Um conjunto de cachinhos de distância

707 123 324
                                    

Avisos: descrição muito implícita de uma crise e ofensas contra pessoas neuro divergentes (mais especificamente, autistas, porque, sim, eu fiz o Griffin autista de novo, já que gostei de desenvolvê-lo).  

××××

— Finney! - O garoto tinha seus cabelos balançando de um lado para o outro enquanto corria, apenas não bagunçando tanto por causa da bandana que envolvia sua cabeça. A mão, estendida para o alto, se movia freneticamente como um "olá" para aquele que lhe olhava de longe, sentado em uma árvore.

Robin ofegou quando chegou ao seu destino, se apoiando sobre seus joelhos e puxando o ar para seu pulmão. Seu amigo, Finney, tinha se levantado para recebê-lo e deu uma risadinha.

— Você esperou muito? - O garoto mais velho perguntou, sorrindo nervoso e coçando a nuca. — Desculpa, acabei repetindo a comida.

— Não, cheguei há pouco tempo. - Finney sorriu de volta, abraçando o seu novo amigo. — Fico feliz que tenha vindo.

— Você disse ontem que era para nos encontrarmos aqui. - Robin respondeu, abraçando-o de volta. — Olha, eu ainda não tirei os band-aids que você colocou em mim!

Os dedinhos apontaram para o joelho ferido, atraindo o olhar de Finney para tal local. A ferida realmente parecia ter amenizado.

— Que legal! - Finney parecia bem animado por saber como fazer um bom trabalho com feridas. — Vem, vamos brincar ali no balanço.

Os amigos correram de mãos dadas para os assentos presos por correntes à suportes de madeira. Sentaram-se lado a lado e balançavam para frente e para trás, sentindo a brisa daquele dia caloroso, porém não tão quente quanto o dia anterior, bater contra seus rostos, que se animavam em uma sincronia de risos infantis.

— Ei, como está seu foguete? - Robin perguntou, curioso pelo brinquedo. Será que Finney tinha cuidado direito?

— Eu o deixei na minha mesa ontem. - Finney respondeu, ainda se balançando. — Mas eu coloquei seu nome nele ao lado do meu.

Oh.

Robin se sentiu muito feliz. Era uma alegria muito maior do que aquela que estava sentindo por estar simplesmente se balançando com seu amigo.

Seu nome estava inscrito junto ao de Finney no foguete de brinquedo.

— Por quê? - Robin estava sorrindo, de toda forma.

— Porque eu sou o dono dele e você é o herói.

Os dois trocaram risadas, ainda balançando em meio à um vento que transportava diversos sentimentos, emoções e laços.

E é com essa memória que Robin Arellano está caminhando até a escola. Estava de volta à cidade de Denver. 

Seis anos. Foi o tempo que Robin passou fora da cidade depois de se mudar de novo para o México aos seus dez anos de idade; agora estava com dezesseis.

Embora tenha passado tanto tempo, Robin ainda tinha algumas memórias de seus sete até dez anos - que foi o tempo que passou na capital do Colorado -, como essa. 

Podia ser extremamente bobo, mas ainda tinha o sonho de reencontrar aquele amigo de infância. A despedida deles foi tão...

Não houve despedida, na verdade. 

Sabia que estava pensando isso no caminho da escola pelo simples fato de não ter nada para fazer enquanto caminhava. Mas, para sua sorte - ou azar -, quando estava a duas ruas do destino, alguns barulhos chamaram sua atenção.

"Seu merda, não toque mais no meu irmão!"

"Vance, para! Você prometeu que iria parar de brigar!" 

The Space Between UsOnde histórias criam vida. Descubra agora