- Ei! Chegamos, dorminhoca!
Tinham se passado 6 horas e era como se tivesse passado 10 minutos. Enquanto todos saíam do avião, observei pela janela. Estava começando a nevar. Signtown é uma cidade bem pequena, com muito poucos habitantes, então a maior parte das pessoas já estavam cientes do ocorrido. No bairro de meus avós, pude notar algumas pessoas olhando de rabo de olho para mim. Com certeza estavam com pena, e eu odiava esse sentimento.
- Não liga pra esse povo, meu amor! São um bando de sem o que fazer.
Meu avô sempre entendia meus olhares, e aquilo era muito reconfortante pra mim.
Meus avós me perguntaram se eu queria dar uma volta pela cidade, mas disse que não. Assim que eles saíram do quarto, desfiz todas as malas e guardei minhas roupas na cômoda. Preferi não trazer nada do meu quarto, nenhuma decoração. Por isso, o quarto parecia vazio, ainda não sentia que aquele era o meu quarto. Logo iria redecora-ló e tudo ficaria bem. Abri a porta do meu quarto e dei de cara com outra porta bem em frente. Tentei me segurar, mas não deu, eu tinha que olhar. Era o quarto da minha mãe. Peguei na maçaneta e a girei. Uma onda de alegria/tristeza me atingiu em cheio. Quando minha mãe saiu da casa dos meus avós, ela pediu que eles deixassem o quarto dela do jeito que sempre foi, então entrar ali era demais pra mim, era mais do que eu conseguia aguentar, mas eu tinha que fazer isso. Então entrei no quarto. Percorri cada cantinho. Olhei as roupas. Senti os perfumes. Me deitei na cama dela junto a uma blusa agarrada ao peito. Chorei. Chorei. Chorei. E chorei. Minha avó me encontrou adormecida ali, e desde esse dia nunca mais tive coragem de entrar outra vez.
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sur(real)
RandomQuando pequena minha avó contava histórias de vampiros malvados, e eu adorava. Dizia para eu tomar cuidado, que eles adoravam sair a noite. Eu ria e debochava dela, porque é claro, vampiros não existem. Hoje, depois de alguns anos, percebi que a min...