Capitulo 23

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LUIZA POV

Sabe quando você tem certeza que estão de escondendo alguma coisa?

Pois é, tem uns dias que minha mãe e meu irmão não atendem minhas ligações, não me retornam e isso me deixa receosa, eu não tive como ir visitar eles, e isso me deixa super mal.

O que mais me preocupou foi que Eliza foi visitar os pais dela e acabou indo visitar minha mãe, e voltou dizendo que precisava conversar comigo, eu estou sentindo um medo muito grande. Eu só espero que não seja nada grave, eu não suportaria mais uma perda.

Eu e Eliza marcamos de nos encontrar numa praça no centro da cidade, eu já estou aqui a esperando. Não demora muito e vejo seu carro parar logo atrás do meu e ela descer.

Eu estava encostada no meu carro e ela me cumprimentou com um aperto de mão, estava séria.

- Podemos nos sentar? - ela perguntou apontando para o banco que havia a alguns metros a nossa frente.

Eu assenti e fomos caminhando.

- Você esteve com minha mãe e meu irmão?

Ela respirou fundo.

- Sim, eu estive.

- Eliza, por que eles não me atendem? Por que não me ligam? O que aconteceu? - perguntei com medo.

Ela segurou minha mão. E me olhou nos olhos.

- Luiza, Dona Bárbara está muito doente novamente. - meu coração se apertou. - Mas você conhece sua mãe, ela é teimosa, não queria contar para você e Tim, bom, você sabe, ele obedece todas as ordens. Ele continua no emprego, mas os remédios dela são muitos, ela estava sem, eu que comprei nessa minha ida lá depois de muita luta porque ela não queria.

Meus olhos se encheram de lágrimas.

- A-a minha mãe está doente? - ela assentiu apertando minha mão. - O mesmo da última vez?

Eliza fechou os olhos e os abriu me fitando.

- É pior... - meu coração apertou e as lágrimas teimosas escorreram. - Lu, você precisa manter a calma, pois isso não é o pior.

Eu engoli a seco e a encarei.

- O que pode ser pior?

- Os médicos de lá não conseguem investigar direito, nós precisamos trazer Dona Bárbara para cidade. Ou...- ela deixou no ar e eu pude entender.

Eu chorei mais ainda e Eliza me puxou para um abraço.

- Eu nunca deveria ter saído de casa...

- Hey, não diga isso, está tudo bem. - alisava meu cabelo - tudo bem.

Parei de chorar e me afastei do abraço de Eliza limpando minhas lágrimas.

A minha mãe é minha base, e só a ideia de perdê-la faz meu mundo desabar.

- Eliza, obrigada, você gastou quanto com os remédios? Eu posso te pagar. - falei pegando minha bolsa e ela me impediu.

- Não comprei para que você me pagasse, eu gosto de sua mãe, é meu presente pra ela.

Eu sorri para ela.

- Eu não sei como agradecer. Você sempre foi muito boa comigo e minha família.

Ela riu.

- Isso não te impediu de me largar.

- Eliza...

Ela levantou os braços em rendição.

- Eu vou estar fora da cidade uns dias, mas você tem meu número, me ligue qualquer coisa. - sorriu e beijou minha bochecha. - se cuida, Luiza.

Levantou e foi embora.

Certo, eu não tenho condições financeiras boas, mas preciso ir buscar minha mãe que está morrendo e não suportaria uma viagem tão longa de carro, preciso trazer ela para se tratar num hospital bom que eu também não vou ter condições de pagar. Meu Deus, o que eu vou fazer?

Levantei do banco e olhei para o outro lado da rua.

Ok, tomar sorvete pode ser uma ideia para refrescar minhas ideias.

Minha cabeça estava doendo, meus olhos vermelhos denunciava para todos que eu havia chorado e muito.

- Luiza...

Entrei na sorveteria e fui surpreendida por uma voz grossa familiar.

Levantei a cabeça e vi Sr Carlos e Valentina, minha morena tinha um sorriso que sumiu aos poucos quando encarou meus olhos e eu sorri fraco.

- Junte-se a nós. - Carlos convidou.

- Não quero atrapalhar.

- Você não vai atrapalhar. - Valentina falou me olhando preocupada e parou o garçom. - Traz mais um sorvete de flocos, por favor.

Sorriu para mim e por uns minutos esqueci de minhas preocupações, perdida naquele sorriso e olhos. Me aproximei e sentei.

- Eu seria muito intrometido de perguntar o por que desses castanhos úmidos, Luiza?

- Pai!!!- Valentina  repreendeu o pai arregalando os olhos e ficando vermelha.

Eu ri fraco.

- Tudo bem, Valentina. - ri e ela me olhou esperando que eu contasse.

Então eu expliquei toda história da minha mãe para eles e Valentina tinha os olhos úmidos quando chorei de novo, acredito que se não fosse pelo pai, já teria me agarrado e tentado me proteger de toda minha ansiedade.

- Aonde sua mãe mora? - Carlos me perguntou.

- Mais puro interior da cidade. Por isso o atendimento é mais precário. - expliquei.

- Tadinha dela. - Tina tinha algumas lágrimas escorrendo e eu tentei de todas as formas me segurar mas acabei passando a mão em seu rosto e pedindo que ela não chorasse baixo.

Ato esse que não passou despercebido por meu "sogro". Ele tossiu e disse...

- Traga sua mãe, Luiza, eu vou te ajudar com os gastos.

Valentina o encarou e sorriu.

- Não, de forma alguma. - falei rapidamente. - obrigada, senhor Carlos, mas não, eu não posso aceitar.

- CLARO QUE PODE - Valentina gritou e nós a olhamos e ela sussurrou um "desculpa" para o pai.

- Luiza, é admirável sua postura, porém, pelo que vi, não há tempo a perder com bons ensinamentos, afinal. - ele me olhou sério. - Você quer ver sua mãe morrer porque você foi orgulhosa e não aceitou minha ajuda?

Uhh, golpe baixo senhor Carlos.

Eu só neguei com a cabeça e senti a mão de Tina cobrir a minha quando uma lágrima escorreu.

- Aceite, Lu. - ela Sussurrou.

Eu a encarei por breves segundos e ela me sorriu, eu olhei seu pai e assenti, ele abriu um grande sorriso.

- Passe lá em casa amanhã, vamos arrumar um jeito de buscá-la confortávelmente.

MY TEACHER ~ VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora