-- Aproximadamente oito anos mais tarde. --
"Trav, quero tomar banho!" repetia inúmeras vezes, ao mesmo tempo que batia na porta da única casa de banho, sem ter a possibilidade de as contar.
"Espera." ele afirmou, conseguindo ainda ouvir a água a escorrer.
"Disseste isso à dez minutos atrás." murmurei, sentando-me no chão "Tenho necessidades para fazer!" gritava, aflita.
"Espera!" repetiu, agora aos berros.
"Travis!" reclamei.
Foi possível ouvir a água a parar de escorrer, mas após esse acontecimento que me tinha dado uma sensação de alívio, ouvi outra fonte que deixava escorrer, igualmente, líquido, mas em menor quantidade. Captei, a seguir, o som do autoclismo. A porta abriu e gatinhei o mais rápido possível com a minha toalha para dentro da casa de banho, fechando o mesmo obstáculo que me havia sido aberto para a minha entrada naquela pequena divisão. Aliviei-me e decidi ir tomar um duche de corpo. Hoje o meu primeiro ano como caloira no liceu ia começar, e seria o dia das praxes, algo que eu estaria a sonhar desde o mês passado e com a maior das maiores ansiedades possíveis que poderia alguma vez obter na minha vida.
Seria hoje que me tornaria oficialmente uma verdadeira adolescente que já não andava mais na escola básica.
Fazia os meus em pouco tempo, por isso igualmente estaria a celebrar juntamente com este dia.
[...]
"Caloiros, abaixem a cabeça!" falava um já do último ano, com um megafone no topo de uma mesa situada no centro do pátio principal "Um alunos do 12º ano irá atar uma venda, o que vos irá impedir de ver,..." explicava o rapaz, enquanto me atavam o pano branco atrás da minha cabeça, passando pelos olhos e tendo a possibilidade de respirar, quer seja pela boca, como pelo nariz "Assim, ao meu sinal, vocês vão ter de andar aleatoriamente e agarrar um outro caloiro pelas mãos, sendo vocês do mesmo sexo, não interessa de forma alguma! Após encontrarem alguém, deem a mão ao vosso parceiro." ele terminou.
Esse rapaz deu o sinal a uma rapariga de saia curta e de gravata ao pescoço, fazer soar o som do apito, o que fez uma imensa confusão. Caloiros uns contra os outros, procurando uma pessoa que estava muito longe dela, enquanto eu gatinhava pela relva à espera de ser agarrada. Tendo pouco sucesso nessa minha técnica, levantei-me e estiquei os braços, esperando assim, e finalmente, que me agarrassem. E assim foi. Os meus dedos foram entrelaçados com um de outro alguém.
A minha curiosidade aumentava enquanto sentia a minha mão a ser apalpada e acariciada pelo outro ser humano que estaria à minha frente, sem pronunciar alguma única palavra.
"Rapaz ou rapariga?" interroguei, curiosa.