Milhões de confusões inexplicáveis de distância

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Finney continua sua explicação sobre equações do primeiro grau, mas sua mente está longe de pensar sobre qualquer cálculo matemático.

Porque ele sabe que Robin está fingindo não se lembrar de si.

De certa forma, isto é bom. Finney não saberia reagir se Robin chegasse dizendo "oi, sou seu amigo de infância, aquele que foi embora porque você fez merda" - seja lá qual merda que Finney tenha feito.

Mas há uma dor em seu peito, que está ali por alguma razão desconhecida, que quer gritar para Robin que Finney se lembra dele também. 

Maldito Billy, por que ele tinha que ter aberto a boca?

Finney direciona sua atenção para a pessoa ao seu lado. Robin está concentrado resolvendo alguns exercícios que Finney tinha copiado da lousa.

Robin ainda usava bandanas, e isso era um charme inesquecível. Seus fios de cabelo também estavam atrás da orelha como antigamente, deixando à mostra seu rosto perfeitamente desenhado e definido. 

A expressão que fazia quando se obrigava a pensar demais para resolver o exercício era uma graça. Finney teve que conter diversas vezes algumas risadinhas.

Mesmo depois de tantos anos, Robin continuava sendo a figura implacável e esplêndida que Finney conhecera.

— Eu fiz certo? 

Finney piscou, saindo de seu transe. Robin olhava de forma curiosa para si, a cabeça inclinada levemente para o lado e seu dedo estava em cima do exercício que tinha acabado de fazer.

— Vou ver. - Finney sorriu gentilmente. A expressão de Robin era muito fofa, não tinha como não sorrir.

Os cálculos de Robin eram um tanto bagunçados. Finney era incapaz de definir a ordem que tinha sido feito. Começava com a equação e, de repente, Robin estava dividindo algum número que mais parecia um garrancho.

De qualquer forma, o resultado estava certo, então Finney presumiu que Robin tinha entendido a matéria.

— Sim, está correto. - Sorriu orgulhosamente para Robin, que retribuiu o gesto. 

A sensação nostálgica abateu Finney com tudo. Trocar sorrisos sinceros era algo que Robin e Finney faziam todos os dias antigamente, seja por alguma conquista, piada, diversão...

E Finney não sabia o quanto sentiu falta disso até reviver a experiência.

Finney pigarreou, saindo daquele momento mágico.

— Certo, agora vamos para as equações do segundo grau e-

O som irritante do sinal soou pela escola, interrompendo as palavras de Finney e a explicação que o professor fazia para sabe-se lá quem - algum aluno novo que Finney não tinha se dado ao trabalho de prestar atenção.

Ele direcionou um olhar frustrante para Robin, que parecia um tanto perdido. Queria ficar um pouco mais ao lado do mexicano, ensinando-o equações, parabenizando-o por conquistas e sorrindo como um bobo.

Por que estava pensando nisso? Ainda bem que a aula tinha acabado. Seus momentos de socialização com Robin foram horríveis. Nada bom. 

Mentir para si mesmo nunca foi uma habilidade de Finney.

— Eu... Eu vou indo. - Finney apressou-se em dizer, reunindo seu caderno e seu estojo em seus braços. Não deu chance para Robin dizer qualquer coisa, apenas se levantou e voltou para sua carteira. 

Imaginou que Robin ainda estivesse lhe olhando, mas não iria olhar de volta. Ainda mais que agora o mexicano achava que usava presilhas rosas com laços.

The Space Between UsOnde histórias criam vida. Descubra agora