fifteen

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Posso dizer que a minha rotina alterou-se, tornando-se, agora, extremamente amigavelmente estranha, ou mesmo talvez estranhamente amorosa. O Harry disse que não se importava por eu não sentir o mesmo por ele, mas comecei a receber cada vez mais pedidos para encontros, e saídas. Ele queria estar comigo e eu também, ele é o meu melhor amigo, não é só por ele começar a ter sentimentos por mim que eu deva agir de uma forma diferente. Talvez um dia olhe para ele da mesma forma, ou não.

O meu telemóvel tocava, e não era do despertador. Eu nunca colocara despertador ao fim-de-semana. Grunhi em revolta e coloquei a almofada sobre a minha cabeça até o aparelho finalmente parar de tocar. O que me irritou ainda mais foi, após dez segundos de puro silêncio, a música começar desde o início. Peguei no telemóvel rapidamente e tentei observar quem me ligava, mas a minha visão estava demasiado cansada e desfocada para conseguir ler as letras claras que faziam contraste com a escuridão do meu quarto, sem hesitar, atendi.

"Quem é?" a minha voz estava rouca, ensonada.

"Podias começar a olhar para o ecrã do teu telemóvel, os nomes estão lá escritos." uma voz masculina imitava a minha. Harry, óbvio. Ouvi uma gargalhada rouca, mas agora era a rouquidão da sua voz. "Já viste o dia de hoje?"

"Harry, acabaste de me acordar. A única luz que tenho é a do telemóvel, e mesmo assim, o telemóvel está bloqueado."

"Então levanta-me esse rabo da cama e abre os estores do teu quarto." eu senti o seu sorriso a crescer pelo outro lado da linha telefónica e decidi levantar-me da cama. Caminhei lentamente até à janela mais próxima, que estara ao lado direito da minha secretária. Eu espreguiçava e bocejava antes de começar a puxar os cordões para eles deixarem a luz iluminar agora o meu quarto. Abri a janela para a divisão respirar e inclinei-me, olhando para cima, e depois, para a frente.

"Desde quando é que nos conseguimos ver pela janela dos nossos quartos?" o Harry estara no outro lado da estrada, sentado no parapeito da sua janela, a apanhar o sol de verão durante o inverno de Inglaterra. É raro o tempo estar assim, ainda por cima nesta estação, agora era suposto estar a chover torrencialmente, ou até mesmo a nevar, mas estava sol.

"Desde sempre. Tu é que és burra." ele gozou comigo. Estávamos agora a olhar um para o outro, mas ainda em chamada, o que eu achara ridículo porque era fácil comunicarmos pessoalmente. "Já reparaste?" a sua cabeça levantou, e eu continuava olhar para ele após um novo sorriso tivera projetado na sua face. "Que belo dia. E a piscina de hoje está vazia."

"Como sabes?"

"Fui espreitar lá, à meia hora atrás." eu agora olhava para baixo, colocando o seu telemóvel em voz alta e pousando-o em cima da secretária para não cair. Sentei-me ao parapeito da minha janela, copiando-o. "Queres ir?"

Acenei, afirmando. Como sempre, aceitara sempre os convites do Harry.

"Veste o biquíni e vamos."

[...]

Com sorte convenci o meu pai a ir, e ao Travis nem devia sequer perguntar. Idiota de irmão.

Levei uma boia com a forma de um dinossauro já à minha cintura, desde que saí de casa até à piscina. Já o Harry transportava um insuflável, mais umas barbatanas calçadas. Não sei para quê tanta coisa, mas ele levou-as para a piscina, que estava parcialmente vazia. Meia dúzia de pessoas aproveitava o belo tempo de hoje para descansar e até apanhar um belo bronze, já que todas as pessoas que se encontravam nesta piscina eram extremamente pálidas.

Estendi a toalha por cima da cadeira de plástico branca coberta com um tecido azul e oiço um "splash" atrás de mim, mas ignorei. Retirei a t-shirt. O Harry disse que queria mergulhar, e assim fez. Mas não contava que as minhas costas ficassem completamente encharcadas com os salpicos propósitos do Harry. Quando virei-me para ele, via o seu desenho por debaixo da água a nadar para o mais longe possível, então virei-me novamente de costas, pensando que ele iria demorar para repetir a sua ação, isso, se quiser repetir - algo que eu não aconselhava de todo. Retirei os calções e o protetor solar, colocando-o no meu corpo, eu ainda estara de costas para a piscina.

Dois braços molhados agarraram o meu corpo, o que me fez estremecer com a diferença de temperatura.

"Harry!" esperneava e berrava enquanto ele puxava-me cada vez mais para a piscina.

"Não me magoes, Erica. É só uma brincadeira." ele gargalhava, ainda fazendo o mesmo esforço para me molhar. Pontapeou a boia semelhante a um dinossauro para dentro da piscina e tentou atirar-me lá para dentro, com falhanço épico. Assim que voltei à superfície ele atirou o insuflável e calçou as barbatanas rapidamente e mergulhou para o meu lado. Colocou a boia e puxou o insuflável azul para perto de nós.

"Deita-te aqui." ele bateu duas vezes em cima do mesmo objeto e de seguida arranjou o seu cabelo encharcado, fazendo um movimento rápido para o seu lado direito e soltando salpicos de água nos seus 180º.

Sem sucesso tentei deitar-me naquela coisa azul que me começara a irritar. Tive de sair da piscina e aterrar lentamente nela, o que o fez rir mais. Assim quando, finalmente, consegui fazer o sucedido ele situou-se atrás de mim, agarrou-se ao insuflável e começou a bater com os pés, tal e qual como um motor. Achei a sua ação inteligente, utilizando a boia para não se afundar.

Algum tempo mais tarde, o Harry parou de nadar, e eu apenas fiquei a boiar, silenciosamente.

"Que bom, não achas, Harry?" ele não respondeu. Mas começara a ser um silêncio que eu já não começara a confiar. Quando comecei a sentir um movimento por debaixo do insuflável decidi tapar o nariz. E fiz bem, porque ele virou. O Harry virou-me o insuflável ao contrário.

"Agora é a tua vez de me empurrares." passou-me a boia, que já havia retirado sem eu sentir essa ação "Não sou nenhum escravo."

Thantophobia | h.s {reeditar}Onde histórias criam vida. Descubra agora