Capítulo 12 - Confus

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Charles estava no modo automático. Charlotte ligava para ele, mas ele simplesmente ignorava as ligações e as centenas de mensagens.

Era impossível estar mentalmente presente em qualquer lugar que fosse, enquanto ele não soubesse o paradeiro de Angel, ele não descansaria. 

O piloto fez questão de bancar todos os gastos de Esme pela Europa a procura de Angel. 

A polícia parecia não se incomodar tanto com o sumiço da garota. Sempre diziam a mesma coisa a Natalie.

"Estamos fazendo o nosso melhor nas buscas", "senhora, sabemos que é um momento difícil, mas não existe apenas a sua filha perdida", "vinte anos? não acha que ela pode ter fugido e simplesmente queira privacidade?"

Natalie estava cada vez mais zangada e sem esperança, mas Esme garantiu a mulher que faria o que pudesse para ajudá-la - e não seria junto da polícia. 

- Você já pensou por onde vai começar essa busca? - Charles roía suas unhas enquanto via as pessoas de um lado para o outro no paddock em Zandvoort, na Holanda.

Esme encarava a vista do trem que se aproximava a Nice.

- Minha cabeça está um turbilhão, mas acho que vou até a boate primeiro. Em Monaco, as coisas serão mais fáceis...

Charles assentiu, mesmo que Esme não pudesse vê-lo. Seu celular voltou a vibrar e alguns bipes interromperam a chamada, o piloto encarou a tela e viu o nome de Charlotte.

 - É Charlotte, de novo...

- Por favor, lembre-se do nosso acordo, não diga a ninguém que eu estou envolvida nisso. Por favor... 

- Ainda é um pouco difícil para minha cabeça processar tudo o que me disse e esse desaparecimento de Angel.

- Tudo o que eu disse a você é verdade, Charles - a voz da garota embargou do outro lado da linha - Precisa confiar em mim.

- Eu confio. Acredito em você, acredito por que vi a sua amizade com Angel e não achava que seria realmente possível tudo mudar de uma hora para a outra por... Nada.

Esme ficou em silêncio por alguns segundos, se esforçando para controlar seus soluços e suas lágrimas.

- Tudo o que eu fiz foi por amor, Charles...

- E eu agradeço. Como você disse, foi de uma forma estranha, mas... Foi por amor.

- Para no final dar tudo errado - Esme desabou em lágrimas do outro lado da linha. 

- Não. Ainda não é o final, Esme. Por favor, não é o final, estamos apenas começando essa busca. Vamos encontrar Angel, viva e bem.

Esme suspirou e assentiu. 

***

- Foi você... - Angel encarava Mattia com desdém.

O garoto estava distante dela, próximo a porta, como sempre - ele a temia, Angel sabia que sim, ela precisava acreditar que sim.

- Como a polícia nunca te encontrou?

- Já disse que tem uma pessoa influente que me ajuda, Angel. E além de que a polícia de Monaco não é tão eficiente - Mattia recostou sua cabeça no batente da porta - Foi fácil demais entrar no prédio de Charles. Eu só carregava uma bolsa e não preciso de muito para parecer esnobe. Quero dizer, fui abençoado com a beleza...

Angel desviou seu olhar de Mattia para encarar o prato vazio com restos de macarrão com queijo instantâneo. 

- E na boate?

- Eu estava prestes a sair de lá. Estava um pouco mais famoso e disse aos meus amigos que fazia parte de um protesto...

Angel voltou a encarar Mattia. 

- Seus amigos acharam que pixar "you are my angel" em uma boate e depois explodir a sua entrada fazia parte de um protesto?

Um sorriso de canto surgiu nos lábios de Mattia. 

- Esses meus amigos não são do tipo que fazem muitas perguntas, eles apenas fazem o que mandam fazer... São como operários e precisam de uma mente por trás.

- Igual a você. 

Mattia se zangou e avançou em Angel segurando com força no pulso da garota.

- Ela não manda em mim, nem nunca mandou! 

Angel estreitou seus olhos para Mattia, não tinha medo da força dele e nem dele - se esforçava para lembrar disso a todos os momentos.

- Quem diabos é ela!? - Angel murmurou, ríspida - Você vive falando ela, ela, ela! Nunca me deu um nome e eu quero saber quem é!

Mattia soltou o pulso de Angel e se afastou com um sorriso no rosto.

- Pode ser alguém que esteja na sua mente e pareça óbvio ou pode ser alguém que nem mesmo imaginava... Você escolhe, eu deixo. 

Angel sentiu a raiva subir pelo pescoço, junto de uma dor de cabeça e enjoo. Ela só queria sair dali. 



Gold | 2 | Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora