O meu corpo decidiu congelar, mas a minha mente parecia que havia acelerado de uma forma incomum. "O que estás a fazer?" era a questão que se repetia inúmeras vezes na minha cabeça. Palavras foram ditas, mas não captadas pelos meus pequenos ouvidos, apenas minúsculos sussurros quase inaudíveis.
O rapaz que os seus lábios se haviam separado dos meus levantou-se e a minha cabeça seguiu os seus movimentos, que podiam ser tão delicados mas tão bruscos ao mesmo tempo. Os seus olhos encontraram-se com os meus após ele ter arranjado o seu cabelo encaracolado e desmazelado. Um sorriso foi transparecendo na sua cara lentamente, onde ele esticava a sua mão para me ajudar a sair daquele chão lamacento. Eu continuava imóvel, após minutos mais tarde o meu ser estar assente mais uma vez no planeta terra e decidir agarrar no seu membro que estaria exposto para me beneficiar o meu levantamento.
"Todos os alunos do último ano, vão ter com os casais que não se beijaram." essa ação foi realizada pelos mais velhos seguida a ordem do 'líder' "O resto, dispersem." concluiu.
A campainha tocou, mesmo não tendo algum tipo de efeito, pois hoje apenas era dia de praxes.
Caminhei com o rapaz pálido até ao interior do edifício escolar, vendo-o parar à frente de uma máquina onde vendia bebidas, fruta e chocolates.
"Posso comprar-te alguma coisa?" ele interrogou-me.
Arregalei os meus olhos com admiração, enfiei as mãos numa pequena mala que havia levado e encontrei as chaves de casa, juntamente com o meu telemóvel e a minha carteira. Retirei o último objeto, procurando um par de moedas de um euro.
"Eu tenho dinheiro." respondi-lhe "Obrigada na mesma." terminei.
"Não tens de quê."
Ele decidiu afastar-se da máquina, esticando os seus braços na direção do mesmo mecanismo que servia comida. Aprocheguei-me do mesmo, e enquanto enfiava a moeda no pequeno retângulo fino, visualizava o rapaz encostado ao mesmo objeto que eu usava, desembrulhando o papel do Twix que estava para digerir. Pressionei os botões 0 e 5. Uma água fresca caiu, e retirei-a, juntamente com o meu troco.
Ele sorriu mais uma vez, e uma pequena criou-se uma pequena cova pouco depois do final dos seus lábios, o que me fez lembrar uma personagem familiar.
"Eu conheço-te?" questionei-lhe, curiosa.
"Agora sim." respondeu-me, virando-se para mim.
"Não me refiro agora." sacudi a cabeça em negação "Digo, antes. Se já te conheci antes."
"Vemo-nos amanhã, está bem?" ele sorriu uma última vez com a sua mão livre pousada no meu ombro. Virando-se assim, e, simplesmente, retirou-se.
"Quem és tu?" indaguei-me, confusa.
