Prólogo

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É profundamente angustiante testemunhar a desumanidade e ignorância daqueles que, mesmo apreciando o sofrimento de uma jovem garota, não demonstram interesse algum. Como pode uma menina de apenas 13 anos estar aqui? Ao longo dos anos, tenho sido seu único consolo, mas a esperança parece ter abandonado meu coração. Enquanto contemplo o teto falso, permito que as lembranças assombrem minha mente, lutando diariamente para tentar esquecê-las. Anos atrás, eu tinha fé de que tudo seria diferente, e que, mais cedo ou mais tarde, meus queridos pais estariam diante desta porta, implorando por perdão.

Fecho meus olhos por um momento, buscando refúgio em meus pensamentos, mas sou abruptamente despertada quando a porta é aberta com violência. Resmungo inúmeros insultos em minha mente, mas decido não me arriscar a ficar no castigo novamente.

—  Levantem! —  ordena Diggle, o braço direito de Brian. —  O almoço está pronto e vocês sabem que o chefe não gosta de esperar. —  berrou ele, deixando a porta aberta.

Sim. Nós jantamos com o chefe, no entanto, não é considerado um privilégio, pois mal comemos, enquanto mãos invasivas adentram nossa privacidade. Isso geralmente ocorre durante visitas, que, pelos rumores... ocorrerão. Concluo de aplicar meu batom e o coloco sobre a mesa ao lado. Observo meu corpo: manchas, contusões, ferimentos. Esta era a descrição física de mim; aplico um pouco de blush, tornando-o discreto.

—  Não fica falando sozinha, sangrinha! — balbucia Grace, no canto inferior da minha orelha. É curioso o apelido "sangrinha", dado por ter sangrado mais do que o esperado quando perdi minha virgindade.

Pego minha máscara e a coloco.

Essa é uma das regras.

"Nunca revelar a sua identidade".

O porquê?

Ninguém sabe.

Desço as escadas com desconforto, pois minha região íntima não está habituada - após tantos anos - e vejo todos à mesa. Acelero meus passos ao notar uma cadeira vazia, que logo é ocupada por Grace. Suspiro irritada e permaneço de pé. Brian entra com seis homens ao seu lado; a maioria vestia trajes semelhantes, exceto um que optou por algo distinto: um terno vermelho, um vermelho sedutor, e como acessório, um simples relógio. Três deles seguiram para a direita, enquanto os outros foram para a esquerda.

—  E tu? —  começou Brian. —  Não sentas?

— Estão todas ocupadas.

— Vai procurar uma cadeira qualquer, puta!

—  Senta ao lado. — ordenou o homem de terno vermelho. Caminho com uma expressão neutra e, com sua ajuda, sento-me. Seu aroma envolveu minhas narinas e percorreu por todos os meus órgãos, iluminando-os. Um aroma agradável.

—  Tens muitas gostosas por aqui.

—  São minhas joias raras. —  Brian responde e Grace exterioriza-se.

—  E como te chamas, minha menina? — pergunta o homem ao meu lado, que não demorou muito para olhar meus seios.

— É novinha? —  pergunta o outro, enquanto o ruivo, permanecia calado.

—  Sim. Anita, é o nome dela.

—  Prazer Anita. — concordo educadamente, começo a comer. Observo Solange, que aparentava desconforto, sendo a primeira a ser abordada; logo o homem ao seu lado sussurra em seu ouvido e ambos se levantam.

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