Um acordo de distância

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Alerta de gatilho: comentários homofóbicos.

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Encontrar a Sra. Arellano não era para ser tão ruim como fora. Finney sempre adorou a mulher e a admirava como a mãe que ele já não tinha há tempos. 

Mas encontrá-la e acabar sendo "obrigado" a admitir que se lembrava de Robin era algo que não estava em seus planos. A mãe de Robin havia estragado seu disfarce perfeito e mascarado, sem deixar nenhuma rachadura para suspeitas.

Agora Robin sabia que Finney se lembrava. E aquilo era um problema.

— É o quê?

Billy estava sussurrando em seu ouvido. A aula já havia começado, mas Robin estava atrasado. Talvez estivesse doente ou teria faltado depois daquele horror na própria casa.

Finney não tinha o que reclamar; aguentar os gritos e a raiva de Robin era algo que não conseguia realizar no momento. Estava assustado e tudo havia vindo com uma bomba só. Não houve nada durante os seis anos que pudesse lhe preparar para o reencontro mais estúpido e estranho de toda sua vida.

— O Robin sabe que eu me lembro dele. - Finney choramingou, virando a cabeça de lado levemente. — Ele vai me matar.

— Ele nem está com raiva de você. - Billy rebateu, afinando a voz para mostrar sua indignação. — Se Robin estivesse, ele provavelmente já teria te batido.

— Obrigado pela parte que me toca. Agora ele não só deve estar irritado comigo por conta do passado, como também deve estar por eu não ter dito que me lembrava dele.

— Mas ele te disse que se lembrava?

Billy tinha um ponto. Finney só sabia daquilo porque recebera a informação através de outra pessoa, e não porque Robin havia chegado por conta própria para lhe informar sobre isso.

Antes que pudesse argumentar qualquer coisa inútil - afinal, Billy estava certo -, Robin adentrou sala, parecendo um tanto cansado. Seus ombros eram caídos e havia uma leve bolsa roxa abaixo de seus olhos, clamando por uma boa soneca.

A professora o repreendeu e não demorou muito para que Robin se sentasse. Os olhos de Finney, congelados, acompanharam todos os movimentos, inclusive a encarada mútua. 

Aquele olhar cansado demonstrava uma frustração tão decepcionante... 

Finney estava ferrado.

— Por que vocês não conversam? Resolvam de uma vez. - Billy aconselhou ao acompanhar toda a cena, que, sinceramente, havia sido estúpida, cutucando seu ombro.

— Ele não quer falar comigo. Está na cara dele.

— Só o vejo bocejando e virando o rosto para dormir.

Outro ponto. Por que Billy sempre conseguia arranjar alguma resposta? 

— Tente falar com ele. Robin não é um idiota ambulante que sai socando os outros, tenho certeza de que vocês podem se resolver. - Billy implorou, apoiando sua mão no ombro de Finney como um gesto de consolação.

Finney preferia enfiar a cara na privada a ter que falar sobre aquilo com Robin.

...

Ok, talvez tenha exagerado sobre isso. Preferia falar com Robin mesmo, mas não tinha ninguém lhe ameaçando de enfiar seu rosto na privada caso não falasse com ele, então continuaria sem trocar uma palavra sequer.

— Não, Billy. Deixe quieto. Obrigado, de toda forma.

Billy não suspirou, nem tentou insistir. Algo em Finney dizia que aquilo não era um bom sinal, e apenas aumentou quando a mão abandonou seu ombro.

The Space Between UsOnde histórias criam vida. Descubra agora