o caos e o luto se desenrolavam ao redor. Max olhou de relance, maldito, o bebê lembrava Tate.
Max observou com um nó na garganta enquanto Vivian, pálida e silenciosa, subia as escadas. Era uma visão fantasmagórica, algo que ela ainda não estava completamente preparada para encarar. Quando os olhos das duas se encontraram, Max tentou disfarçar a dor e a culpa que sentia, mas as palavras escaparam de seus lábios antes que pudesse segurá-las.
—— Parabéns pelos bebês —— disse Max, sua voz baixa, quase um sussurro. Ela queria dizer mais, expressar algo que talvez pudesse confortar Vivian naquele momento, mas não havia mais palavras para o que acabara de acontecer.
Vivian, com uma expressão de profunda tristeza, apenas assentiu, como se as palavras de Max fossem algo distante, quase irrelevante diante de sua própria realidade.
(...)
Max entrou no quarto, o peso do que acabara de testemunhar apertando seu peito. Tate estava deitado na cama, visivelmente assustado, seus olhos buscando os dela como se implorassem por algum tipo de salvação que ele sabia que talvez não merecesse. Ela se aproximou devagar, com um misto de raiva e tristeza, e parou ao lado da cama.
—— Vivian morreu —— Max disse com frieza, a dor impregnada em cada sílaba.
Tate suspirou, seus olhos se enchendo de lágrimas. —— Eu sinto muito —— ele respondeu, a voz trêmula de emoção contida.
Max, no entanto, não podia mais conter sua fúria. —— Como você morreu, Tate? Como isso aconteceu?
Ele evitou o olhar dela por um momento, engolindo em seco. —— A polícia... atirou em mim, no quarto da Violet.
Ela cruzou os braços, a raiva borbulhando em sua garganta. —— Por quê?
Tate ficou em silêncio, o ar no quarto se tornando quase insuportavelmente pesado. —— Eu... eu não sei.
Era a gota d'água. Max explodiu. —— Mentiroso! —— gritou, seus olhos faiscando de frustração. —— Você matou pessoas, Tate!
Tate se encolheu, as lágrimas agora escorrendo livremente pelo seu rosto. —— Eu não sei! Por que eu faria isso?
Max balançou a cabeça, a dor e a confusão se misturando. —— Eu não sei, por que você estuprou a Vivian hein?
Tate soluçou, as palavras escapando entre os choros. ——Eu sinto muito... Eu não queria...
Ela respirou fundo, sentindo-se dilacerada por dentro. —— Eu te perdoei por me matar, Tate. Eu perdoei. Mas isso... —— Ela balançou a cabeça novamente, incapaz de suportar o peso do que ele havia feito. —— Eu não posso mais ficar com você. Eu simplesmente... não posso.
Tate, ajoelhado agora, parecia desmoronar. —— Por favor, Max... Eu te amo...
Mas Max já havia tomado sua decisão. Max ficou parada no meio do quarto, seu corpo tenso e as emoções à flor da pele. O silêncio entre ela e Tate era pesado, quase palpável. Ela respirou fundo, sentindo as lágrimas ameaçarem cair, mas segurou firme.
—— Tate... você é a escuridão desta casa —— ela disse, a voz carregada de uma mistura de dor e convicção.
Tate balançou a cabeça, seus olhos implorando por redenção. —— Não, Max. Você é a minha luz. Você me mudou. Por você, eu sou diferente... Eu sou melhor.
Max olhou para ele, o amor ainda evidente em seu olhar, mas também o peso da realidade. —— Eu acredito nisso, Tate. Eu acredito. Eu te amo, mas... eu não posso mais ficar.
A expressão de Tate se desfez, o desespero tomando conta dele. Ele se aproximou, quase suplicando. —— Não faz isso, Max. Por favor, não. Você é tudo que eu tenho. Tudo que eu fiz... foi para ficarmos juntos.
Ela balançou a cabeça, lutando para segurar as lágrimas que agora escorriam. —— Vai embora, Tate. Por favor, vai...
Ele se ajoelhou diante dela, as mãos trêmulas, implorando. —— Por favor, Max, não faz isso. Eu não tenho mais nada além de você. Eu te amo, eu preciso de você...
Ela fechou os olhos, a dor em seu peito quase insuportável. —— Vai embora, Tate —— ela repetiu, a voz firme, mesmo enquanto seu coração se partia.
Por um momento, tudo ficou em silêncio, como se o tempo tivesse parado. E então, quando ela abriu os olhos, Tate não estava mais lá.
Max chorava em silêncio, as lágrimas caindo sem controle. Enquanto seu coração se partia pela decisão de afastar Tate, ela ouviu um movimento suave atrás de si. Ao virar-se, viu Nora Montgomery sentada em sua cama, com o bebê morto de Vivian nos braços.
Nora, com um olhar sereno e perturbador ao mesmo tempo, segurava o bebê com cuidado, embalando-o como se ele estivesse vivo. —— Por que você chora, minha querida? —— perguntou Nora, sua voz calma, mas carregada de um sentimento possessivo.
Max não conseguia responder, suas emoções tão confusas que as palavras simplesmente não saíam. Lentamente, ela se aproximou da cama, sentando-se ao lado de Nora, olhando para o bebê sem saber o que pensar ou sentir.
Nora olhou para Max, com uma expressão maternal e distante, e sorriu levemente. —— Ele é meu —— ela disse, os dedos pálidos acariciando o rostinho sem vida da criança. —— E agora, você também é. Você e ele... são meus, meus bebês.
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﹙✓﹚ ultraviolence, tate langon.
Fanfiction🪦 | Maxine Harmon era filha de um relacionamento conturbado que havia sido levado ao fim ainda na adolescente, mas após algumas tragédias familiares, Max se viu presa ao pai biológico em uma nova vida. Agora se mudando junto do pai, madrasta e meia...