Anna não queria que eu fosse para Darkswood, disse que poderia ser perigoso, e ela tinha razão. Mas se quiséssemos viver juntos, esse era o único jeito.
Se eu dissesse a minha família o que eu pretendia fazer, certamente eles me prenderiam em casa. Por isso resolvi partir de madrugada, por um tempo eles não conseguiriam me encontrar mas depois de alguns dias conseguiriam me rastrear. Pelo menos eu teria algum tempo. Eu precisava me apressar.
Arrumei uma pequena mala com algumas roupas, peguei a chave do carro de um dos meus irmãos e parti.
Eu sabia que poderia não encontrar respostas satisfatórias, mas eu precisava pelo menos tentar. Eu não suportaria ter de viver sem a minha Anna.
Dirigi duas horas até Darkswood, já estava amanhecendo quando fiz check in num hotel barato de beira de estrada.
Joguei a minha mala em cima daquela cama dura e me sentei em uma poltrona. Eu não sabia por onde começar. Eu não podia parar um qualquer na rua e perguntar se ele conhecia a mulher que tinha a cura para maldições de vampiro, certamente me internariam num hospício. Por isso resolvi observar. Darkswood era uma cidade onde já foram registrados vários casos de seres sobrenaturais, ainda deviam existir um ou dois vampiros por ali.
Um dia se passou e nada de eu encontrar um vampiro que pudesse dar alguma direção. Eu ficava sentado em bares e cafés por horas a fio.
Quando eu já estava perdendo as minhas esperanças, encontrei ela. Meu radar de vampiro logo me alertou. Era uma loura, alta e de olhos esverdeados. Passeava pela calçada com um cachorrinho. Quando notou minha presença, me encarou com olhos curiosos.
Esperei mais um dia até que eu tomasse coragem.
Era uma quarta feira e lá estava ela de novo passeando com seu cachorro. Me levantei e comecei a segui-la. Quando ela percebeu o que eu estava fazendo, desacelerou o passo.
- O que você quer de mim?
- Quero pedir uma informação importantíssima pra mim. Por favor, vamos nos sentar em algum lugar, eu prometo que não vai demorar muito.
Ela hesitou um pouco. Continuou andando. Então ela atravessou a rua e se sentou numa mesa. Pedimos dois cafés.
- E então? - Ela disse enquanto me encarava com aqueles incríveis olhos verdes. Tirei do bolso aquela carta. Ela leu com atenção e me devolveu.
- Eu queria saber se você sabe alguma coisa sobre essa mulher. Eu preciso dessa cura para a maldição porque... porque tenho ela.
- Olha, eu sinto muito, mas a única coisa que eu sei é que essa carta é muito antiga. Essa mulher provavelmente nem mora mais em Darkswood, você sabe, os vampiros estão em constante mudança.
Aquilo não podia ser verdade. Senti meu mundo desabar. Eu tinha que encontrar essa mulher aonde quer que ela estivesse.
- Eu vou te passar um endereço de um amigo meu, ele vai poder te ajudar nisso, eu acho... Bem, ele me ajudou com a minha. É uma cidadezinha perto daqui, uns 30 minutos. - ela estava escrevendo em um guardanapo. -Olha, eu odeio ser estraga prazeres, mas... talvez não seja pra vocês ficarem juntos. - disse enquanto me entregava o papel.
Eu não respondi, apenas peguei o papel.
- Obrigado!
Enquanto andava o caminho de volta pro hotel, pensei no que aquela vampira me disse, ela estava errada. Anna e eu nascemos para pertencermos um ao outro e eu iria até o inferno se fosse preciso.
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sur(real)
RandomQuando pequena minha avó contava histórias de vampiros malvados, e eu adorava. Dizia para eu tomar cuidado, que eles adoravam sair a noite. Eu ria e debochava dela, porque é claro, vampiros não existem. Hoje, depois de alguns anos, percebi que a min...