17. refúgio da obsessão.

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                         Desde o dia em que tudo aconteceu, ela e Tate praticamente não saíam do quarto, daquele espaço

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Desde o dia em que tudo aconteceu, ela e Tate praticamente não saíam do quarto, daquele espaço. A casa ao redor, sempre com sua presença inquietante, havia se tornado irrelevante. O refúgio era o quarto, um espaço abafado por emoções contraditórias.

Tate estava largado na cama, desajeitado, como se o corpo dele nunca soubesse como se acomodar em um lugar. Um livro sem importância repousava em suas mãos, mas ele não lia de verdade. Seus olhos corriam pelas páginas sem foco, sua atenção voltada para Max, como se ela fosse o centro de sua existência. Max, por sua vez, rodopiava lentamente na cadeira, o som de músicas antigas preenchendo o ambiente de maneira quase fantasmagórica.

O olhar de Tate, sempre fixo nela, estava carregado de algo mais a cada dia. Obsessão. Certeza de que, se ele a deixasse escapar de vista por muito tempo, o fio tênue que os conectava poderia se romper. Max percebia, mas não sabia como reagir. Havia algo em Tate que a assustava, mas também a prendia.

—— Você acredita em fantasmas? —— Tate perguntou de repente, sua voz suave, quase casual, cortando o ar.

Max interrompeu seus movimentos, os olhos fixos em algum ponto distante da parede, evitando o olhar dele. A pergunta era direta, mas carregava um peso que ela preferia não encarar de frente.

— Não.

Sua resposta veio rápida, automática, quase como um escudo. Mas ela sabia que estava mentindo. Sabia que, depois de tudo que havia testemunhado, não podia mais se agarrar ao ceticismo.

Tate deu um leve sorriso, o tipo de sorriso que Max achava perturbador.

—— Você acha que pode existir um lugar melhor depois da morte? —— A pergunta dele veio com uma seriedade que fez Max se encolher levemente na cadeira.

Ela respirou fundo, sem saber o que responder. Antes que pudesse pensar em algo, Tate continuou, sua voz carregada de uma melancolia que a fez sentir um peso no peito. —— Para pessoas como você, com certeza tem. ——Ele afirmou, como se aquilo fosse uma verdade inquestionável.

Max franziu o cenho e olhou para ele, finalmente encarando o rosto de Tate.

—— E você? —— Ela perguntou, mais curiosa do que cautelosa.

—— Desde que você chegou, esse é o melhor lugar que eu poderia estar. —— Ele respondeu.

A declaração de Tate não era apenas sobre aquele quarto, mas sobre a conexão entre eles, uma conexão que ela não sabia se deveria abraçar ou temer. Estava tudo ficando mais denso, mais claustrofóbico, e a obsessão dele a cercava de uma maneira que fazia seu coração bater mais rápido, de medo e de uma inexplicável atração.

Ela sabia que aquele lugar, aquela casa, aquela relação com Tate, não era algo normal. Não era algo que deveria continuar, mas, ao mesmo tempo, parecia impossível se desprender. Tate havia encontrado o "melhor lugar", mas para Max, aquele quarto começava a parecer mais com uma prisão disfarçada de refúgio.

(...)

A sala de jantar estava iluminada por um lustre pendente, suas luzes brilhantes lançando sombras dançantes nas paredes brancas. Ben olhou para suas filhas, um sentimento de preocupação crescendo dentro dele.

—— Violet, você não comeu nada —— Vivian comentou, sua voz tingida de preocupação maternal.

—— Estou sem fome —— ela disse, a monotonia em sua voz fazendo Ben se sentir ainda mais inquieto.

—— Vocês duas não estão bem —— Ben falou, sua voz firme, mas cheia de compaixão. —— Violet, você passa o dia inteiro no quarto, não come e está com sintomas de depressão.E Max, você está desaparecendo o durante o dia e não vai mais à faculdade.

Violet ergueu a cabeça, um brilho de raiva e tristeza nos olhos. —— Estou deprimida porque vocês me arrastaram para viver aqui! Para este lugar novo e esquisito —— ela explodiu, sua frustração explodindo como uma bolha prestes a estourar. —— E agora, vocês vão se separar. Compraram uma casa que eu gosto e vão vender tudo isso.

O jantar prosseguiu em um silêncio pesado, sem saber como se reconectar ou encontrar o caminho de volta.

(...)

Max caminhava pelos corredores escuros da casa, o som de seus passos ecoando como um sussurro na penumbra. Havia uma tensão no ar, uma sensação de que algo não estava certo, e seu instinto a levava a explorar cada canto. Ao passar por uma porta entreaberta, ela ouviu um barulho vindo do sótão — um som arrastado, quase como um sussurro. Curiosa e apreensiva, puxou a escada de madeira e começou a subir, a luz fraca de uma lâmpada tremulante mal iluminava o caminho.

Assim que ela alcançou o sótão, a escuridão parecia engolir tudo ao seu redor. O cheiro de mofo e poeira invadiu suas narinas, e ela hesitou, o coração acelerado, lembrando-se das histórias que ouvira sobre o que se escondia nas sombras daquela casa. Mas então, algo se mexeu à sua frente — uma pequena bolinha vermelha rastejando lentamente pelo chão de madeira.

Max se abaixou, intrigada, e pegou a bolinha. Ao fazer isso, um ser deformado surgiu da escuridão, seu corpo torcido e sua pele pálida refletindo a luz da lâmpada. Ele olhou para ela com olhos esbugalhados e murmurou em uma voz arrastada. —— Jogue a bolinha para mim...

Um grito de terror escapuliu da garganta de Max. Ela deu passos para trás, o pânico se instalando enquanto seu coração batia descontroladamente. A sensação de claustrofobia a envolveu, e ela estava prestes a fugir quando sentiu uma presença familiar atrás dela.

–— Tate! —— Ela exclamou, aliviada e assustada ao mesmo tempo.

Tate a abraçou com força, seu corpo quente contra o dela, e então se virou para o ser deformado, a raiva e a proteção estampadas em seu rosto. —— Você assustou ela! Vá embora! —— Ele gritou, sua voz soando como um trovão na escuridão.

O ser deformado hesitou, a expressão de Tate intimidando-o. —— Sempre que algo a incomodar, você pode mandar embora —— ele disse, sua voz suavizando ao olhar para Max, que ainda tremia em seus braços.

Max respirou fundo, sentindo a segurança que Tate proporcionava. Ela olhou para ele, buscando a confiança que sabia que ele tinha, mesmo quando as sombras pareciam se aproximar novamente.

 ﹙✓﹚ ultraviolence, tate langon. Onde histórias criam vida. Descubra agora