Três carteiras de distância.

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As férias de verão tinham acabado e os alunos se preparavam para mais um ano escolar.

Finney se encontrava no segundo ano do ensino médio, enquanto sua irmã estava no nono ano. As coisas não tinham sido fáceis no último ano: provas atrás de provas, fofocas atrás de fofocas, brigas atrás de brigas e, por último, porém não menos importante, alguém com o ego inflado o suficiente para lhe importunar com apelidos desconfortáveis.

Não que isso atrapalhasse seus estudos. Continuava focado e com suas notas perfeitamente constantes, apenas não sendo um queridinho dos professores por ser quieto demais.

Sim, Finney era tímido. O que ele poderia fazer? Não tinha amigos na escola, talvez por sua aparência afeminada - que nem é tão afeminada assim -, talvez por sua timidez, quem sabe? 

Voltar para a escola não era um pesadelo, mas também estava longe de ser um sonho. Era aquela coisa: ia por obrigação sem sequer questionar, mas, quando podia faltar, ficava feliz. 

— Eu me sinto tão animada! - Gwen, sua irmã, tagarelava sobre o perfeito ano escolar que ela teria e a probabilidade de viver um romance super clichê com algum garoto loiro de olhos azuis que fosse um líder de um time de basquete. Talvez ela estivesse vendo filmes colegiais demais. — Será que temos alunos novos? 

— Claro que sim, Gwen. - Finney respondeu, achando uma graça. — Todo ano tem. 

Os irmãos caminhavam com suas mochilas pesadas sobre as costas. No começo era dolorido, mas conseguiram se acostumar depois de um tempo. 

Às vezes, chegavam a esquecer que carregavam pesos na coluna todos os dias.

— Eu quis dizer alunos novos e BONITOS. - Gwen colocou ênfase na última palavra, fazendo com que Finney risse. — Do que você está rindo? Vai dizer que não está esperando uma bela garota entrar na sua turma? 

Claro que não. Finney não se importava com garotas, muito menos com sua vida romântica. Achava uma grande perda de tempo. 

— Você deveria ser mais social. - A garota suspirou, fazendo um carinho no ombro de seu irmão. — Como irá contar histórias de sua vida escolar se não faz nada nela? 

— Simplesmente não contarei. - Finney respondeu, dando de ombros. — Eu estou vivendo pacificamente. 

— Nem tão pacificamente assim. Aqueles garotos vivem te importunando.

— Mas são só xingamentos. É só ignorar que eles param.

— Eles não pararam até agora.

— Mas vão parar em algum momento.

Gwen bateu a mão na testa. Finney não entendia o motivo de tanta preocupação; quando as coisas passavam dos limites, era óbvio que rebatia - não que desse muito certo, mas pelo menos passava a impressão de que nem sempre aceitaria as coisas calado. 

Qualquer coisa, tinha os band-aids e o spray antisséptico bem na sua mochila.

— Você quem sabe. - Gwen desistiu. Os dois chegaram na entrada da escola. — Mas saiba que se você aparecer com um hematoma sequer, eu vou-

— Sim, sim, eu sei. - Finney a cortou. Não aconteceria, quase ninguém naquela escola tinha coragem de fazer aquilo por conta das punições. — E pare com isso, você tem que focar nos estudos. Vai lá para sua sala. 

Sua irmã mostrou a língua e saiu em passos apressados. Por que ela tinha que ser tão neurótica daquela forma? Já tinha dito que estava tudo bem.

Apenas suspirou, caminhando até seu armário. Deixaria alguns cadernos ali e partiria para sua sala - se tinha algo que Finney era realmente grato naquela escola, era o fato de que as salas nunca mudavam. 

The Space Between UsOnde histórias criam vida. Descubra agora