31 - Cobra acuada?

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Nova York

                       Same chegou ao escritório toda descompensada. A maquiagem borrada, cabelos fora de lugar, respiração pesada e os olhos molhados provam seus momentos de desespero e esse ficou pior porque ela deu de cara com seus  dois  novos demônios: Pete e Tay.

                      Tay a olhou com tanto nojo que ela se arrepiou.

                      Misty surgiu solícita. 

                     — Que houve, querida. Vamos ao banheiro para você se recompor.

                    Saíram juntas. Misty sorriu para os dois homens e piscou de lado. Eles riram.

                   — Você nem disfarça que não gosta dela, Tay. — Pete riu, enojado com a visão recente.

                  — E você acha que disfarça. — Tay riu, ajeitando os cabelos loiros e brilhantes.

                  — Eu nem tento.

                 Riram. Deveriam continuar o trabalho que tinham parado para tomar café na copa, Quando iam para suas respectivas salas, receberam sinal de Misty. Era uma chamada de áudio. Correram para a sala de Tay.

                    "—... Veja se entendi. Você combinou com esse Pong que faria uma inseminação com o material dele, mas quando chegou lá deu os dados do Pol?

                    Sim. Mas o Pong descobriu. Não sei como. — Same geme, revoltada.

                   E ele bateu em você?

                   — Começou, mas eu fugi.

                   — Como você descobriu sobre o material do Pol?

                   — Eu ouvi o cliente chamando ele de doador 1556.

                   — Ah. Da clínica de reprodução que contratou os serviços da empresa.

                   — Sim. Misty, você é muito lenta!

                   — Desculpe. Eu não tenho a mesma capacidade de captação que você, Same

                   — Demoro para pegar as coisas no ar.

                   —  Eu sei. Caso contrário não teria sido pega por mim.

                   — Você me pegou porque fuçou minhas coisas. Mas, e se isso não der certo, o que você faz? Abandona a criança?

                    — Claro. Aborto até.

                  — Entenda: Essa criança é apenas um cheque ao portador. Só me serve  se eu ficar com o Pol."


Na sala de Tay

                          Os dois homens na sala de Tay estão abismados com o que escutam. Para Pete só uma coisa a se pensar sobre essa  mulher: "Ela deve elaborar seus planos assistindo séries em que a vilã é especialista em dar com os burros n'água!"

                         — Que absurdo! Eu tenho vontade de ir lá e estalar a cara dela com  uma dúzia de tapas!

                             Tay e Pete se entreolharam. Na memória de ambos toda a família Rungrot e os Theerapanyakul são cadastrados como doadores de medula e de órgãos. O problema é que quando o tal contrato foi feito, Tay estava na Alemanha e Pete na Tailândia, fazendo o que ama ser,  sendo um simples professor universitário. Então, para eles pode sim haver uma possibilidade, ainda que remota,  de Pol ou tio Tom terem doado material genético.

                         Se Zaira não souber de nada, terão que apelar para tio Tom. Ou o próprio Pol.

                         — Pete, vamos falar com Pol. Não dá para segurar mais isso. Isso já virou um incidente empresarial... Se isso for descoberto.

                        — Sim. Mesmo que esse doador 1556 não seja o Pol ou o tio. Se ela pedir exame de DNA vai dar confusão. Porque ela pode pedir na justiça para tornar público a identidade genética do doador, se acreditar realmente que é do Pol. 

                        — Acho que aqui isso não vai ser problema caso o doador tenha deixado a opção de relaxar o anonimato no contrato. Por outro lado, o incidente empresarial é certo.

                        — De qualquer forma, temos que conversar com Pol.

Horas depois...

                       — Pol você já guardou esperma? — Pete pergunta a título de saudação,

                      — Já. Por quê?

                    — Bem, vou resumir. A Same fez a inseminação no laboratório da clínica que é nossa cliente.

                     Pol começou rir e abriu o vídeo.

                     — Explique isso.

                     — Ela disse para a Misty que fez a inseminação usando material genético do doador 1556.

                        Pol, que conhece a piada entre o agente de Relações Públicas da Empresa cliente, ria ainda mais, antes de retrucar.

                       — Um desconhecido. Isso é uma piada. Papai é o doador 1556, aqui na Tailândia e é de medula, não de esperma. Vocês juram que ela fez isso? Que mulher burra! Jack, o responsável pelo contrato de segurança com o laboratório descobriu que o papai já doou medula duas vezes e fez piada, que ele deveria ser doador de outro tipo de material genético e desde então ele me chama de 1556. Ele não sabe que sou adotado e como  nem meu amigo é não era necessário  saber disso, não é?

                     Riram juntos, Tay e Pete ainda tensos, ainda pensando no problema, Pol, achando que Same é louca. Não quer nem imaginar o que a mãe dele vai dizer disso tudo.

                     — Pol. Agora temos outros dois problemas. — Pol muda o rosto, ficando sério.

                      — Quais. Isso não acaba nunca?

                      — Se isso escapa pode ser considerado um vazamento empresarial. O outro é que ela disse que joga a criança fora se ela não conseguir descontar o cheque ao portador.

                         Pol pipocou meia-dúzia de impropérios.

                         — O que vocês sugerem? Eu já achei que poderia correr atrás do meu macho e vocês me arrumam problemas. Quer saber? Falem com o papai. Estou fora da cidade e querendo descobrir uma coisa que vocês não perceberam.

                        Pete e Tay olham, curiosos para  a tela, as expressões de ambos são como dois enormes pontos de interrogação e Pol joga sobre eles sua própria curiosidade:

                          — De quem o Tawan ganhou aquela aliança que ele está usando?

                          E cortou a chamada.

O Fruto Proibido 2 - História de #PolTawanOnde histórias criam vida. Descubra agora