last hope - (Anna)

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Domingos em cidades pequenas são dias de igreja. Péssimo dia. Eu nunca fui muito religiosa, mas meus avós sempre foram, então sempre que eu vinha passar férias aqui era obrigada a acordar cedo e passar duas horas na igreja. E não ia ser nada diferente agora que eu estava morando aqui, então fiz um esforço e fingi que estava adorando aquilo.
Assim que aquelas duas horas que pareciam trinta finalmente acabou, fomos para a segunda parte da tortura: ir para a porta da igreja conversar com os vizinhos. Como meus avós moravam muito tempo em Signtown, muita gente vinha falar com eles. Sorriam para mim e perguntavam como eu estava me sentindo. Tudo bem, obrigada. Quando finalmente entramos no carro para vir embora senti um alívio imenso.
Às vezes eu era um pouco egoísta com meus avós, eu esquecia que eles perderam a filha, não foi só eu que perdi meus pais. E eu odiava ser assim. Eu queria muito deixar de ser a garotinha que perdeu os pais, a frágil, queria engolir a dor e dar um pouco de atenção a eles, queria que eles se esquecessem de mim e vivessem o luto deles. Mas eu não conseguia. Quando eu me dava conta já estava chorando no colo deles, dizendo que eles não sabiam o quanto é ruim perder alguém assim. Mas eles sabiam até mais do que eu.

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