31. extra' apocalypse.

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                          Vinte e três anos haviam se passado desde que a casa havia sido marcada pela horrível fama que a cercava, mas Max ainda permanecia lá, cercada por suas memórias e sombras

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Vinte e três anos haviam se passado desde que a casa havia sido marcada pela horrível fama que a cercava, mas Max ainda permanecia lá, cercada por suas memórias e sombras. Sentada em meio a um emaranhado de tintas e pincéis, ela fumava um cigarro, os olhos fixos na tela à sua frente. Diante dela, uma pintura emergia lentamente, capturando a essência de um dos fantasmas que habitavam a casa. As pinceladas refletiam tragédias, histórias de dor e perda que a casa havia presenciado, e Max se deixava levar por cada uma delas.

Foi então que Behold e Madison entraram na sala, a porta rangendo levemente. Madison olhou em volta, a expressão de desagrado em seu rosto. —— Esses quadros são aterrorizantes —— comentou, a voz repleta de incredulidade.

Max não levantou os olhos da tela. —— É a única coisa que tenho para desenhar nesta casa. São tragédias. Essa casa é cheia delas.

Ela finalmente olhou para eles, curiosa. —— E quem são vocês?

Behold, sempre seguro de si, se apresentou. –— Nós somos bruxos poderosos, e nosso clã comprou esta casa.

—— Estamos aqui por um motivo específico —— completou Madison, com uma seriedade que fez Max erguer as sobrancelhas. —— Precisamos saber sobre Michael Langdon.

Max franziu a testa, sentindo uma onda de frustração. —— Não sei nada sobre aquele maldito bebê —— disse, a raiva e o cansaço em sua voz. —— Agradeci quando ele foi embora. Não aguentava mais ver a cara dele.

Madison trocou olhares com Behold, antes de se aproximar mais de Max.

Max balançou a cabeça, sua determinação firmando-se. —— Se eu soubesse algo que pudesse ajudar, eu diria. Mas tudo o que sei é que ele trouxe apenas dor e sofrimento.

Max respirou fundo, a lembrança de Michael Langdon ainda fresca em sua mente. Ela olhou para Behold e Madison, decidida a afastá-los da sua história.

—— Se vocês realmente querem saber sobre Michael Langdon —— ela começou, sua voz firme, —— Perguntem ao meu pai. Ben. Ele é o único que aguentou ficar perto daquele maldito garoto.

(...)

Max, ainda com os dedos manchados de carvão do esboço sombrio que estava finalizando, suspirou ao ouvir passos novamente. Sem nem levantar os olhos, ela sabia quem era. —— O que você quer agora? —— Max perguntou com uma ponta de irritação, sem desviar o olhar do desenho.

Madison entrou na sala com seu habitual ar de superioridade. —— Já pegamos informações o suficiente —— disse, casualmente, como se tudo aquilo tivesse sido um passeio no parque.

Madison puxou um dos quadros escondidos atrás dos novos desenhos de Max, revelando um retrato sombrio e detalhado de Tate. Ela ergueu uma sobrancelha e, com o típico tom de curiosidade. —— Então, vocês dois estão juntos?

Max, que estava voltada para outra tela, sentiu o estômago revirar ao ver Madison mexendo nos antigos desenhos de Tate. —— Não, nós não temos nada —— respondeu secamente. —— E nunca poderíamos ter. Ele é um monstro.

Madison olhou de relance para o retrato de Tate e depois para Max, com um brilho inquisitivo nos olhos. —— Ele não parecia um monstro quando eu conversei com ele.

Max virou-se rapidamente, seus olhos cheios de uma mistura de frustração e dor. —— Você não sabe o que é —— disse, sua voz ficando mais baixa e cortante. —— Saber todas as coisas horríveis que ele fez...

Madison, com um olhar penetrante, completou. —— ...e mesmo assim ainda amar ele?

Essas palavras atingiram Max como um soco.

Ela ficou paralisada, as palavras de Madison ecoando em sua mente. Sua respiração ficou pesada, seus olhos fixos nos quadros de Tate que ela tanto havia tentado esconder. —— É tortura —— ela sussurrou finalmente, sua voz trêmula. —— Todos os dias. É como se eu estivesse presa entre o que ele foi e o que ele se tornou... e não importa o que eu faça, isso nunca vai embora.

Madison, com seu tom sério e afiado, continuou. —— Ele não é a maldade desta casa. Ele foi apenas um peão, usado para criar algo muito pior... Michael. —– Seus olhos passaram brevemente pelos quadros trágicos de Max antes de pousarem nela novamente. —— A eternidade é mais dolorosa quando se está sozinho, Max. Vai chegar um momento em que nem mesmo esses quadros vão preencher o vazio.

Com essas palavras, Madison se virou e saiu da sala, deixando Max sozinha com seus pensamentos.

Max permaneceu parada por alguns segundos, absorvendo o que Madison havia dito. A solidão, a dor de se lembrar eternamente do que poderia ter sido e o medo crescente de nunca superar isso pareciam mais presentes do que nunca. Ela olhou ao redor, seus olhos pousando nos quadros que tantas vezes a distraíram da verdade.

Sem pensar muito mais, Max largou o pincel, se levantou e saiu da sala, andando rapidamente pelos corredores da casa. A atmosfera era pesada, cada passo ecoando nas paredes antigas, enquanto seu coração acelerava. —— Tate! —— ela chamou, sua voz carregando uma mistura de urgência e hesitação.

Ela continuou chamando por ele, sabendo que, mesmo com tudo o que havia acontecido, algo dentro dela ainda precisava de uma resposta. Precisava dele.

Tate não podia acreditar. Durante 23 anos, ele tinha esperado pacientemente, ansiando pelo som de seu nome vindo dos lábios de Max novamente. Quando finalmente aconteceu, seu coração quase parou. Sem hesitar, ele correu até a direção de onde a voz vinha, subindo as escadas da casa que ele conhecia tão bem.

Ao alcançar o topo das escadas, ele parou, vendo Max parada ali, olhando em sua direção. Ele a observou em silêncio, os olhos dele capturando cada detalhe, como se temesse que ela pudesse desaparecer de novo.

—— Max...

A voz de Tate era suave, cheia de emoção contida, como se não quisesse quebrar o momento. Ele não sabia o que ela queria, mas o simples fato de que ela o havia chamado novamente, depois de tanto tempo, era um milagre para ele.

Tate não hesitou por um segundo.

Quando Max abriu os braços, ele a puxou para um abraço apertado, envolvendo-a com todo o carinho que ele havia guardado por tantos anos. Ele segurou seu rosto com as mãos, os olhos intensos, cheios de um amor desesperado e inabalável.

—— Eu te amo, Max... Eu te amo tanto... —— ele sussurrou, como se cada palavra fosse um segredo que ele mantinha guardado por todo esse tempo.

Max, com o coração pesado mas determinado, respondeu baixinho. —— Eu te amo também, Tate.

E então, eles se beijaram. Um beijo que selava não só o amor que ainda existia entre eles, mas também toda a dor, arrependimento e o tempo perdido. Era um beijo profundo, cheio de significado e de anos de sentimentos não ditos. Naquele momento, todas as tragédias e o passado sombrio pareciam desaparecer, como se, por um instante, nada mais importasse além deles dois.

A casa continuava a ser um lugar assombrado, cheio de segredos e almas perdidas, mas para Max e Tate, o peso do passado finalmente se tornava suportável. Eles estavam juntos. Não havia mais adeus, apenas a eternidade diante deles.

Enquanto o mundo continuava a mudar lá fora, as estações passando, novas famílias vindo e indo, eles permaneceriam ali, nos corredores e salas daquela casa, onde seus destinos estavam entrelaçados. O tempo não mais os afetava, e, de certa forma, encontraram uma paz entre as paredes daquela prisão — um amor eterno, mesmo em meio às sombras.



FIM...

 ﹙✓﹚ ultraviolence, tate langon. Onde histórias criam vida. Descubra agora