TRÊS DIAS DEPOIS
Seria hoje que voltarei a ver minha melhor amiga, em um lugar que ela temia desde a nossa convivência. Solange sempre foi uma mulher feliz, alegre e corajosa. Ela dizia que faria de tudo para aproveitar a vida, antes que a morte batesse em sua porta. Desta vez, ela é que bateu, insistiu que a morte a levasse, e decidiu enforcar-se em seu lugar favorito, naquele lugar imundo e nojento. Solange sempre gostou de areia, e sua primeira vez seria debaixo dela.
— Estás pronta? — assento e Bruno segura forte minha mão e entramos no cemitério.
O lugar estava vazio, apenas Brian, Bruno e eu estávamos presentes, sem esquecer de sua irmã, que por mais estranho que pareça, estava acompanhada de um homem. Durante estes dias, Bruno e eu fomos responsáveis por cuidar do enterro de minha amiga. Eu não deixaria nas mãos de qualquer, a única pessoa que nunca me abandonou. Optamos por fazer algo simples, com apenas parentes, que na verdade eram poucos. Brian nem deveria estar aqui, mas por conta da lei, nada podia fazer.
— Em nome do pai, Filho e do Espírito Santo.
Chegou a minha vez. Peguei as flores que estavam nas mãos de Bruno, e pousei sobre o caixão de minha melhor amiga. As lágrimas desobedeceram-me, espalhando em meu rosto. A madeira estava fria, minha amiga estava em um lugar frio, e ela que não suportava o inverno.
— Amo-te, minha estrela. — sussurei, e afastei-me para que os homens finalizassem o seu trabalho.
— Vai ficar tudo bem. — consolou Bruno, beijando minha nuca. Limpo minhas lágrimas, Mariana vinha em nossa direção de mãos dadas com o sujeito.
— Quem é? — pergunto, mesmo sabendo que Bruno não sabia a resposta.
— Seu novo marido. — respondeu, impulsionando-me a olhar para ele. Rodolfo sussurrou algo em seu ouvido, e saíram os dois.
— Marido de quê porra? — berrei, e não demorou para que eles chegassem até nós.
— Sofia!
— Princesa! — abracei seu corpo, encarando o homem mais desnutrido que eu já vi em toda minha vida.
— Deus vai ajudar a gente.
— Boa tarde, Sofia. Chamo-me José.
Seu rosto era familiar. Não demorou, para o reconhecer, o homem que estava no bordel quando aconteceu aquilo do Sr. Marcos.
— Boa tarde, o que fazes aqui?
— Sofia o qu....
— Tudo bem, amor. — José a interrompeu, massageando seus ombros. Amor, do caralho. Ele já não me cheirava bem, desde o primeiro dia que observei os seus olhos famintos por sexo.
— Creio que este era o meu papel, informar-te que eu e Mariana, estávamos em um relacionamento. — quanto mais ele falava, mais vontade eu tinha de amassar a sua cara.
— Quantos anos você tem? — gritei, ignorando o facto de estarmos em um cemitério.
— Eu não quero problemas, não estou aqui para discutir, estou como cunhado da querida falecida.
— Sofia, o que estás a fazer? — Mariana agia de maneira estranha, seus olhos expressavam o amor cego que ela sentia por ele.
— O senhor não vê que ela é menor de idade?
— Por favor, cuidado com o bebê.
— disse ele, num tom devastador, e com um olhar manipulador, causando-me um calafrio.— Podemos conversar à sós? — peço, e José retira-se, antes olhou de uma maneira bizarra para sua amada.
— O que estás a fazer, princesa?
— Para de me chamar assim. Eu já não sou mais criança, sou uma mulher casada.
— O que estás a dizer são baboseiras. Para de mentir para mim, o que este homem te fez? Por que você não me disse antes?
— Não te interessa. — até seu tom era bizarro. Decido não questionar mais sobre o assunto, mas não me comprometi a ficar calada.
— Já fizeram sexo?
— Não, ele diz que só faremos quando eu estiver pronta. Podemos parar de falar sobre isso? Devias estar feliz por mim.
— Estou claro, só fiquei supresa.
Bruno regressa, cumprimenta-a.
— Vamos amor? — fingia que estava tudo bem, mas ele sabia que não. Assento, dei um grande beijo em sua testa.
— Liga-me sempre que precisares.
— Está bem! Tchau, mana.
(...)
— Por que raios você não me contou deste tal de José?
— Eu não queria te stressar, amor. Estavas tão sobrecarregada com o enterro, que não quis te preocupar mais uma vez.
— Isto não é desculpa nenhuma. Não podias esconder isso de mim, aquele homem é perigoso, e você sabe muito bem disso.
— Relaxa, eu já estou a tratar disso. Pedi para um dos meus homens o investigarem. — disse, e beijou meu pescoço. — Agora fica calma, por favor.
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Para Além Da Atração
RomanceEla era uma flor selvagem, arrancada de sua inocência e plantada no jardim sombrio de um bordel. A sobrevivência era sua única lei, até que ele chegou. Bruno Freire, um homem de mistério e desejo incontrolável, a puxou para um turbilhão de paixão p...