Uma casa de um mexicano de distância

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Finney não estava em seus melhores dias de integridade e paciência.

O conceito de "sensatez" no dicionário é descrito como "característica de sensato, que age com bom senso".

E Finney tem absoluta certeza de que isso não existe para pessoas como Matt, Matty e Buzz. Apesar de ter lidado de forma pacífica com os apelidos repentinos e os leves tapinhas no ombro que assustadoramente levava, receber, literalmente, uma bola de papel com um pênis desenhado na saída aonde Robin Arellano - Finney repete: Robin Arellano, seu sociável amigo de infância que foi capaz de fazer amizade com as pessoas mais improváveis: Bruce Yamada, Vance Hopper e Griffin Stagg - estava era exigir demais de seus neurônios já desgastados.

Ele pôde sentir o olhar curioso de Robin quando recebeu a bolinha. Foi extremamente vergonhoso, nem sequer pensou nas suas ações quando rasgou o papel em duas partes.

Pelo menos, de certa forma, foi contra aquele trio estúpido, coisa que tinha desistido há muito tempo. Sua cabeça insistia em dizer que eles lhe deixariam em paz se os ignorasse - até chegou a dizer isso à Gwen diversas vezes -, mas, com o passar dos anos, Finney soube que era mentira. 

E estava convivendo assim desde então. O verdadeiro problema era que havia um pedido inusitado sendo feito para Finney um dia depois de ter passado a maior vergonha de sua vida na frente de alguém muito especia-, quer dizer, específico.

— Você poderia ajudar o Robin em alguns conteúdos? - O professor de matemática chamou-lhe para conversar durante o intervalo. Não tinha sequer dado uma olhadinha para Robin naquele dia; a vergonha que passara antes já fora o suficiente para tirar toda sua coragem.

Obviamente não. Nem em outros mil universos. Ajudar Robin? Já fez isso no segundo dia de aula. Seu trabalho havia terminado.

— Professor, eu... - Finney gaguejou, pensando em alguma desculpa.

— Sinto muito em te pedir isso, Finney. - O homem encostou as mãos uma na outra, fazendo o gesto que as pessoas - como Gwen - faziam para rezar ou para implorar por algo - e para agradecer em algumas culturas. — Mas Robin está um desastre, e isso ainda é um eufemismo. Não estou falando mal dele, longe disso.

Falando bem é que não estava. Suspirou, segurando-se para não berrar e destruir aquela sala.

Tantas pessoas... Billy, Donna, até mesmo Rick. Por que o trabalho recaiu sobre suas costas?

— O Robin não gosta muito de mim, professor. - Finney comentou, coçando sua bochecha por estar com certa vergonha. — Acho melhor você designar outro aluno.

— É ótimo saber disso, na verdade! - O professor animou-se, sentando-se com a postura correta em um sobressalto. Finney teve um mau pressentimento, que correu entre suas veias e passou um calafrio em seu corpo. — Isso pode ajudar vocês a aprenderem a conviverem juntos. Até mesmo pode acabar criando um vínculo.

Eles já tinham um vínculo, só que ele era quebrado. Rasgado. Destruído. Estraçalhado. 

E toda vez que olhava para Robin, sabia que o garoto não estava minimamente interessado em consertar, costurar, reconstruir ou refazer esse laço, que antes era tão bem entrelaçado.

Um mês já tinha se passado e os dois estavam ótimos assim. Robin tinha seus amigos e Finney tinha... Bem, a si mesmo. E talvez um Billy torrando seus ouvidos toda aula, mas não era tão irritante quanto fazia parecer.

— Acho que eu-

— Bom saber que você aceitou! - O homem interrompeu, levantando-se. Finney piscou, levando um leve susto pela reação repentina. — Agora vá se divertir. O intervalo vai acabar se você não se apressar.

The Space Between UsOnde histórias criam vida. Descubra agora