twenty six

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Uma pessoa não podia desaparecer tão depressa assim. Eu mesma não o permitia.


"Erica." Harry proferiu o meu nome rapidamente.


O monitor cardíaco mostrava os batimentos do rapaz pálido, agora, mais acelerados. As minhas mãos tremiam e eu sentia-me ligeiramente fraca.


"Estou a morrer, Erica." Disse ele, forçando o esticanço dos lábios, tento a tentativa falhada de um sorriso "Mas só te quero dizer, mesmo sabendo que a morte é algo bizarro, eu amar-te-ei mais quando estiver morto do que te amo agora estando vivo."


Uma lágrima escorria pela minha face que, segundos mais tardes, foi limpa pela mão frágil do Harry.


"Eu não quero que a minha última imagem tua - e da minha vida -, seja eu a limpar a cara da minha namorada."


Imitei-o, tendo pouco sucesso a fazer um sorriso, de forma a tentar animá-lo.


"É isso mesmo."

Ele sorriu.


O som agudo pausado e, posteriormente, rápido, era agora contínuo.


"Amo-te." tentei proferir.

Mas, porque é que haveria de dizer algo a alguém que já não me ouve?


Comecei a chorar. As rugas formaram-se na minha cara em puro ódio. A minha boca abriu de forma a que eu conseguisse gritar o máximo que eu podia, mas o som não saia de nenhuma parte a que eu pudesse denominar de sítio.

Fui retirada à força pelos médicos da divisão e assim que parei de ter a visão do Harry, foi quando finalmente consegui descarregar. Não neles, não em mim, mas em tudo. Foi tudo em vão.


Acordei, sentada numa cadeira ao lado da maca do rapaz de cabelo encaracolado, agarrada à sua mão.


"Não vás." Pensei.


Os olhos do rapaz adormecido estavam completamente perdidos no Mundo dos Sonhos, podendo eu confirmar que não o havia perdido para o Mundo das Almas pelo facto do monitor cardíaco ter os batimentos normais. A sua mão apertou a minha, que estavam entrelaçadas há algumas horas.


"Truz-truz." Disse Travis, acompanhando com duas batidas na porta. "Queres ir almoçar?"

"Não."

"Já dormiste?"

"Sim."

"Quanto tempo?"

Olhei para o relógio virtual em cima de uma pequena mesa de cabeceira azul bebé.

"Uma hora..." Respondi.

"Só?"

"E meia."


O meu irmão levou a mão à cara, pela minha ironia ao responder a sua pergunta.


"Vamos. Anda comer uma sandes." Ele agarrou-me firmemente no pulso livre.

"Mas não percebes? Eu quero ficar aqui."

"São só cinco minutos."

"E se estes forem os seus últimos cinco minutos?" Arranquei o meu pulso da sua mão quente e desidratada.

"Mas tens que comer."

"Continuas sem perceber." Rosnei silenciosamente em raiva, virando-me de costas para ele, voltando a agarrar a mão do homem deitado na maca que fazia puro contraste entre a sua beleza e a horribilidade do móvel onde ele se encontrava deitado.

"Então explica-me." Senti-o a cruzar o braços, tentando manter-se paciente.

"Eu..." Tentei começar. "Eu só sei que quero ficar com ele."


Um momento de silêncio permaneceu na divisão. Como todas as conversas comigo e com o meu irmão.


"Está bem, eu vou deixar-te." Os meus olhos regalaram em prazer. "Mas continuo sem perceber."


É normal uma pessoa que nunca amou, não perceber o que se pode sacrificar por alguém que se ama.

O meu irmão saiu da divisão, e eu sorri ao pensar numa pergunta comum. Dirigi-me rapidamente para o corredor onde Travis se encontrava.


"Mano!"

"Diz."

"A que é que sabe a água?"

"Não sei explicar."

Sorri, vitoriosa.

"Agora vê lá se já me percebes."



______

finalmente omfg

é pequenino mas acho que compensa? idk idk

nahh, não compensa, mas é alguma coisa

para a semana haverá um novo capítulo

(e quem sabe... talvez o último)


ADIOS

Thantophobia | h.s {reeditar}Onde histórias criam vida. Descubra agora