fourteen

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Nunca comuniquei com o casal Flintson pela seguinte razão: tinha medo que eles me vissem como uma má influência, mas quando eles, durante o jantar, disseram que já estavam para convidar a minha família para uma refeição há algum tempo fiquei surpreendida, mas acharam a havia algo que os impedia: a doença do meu pai, e talvez a morte da minha mãe - o tópico que decidiram não explicar o porquê.

"Mãe, podemos ir sair?" o caminho do garfo para a minha boca foi interrompido assim que o Harry decidiu soltar aquelas palavras. Olhei para ele, interrogando-me e a ele próprio para quê essa pergunta. Eu não tinha permissão para ir a outro sítio - apenas e somente podia estar na casa da família Flintson/Styles.

"Vocês ainda não acabaram de jantar." o vento do início do Inverno fez as cortinas moverem-se, o que fez a Srª. Flintson levantar-se a abrir a janela, apontando com a cabeça para a rua. "Para além do mais, está de noite, filho."

"Mãe, pelo amor de Deus, preciso de voltar a repetir?" a mão dele foi à testa, tapando a cara da forma que a mãe dele lhe tratara. Ele estava embaraçado. Eu pairava no que ele queria fazer, mas estava divertida com as suas reações de uma mãe comum "Pai." ainda com a cara tapada, sussurrou para o parceiro da mãe dele.

"Até às dez." o Sr. Flintson deu a sua palavra, fazendo o Harry levantar-se rapidamente da mesa e obrigar-me a comer uma última garfada para levantar o prato. "Mas primeiro a sobremesa, a tua mãe quis fazer uma mousse à última da hora para a Erica e não vão sair antes de a comer." era a sua condição, e não é que eu concordava? "Aliás, nem perguntaste à convidada se queria sobremesa."

Eu queria. E eu comi-a. O que o irritou, mas foi mais um ponto para mim e para a minha noite.

Saímos da habitação da família do Harry e fomos a um parque de crianças perto das nossas casas, onde as únicas coisas que se moviam naquele sítio era eu, o Harry, os baloiços e, de uma forma irritante e embaraçosa, o meu cabelo.

"Podes parar de tocar no cabelo, por favor?" o baloiço do Harry chegava mais alto que o meu, pois, invés de eu estar a fazer o impulso para subir cada vez mais, arranjava o meu cabelo. O culpado é o vento, e eu não podia fazer nada para o impedir senão mexer no cabelo.

"Se eu não mexer, não vais ver a minha cara, e eu não te vou conseguir ver - nem a ti, nem a mais nada." levantei-me do baloiço e arranjei o meu cabelo da forma mais brusca, pelo facto de estar tão irritada com o que estava a acontecer "Porcaria de vento."

"Vamos para dentro daquele tubo de metal." o baloiço do Harry abrandava ao mesmo tempo que dava a sua proposta.

Entrámos lá dentro e tentámos, desconfortavelmente, arranjar uma posição de forma que não nos deixasse corcundas quando saíssemos de lá então, o Harry sentou-se, dobrando as pernas para se manter mais pequeno, e eu deitei-me na sua barriga. As vantagens eram: não havia vento para estragar o meu cabelo e o mesmo não nos arrefecia, isto é, o sítio era agasalhador.

"Sabes, eu há um reduzido período de tempo estive a escrever, quando não conseguia adormecer." ele começou a falar, enquanto brincava com o meu cabelo "Aconteceu-me algo que eu tive de anotar, e acabei por escrever um texto."

"Podes ler-mo?" pedi-lhe, esticando as mãos até ao ponto mais alto daquele cilindro horizontal metálico.

"Achas que o sei de cor?" ele riu-se, levando as mãos do meu cabelo para o seu.

"Podias ter trazido o papel." olhei para ele que continuava com uma expressão risonha "Mas pelos vistos não trouxeste."

"Mas sei uma frase. Como é que era mesmo?" levou a outra mão ao queixo, enquanto pousava a que estava no seu cabelo novamente na minha cabeleira morena "Ah! É algo deste gênero: 'Eu nem sei porque é que a palavra 'sempre' existe, porque se a vida não é para sempre, porque é que outra coisa qualquer seria?"

Não reagi, porque era verdade. De facto, tudo o que ele dizia em vão, desde o dia que nos conhecemos, desde os nossos nove anos - tudo era verdade.

"É por isso que eu digo 'até que a morte nos separe', vou-te dar um exemplo: eu amo-te até que a morte nos separe." os meus olhos abriram com o seu exemplo, mas pouco depois voltaram ao normal após encontrarem-se com os seus. Ele começou novamente a brincar com os meus cabelos, e a outra mão livre foi até à minha bochecha, acariciando-a, assim começou a levantar a minha cabeça levemente. Os nossos lábios aproximavam-se mais lentamente do que nosso primeiro beijo - que havia sido obrigado pelos do último ano.

"Harry--" agarrei na sua cara, uma mão em cada lado da mesma, afastando-a discretamente "Eu amo-te muito, mas apenas como amigo."

"Não faz mal." um sorriso cresceu nos seus lábios, onde acariciava a minha cara agora apenas com o indicador; agarrei nessa mesma mão, também acariciando-a, mas com o polegar.

"Podes-me levar a casa? Já passam das dez."

"Claro."

quero pedir desculpa pela minha imensa demora, mas cá vai um capítulo!

escrevi quando queria e não queria escrever, mas acho que acabou por sair qualquer coisa de jeito -- lamecha, mas de jeito.

espero que gostem! :)

Thantophobia | h.s {reeditar}Onde histórias criam vida. Descubra agora