Quando chegaram na residência Harmon, a casa, envolta em um ar pesado e silencioso, parecia absorver toda a tensão da noite anterior. Max se sentou na própria cama, os pensamentos turbilhonando em sua mente enquanto observava Tate, que se acomodou em uma cadeira em frente a ela, seu corpo tenso e inquieto. O garoto olhava para os lados, a preocupação refletida em seu rosto iluminado apenas pela luz fraca da luminária no canto do quarto.—— Tate, quem eram aqueles? —— Max perguntou, o nó na garganta quase a sufocando.
—— Eu não sei. —— A resposta dele saiu como um sussurro, quase perdido entre os ecos das vozes que ainda ecoavam em sua mente.
—— Vai agir como se nada tivesse acontecido? Pode me contar! —— Maxine insistiu, levantando-se da cama, seu olhar fixo no garoto.
—— Mas eu não conheço eles! —— Tate rebateu, a voz tensa.
—— Então por que eles te odeiam? —— A incredulidade na pergunta de Max aumentava a tensão no ar.
Tate permaneceu em silêncio, uma tempestade de emoções passando por seu olhar. Ele se levantou, inquieto, e foi para o outro canto do quarto, como se seu segredo mais obscuro pudesse ser revelado a qualquer momento.
—— São uns imbecis do colégio, você sabe, garotos populares que são cruéis com os mais fracos. —— A voz dele estava baixa, a cabeça pendendo. —— Achei que você entendesse isso.
—— Eu entendo. —— Maxine se aproximou, a preocupação preenchendo o espaço entre eles. —— Mas aquilo me pareceu mais do que só provocação.
Nesse instante, antes que suas mãos pudessem se tocar novamente, um barulho vindo do lado de fora os alertou. Maxine foi até a janela e avistou o mesmo grupo de garotos que, sem cerimônia, invadiam o jardim da casa.
—— Eles nos seguiram? Nossa, eu vou chamar a polícia! —— Maxine exclamou, incrédula diante da provocação.
—— Não, isso não vai adiantar. —— Tate impediu, balançando a cabeça.
—— Tudo bem, eu sei como lidar com adolescentes. —— Maxine puxou um canivete debaixo de algumas roupas na gaveta e, com determinação, saiu do quarto.
Ela desceu as escadas em silêncio, observando a casa em um estado caótico sob uma nova perspectiva. No jardim, os cinco adolescentes fantasiados formavam uma visão ameaçadora.
—— Ótimo, ele manda a namorada resolver. —— Um dos garotos comentou, sarcasmo em cada palavra.
—— O que vai fazer com essa faquinha? —— Perguntou outra garota, com um visual gótico, seus olhos reluzindo com malícia.
—— Invasão de propriedade privada é crime, eu tenho o direito de chamar a polícia! —— Maxine ameaçou, a voz firme.
—— Pode chamar, mas não vamos ser os únicos presos aqui. —— Uma terceira garota, empoleirada em cima do carro, comentou com um sorriso cínico.
—— Do que estão falando? —— Maxine exigiu, sua paciência se esgotando.
—— Nossa, você é extremamente perturbada! —— A gótica cuspiu as palavras, repleta de desprezo.
—— Só saiam daqui, ok? —— Maxine pediu, exausta. —— E vão pra casa.
—— Casa? Depois do que aconteceu, meus pais se separaram e venderam a casa! Eu não tenho uma casa! —— A garota no carro desceu, confrontando Maxine com raiva.
—— Divórcios são uma merda, mas não posso te ajudar nisso. —— Maxine rebateu, sua voz crescendo em intensidade.
—— Pode me ajudar com isso? — — Um dos garotos com camisa do time de futebol empurrou Maxine, apontando para a própria cabeça. ——Pode devolver minha bolsa de estudos na Geórgia?
—— Ela não se importa! Ela é do tipo de garota que não liga para o sofrimento alheio! —— A garota gritou, aproximando-se ainda mais.
—— O que ele fez pra vocês!? —— Maxine gritou, a frustração transbordando, incapaz de entender a hostilidade daquele grupo.
—— Ela não sabe? —— Um dos garotos riu, o sarcasmo cortante.
—— Como você não ouviu falar do colégio Westfield? —— O garoto perguntou, a incredulidade clara em sua voz.
—— Eu acabei de me mudar. —— Max respondeu, como se fosse óbvio.
—— Pegue um livro do ano, ou leia um jornal. Nós somos meio que famosos. —— O garoto completou, o tom desdenhoso.
A raiva e a confusão de Tate explodiram, parecendo mais real do que nunca diante da revelação de que aquele grupo de jovens estava ali apenas para se vingar.
—— Querem me pegar? Tentem me alcançar! —— Tate gritou, antes de correr para longe da casa, desaparecendo na neblina que começava a cobrir o caminho.
Maxine, com o coração disparado, correu atrás dele, mas antes que pudesse alcançá-lo, sentiu as mãos de Constance segurando seus ombros com força.
—— Venha comigo agora! Adelaide está morta e é por sua causa! —— Constance repetiu, a raiva transbordando enquanto arrastava Maxine para sua casa.
(...)
Era um silêncio mortal na casa de Constance, a atmosfera carregada de tristeza. Maxine estava sentada à mesa, observando Constance preparar um chá calmante. Ao lado delas, uma mulher desconhecida permanecia em silêncio, com um olhar apático e vazio.
Adelaide estava morta, e a expressão de dor no rosto de Constance denunciava o amor perdido por sua filha, agora extinta em um acidente na noite de Halloween. Constance sentiu como se sua própria imortalidade tivesse se esvaído ao ver sua filha sem vida.
—— Eu sinto muito. —— Maxine murmurou, a culpa corroendo seu coração.
—— Tudo bem. Você a encorajou a ser uma garota bonita. Sei que estava tentando ser gentil. —— Constance respondeu, servindo o chá, seus olhos nublados. —— Infelizmente, fui irresponsável ao deixá-la sair na noite perigosa.
Maxine acendeu um cigarro, o fumo envolvendo seu pulmão em uma neblina pesada enquanto ela contemplava a situação. Cada tragada era como um eco de memórias atormentadas.
—— Tate é meu filho. —— Constance explicou, a voz tensa. —— E ele não pode saber que a irmã dele morreu, Max.
—— Você quer que eu esconda isso? —— Maxine perguntou, incrédula, a mente girando com a gravidade da situação.
—— Você sabe, Tate é um garoto sensível. —— Constance afirmou. —— Você entende a alma dele, e é por isso que ele gosta tanto de você.
Maxine se sentiu presa entre a lealdade a Tate e a necessidade de ser honesta. A ideia de esconder uma morte era insuportável; como poderia viver sabendo de algo tão devastador sem contar a ele?
Quando Halloween se foi, a manhã chegou trazendo a promessa de um novo começo, mas os sentimentos ruins não poderiam ser facilmente esquecidos. Os mortos, agora em paz, retornariam a um lugar onde jamais voltariam. Aqueles que temiam poderiam finalmente descansar, enquanto aqueles que causavam medo se ocultavam na escuridão.
Naquela noite, Maxine se escondeu. Na manhã seguinte, Tate, enquanto caminhava para casa, sentia que poderia finalmente descansar de seus medos e confusões. E assim seria para todas aquelas almas ao final da noite. E mesmo que quisesse ignorar os sinais, naquela manhã, Maxine sentou-se em seu computador, decidida a procurar sobre o colégio Westfield, apenas para se arrepender instantaneamente.
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﹙✓﹚ ultraviolence, tate langon.
Fanfic🪦 | Maxine Harmon era filha de um relacionamento conturbado que havia sido levado ao fim ainda na adolescente, mas após algumas tragédias familiares, Max se viu presa ao pai biológico em uma nova vida. Agora se mudando junto do pai, madrasta e meia...