Inúmeras palavras não ditas de distância

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A escola era o maior desgosto da vida de Robin Arellano. 

Apesar de ter confirmado que Finney morava na mesma casa de sempre, a informação não lhe animou tanto quanto pensou que animaria. 

Talvez saber onde Finney morava não fosse o suficiente para que se sentisse um passo à frente no seu caminho de redenção.

O segundo dia de aula se iniciara. Desta vez, Robin não se deparou com nenhum infortúnio no caminho, nem mesmo com Vance e Griffin.

O trajeto tinha sido pacífico como havia desejado no dia anterior. 

Ao entrar na escola, não foi recebido com os mesmos murmúrios e olhares do dia anterior, mas ainda restavam alguns. Nada que lhe importasse, de qualquer forma.

O que realmente atraiu sua atenção foi a imagem de Finney em frente à um armário conversando com um garoto ruivo.

Seus olhos se estreitaram. Quem era aquele garoto? Não estava com Finney ontem e não era da sala de ambos.

Espere, por que Robin está pensando nisso? Não era da sua conta. Estava sendo um intrometido descarado que havia magoado Finney, não tinha sequer o direito de questionar qualquer coisa que envolvesse a vida do Blake. 

Não foi capaz de conter uma careta quando o ruivo agarrou o pulso de Finney e colocou sua mão lá. O que ele estava fazendo? 

Robin, pare.

Com esses pensamentos estranhos e completamente egoístas, Robin deixou o corredor, indo até a sua sala. 

Ele não podia se intrometer, sabia disso como ninguém. Era arrogante voltar para a vida de uma pessoa depois de tê-la abandonado sem nenhuma explicação; Robin tinha noção do quanto Finney poderia estar lhe odiando agora. 

Estava bem com isso, mesmo que não tenha tido escolha há seis anos. A vida nem sempre é justa e, antes que perceba, lhe separam de alguém que gosta muito. 

Então por que insistia em ficar preso às sensações e pensamentos? 

Suspirou quando chegou no ambiente de sala de aula. As pessoas conversavam, ignorando sua chegada. Robin não tinha nenhuma vontade de sentar em outro lugar, então apenas se direcionou para a carteira que tinha usado no dia anterior.

Mas não precisou se sentar para ver o "Volta para casa, refugiado de merda" escrito em preto em sua mesa. 

Estavam testando sua paciência e Robin faria uma demonstração gratuita de como ela funcionava.

Arrastou a carteira para o lado, fazendo um barulho alto que atraísse a atenção de todos. Depois, foi em frente à sala inteira, pigarreando.

— Quem foi o hijo de puta que escreveu aquilo na minha carteira? - Robin questionou, cruzando os braços e recebendo olhares confusos em sua direção.

Silêncio. Algumas pessoas balançavam cabeças negativamente, outras procuravam o autor com o olhar. 

Não houve um pronunciamento sequer sobre o responsável.

— Eu quero saber quem foi! - Robin gritou, impaciente. As suas mãos ansiavam pelo soco que iria dar assim que descobrisse o engraçadinho, fechadas e enraivecidas. 

 Rick ficou de pé e sorriu. Deveria ter imaginado antes que foi aquele idiota. 

— Nós todos já negamos. - Rick balançou a mão, como se estivesse o dispensando. — Pode ter sido qualquer um de outra sala.

— Ah, claro, porque alguém se daria ao trabalho de vir aqui para escrever "Volta para casa, refugiado de merda" na minha carteira. - Robin não iria tolerar a situação por muito tempo. Aquele gesto de arrogância era demais para sua impaciência.

The Space Between UsOnde histórias criam vida. Descubra agora