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Regresso para o quarto e suspiro aliviada ao descobrir que estava vazio. Decido tomar um banho rápido, já que a privacidade era escassa no local. Visto meu pijama, composto por um short que não esconde muito e uma blusa que revela um pouco mais do que o necessário. Sento-me na cama, com um sorriso nos lábios, enquanto as memórias dos momentos anteriores preenchem minha mente. Cada carinho, cada beijo, cada toque. Tudo era diferente. Ele era diferente.
Nesse momento, Gaspar entra no quarto sem bater à porta, segurando uma caixa.

Eu avisei que aqui não existia privacidade.

— Sim.

— O Sr. Bruno entregou isto.

Ao abrir a primeira caixa, deparo-me com um pequeno colar vermelho. Contemplo-o com curiosidade, observando cada detalhe delicado.

— Usa ela agora. — ordena e assim o faço.

Abro a caixa média, referia-se a um fio , idêntico ao que a Grace usava em sua cintura.

— Isso significa que estás conectada a ele.

Coloco em minha cintura, seguidamente abro a última. Eu não acreditava no que tinha em minhas mãos.

— E isso?

— Ele ordenou para usares essas peças íntimas quando fores te envolver com ele.

— Podes ir.  — Gaspar revira os olhos, e deixa-me sozinha no quarto.

Enquanto guardo os presentes que recebi, deito-me na cama com o colar em minhas mãos. No entanto, uma sensação de desvalorização toma conta de mim. Será que aquele colar era feito de ouro falso? Quem gastaria tanto dinheiro com alguém como eu? Sinto que minha profissão eliminou a única dignidade que eu tinha, e agora me sinto sem valor para o mundo. Encolho-me na cama e, em pouco tempo, adormeço, deixando esses pensamentos para trás.

 Encolho-me na cama e, em pouco tempo, adormeço, deixando esses pensamentos para trás

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Descerro os meus olhos, presenciando o quarto bastante iluminado. Desço da cama lentamente para não acordar as companheiras ao meu lado, vejo que a cama de Grace encontrava-se vazia.

Essa cabra nunca dorme.

— Bom dia sangrinha. — ela diz assim que a encontro no quarto de banho. Dou um sorriso leve pegando minha escova.
— Colar novo, é?

Não a respondo.

— O velhote sentiu pena de vuxe e ofereceu um chupa chupa? — ela fala naquele tom que só os palhaços têm, nesse caso ela.

Sua palhaça.

Termino de escovar rapidamente e saio, ignorando-a, pois não estou com paciência para aturá-la agora. No entanto, logo em seguida, alguém bate à porta e percebo que é a Solange.

— Andaste a chorar de novo? — pergunto e sinto que fui totalmente pedante. Visto que, num lugar como esse, tudo que tem de melhor é chorar.

— Ele foi bruto, Sofia.

Sofia é o meu nome verdadeiro. O estúpido do Brian mudou para Anita, por achar mais interessante e excitante.

— Eu disse para ele parar , mas não o fez.
— a puxo para um breve abraço, permitindo que  suas lágrimas molhassem meus ombros nus.

— Não te preocupes! A gente vai sair daqui.

— Não adianta mais iludir a menina. Estamos presos aqui há tanto tempo, e você sabe melhor do que ninguém como as coisas são. Nunca conseguiremos sair deste lugar, e eu sou a prova viva disso. Eu costumava dizer a mesma coisa para a Zoe, e veja como tudo acabou? Uma viva e a outra enterrada. É hora de encarar a realidade de uma vez por todas e aceitar que nunca conseguiremos escapar daqui.

Como alguém pode ser tão insensível e inconveniente?

—  Ela tem razão, Sofia.

—  Ela não tem. Ela não passa de uma ignóbil, persuasiva e sem vergonha. Se ela nunca saiu daqui é porque nunca tentou ao menos. Confia! — Solange me abraça de novo, deposito um beijo em sua testa.

—  Obrigada, amiga!

Solange sempre foi como uma irmã para mim , se não fosse o puteiro , eu nunca a conheceria. Com ela tenho todas as minhas dores, e todos os momentos depressivos. 

—  Mas vai... como foi a sua noite de núpcias?

—  Como sabes?

—  Os gemidos que o segurança ouviu.

—  Eu prefiro não falar disso. —  respondo, envergonhada. — Vem vamos tomar o pequeno-almoço.

Caminhamos em direção ao refeitório, e a fome que sinto é insaciável desde que cheguei aqui.

—  Calma Anita. — ela fala, ignoro-a.

—  Anita! —  viro de boca cheia e a engolo na hora. —  O Brian precisa de ti.

Era só o que me faltava.













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