Capitulo 31: Fica comigo esta noite

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Pela primeira vez em muitos anos, Theo se sentia bem recebido em seu castelo.
O clima era de alegria e festa e de uma certa forma aquilo lhe trazia um contentamento inesperado.
Havia coisas boas naquela tonada de decisão inusitada que foi seu casamento com Margery.
A única questão que pesava no seu coração era aao fato de não poder viver os bons sentimentos que teve por ela. A atração, a confiança, a admiração...
Interrompendo seus pensamentos, Lady Hilda, se aproximou dele e seu semblante era de preocupação. Ela fez uma reverência e ficou parada olhando para ele, torcendo as mãos na frente do corpo.
-Quer me falar algo milady?
Hilda estava num conflito. Deveria contar ao rei que a rainha estava grávida e que talvez precisasse de cuidados? Ou trairia a confiança da rainha, contando ao rei seu segredo?
-Ser dama de companhia não é uma posição! Realmente não era!
Hilda então começou a falar o que seu coração mandou.
-Sim milorde. Vim lhe avisar, que vossa Majestade está em seu quarto repousando. Creio que a viagem foi cansativa, por isto ela não compareceu ao banquete.
Theo ficou em silêncio. Na verdade, não queria saber nada sobre Margery, mas como havia feito um acordo de convivência pública, ele decidiu parecer interessado.
-Serviram-lhe um jantar?
Hilda assentiu.
-Sim milorde.
Theo então a dispensou.
-Então está bem.
Quando lady Hilda virou-lhe as costas, Theo ficou com a impressão que havia algo a mais a ser dito. E pelo visto, a rainha tinha o dom de fazer as pessoas mentirem por ela.
Após alguns minutos, Theo decidiu ir para o seu quarto descansar. A viagem e as comemorações o haviam cansado demasiado. Em poucos dias partiria para Craig para a chegada do primeiro barco que iria atracar em Craig vindo do oriente.
Ao entrar no seu quarto, a banheira estava cheia com água quente, havia vinho sobre a mesa e pães com carne.
Ele retirou seu manto, seu colete de couro, guardou suas armas e encheu uma taça de vinho.
Estava inquieto. Declarar guerra a Margery estava lhe fazendo mal. Mas ela havia feito uma coisa terrível e perdoa-la era uma das coisas mais difíceis que podia fazer  a si mesmo.
Ela o havia magoado profundamente, quando seu coração estava aberto para todo o sentimento que sentia por ela. Não sabia como consertar isso. Nesse momento, só queria lhe infligir dor. Porque ele estava repleto de dor.
Deitou-se não cama e de repente se levantou e acionou a portinhola que dava na passagem secreta.
Percorreu silenciosamente o estreito corredor que dava no quarto de Margery.
Entrou, e ela estava deitada na  cama com os lindos cabelos espalhados pelo travesseiro. Suas mãos estavam sobre o seu ventre e ela nunca lhe parecia tão bela e frágil.
Margery dormia um sono profundo, e sua boca carnuda estava ligeiramente aberta.
Theo a olhava e seu desejo explodiu. Sentia falta dela. Sentia falta do seu corpo e da intimidade que eles conquistaram tão rapidamente e da mesma forma se extinguiu.
Margery se mexeu  e abriu os olhos e o rei estava em pé na sua frente com os longos cabelos soltos, a túnica branca aberta deixando à mostra seu peito torneado.
Eles ficaram se olhando por um tempo.
Margery foi a primeira a romper o encanto.
-Milorde precisa de  algo?
Theo continuou olhando para ela e Margery viu que  o corpo dele reagia a sua presença. Ele estava com vontade dela! Seu corpo lhe dizia isso, e Margery começou a respirar rapidamente.
-Não.
Theo respondeu secamente. E ao mesmo tempo seu membro rígido lhe dizia uma outra coisa.
Ambos sabiam o que estava acontecendo ali: o desejo de ambos estava a flor da pele!
O rei então caminhou até a abertura da passagem secreta.
Margery se apoiou nos cotovelos e o chamou suavemente:
-Milorde.
Theo parou sem se virar.
Notou que suas  mãos tremiam quando pegou a maçaneta de ferro. Ele aguardou.
-Fique comigo esta noite.
O rei fechou os olhos.
Era tudo o que ele mais queria no mundo. Se deitar ao lado dela e fazer amor com calma, apreciando cada parte do seu corpo, se perder na sua intimidade, beijar-lhe os seios pequenos e a boca deliciosamente carnuda...
Sim! Ele queria aquilo mais que tudo!
Mas se fizesse isso, para onde iria sua integridade? Faria amor com ela e depois continuaria a odiá-la com todas as forças do seu coração? Ela era sua inimiga. Tentou matá-lo.
Lhe mentiu com a destreza de Salomé,  mas mesmo assim ele ainda a queria! Mas não podia se perder nos seus encantos novamente.
Essa mulher era perigosa! O melhor era se afastar dela o mais rápido possível.
E assim o fez.
Margery ficou olhando para o rei fechar a portinhola atrás de si. Uma parte do seu coração ficou pesado de dor. Ele sequer a tinha respondido! Era muita humilhação passar por aquilo!
Porém, uma outra parte do seu coração, que era a sua parte sobrevivente, guerreira e lutadora, lhe movia  a modificar aquela situação.
Ela sabia que havia cometido um crime contra o rei. Sabia que ele havia relevado devido a uma causa maior que era a estabilidade dos reinos. Estar numa guerra era dispendioso  e também muito perigoso. Margery o  entendia nesse ponto.
Mas não queria compreender porque ele negava a atração explícita que sentiam um pelo outro. Porque não lhe perdoava e poderiam viver  felizes? Criar seu filho? Governar com justiça e honra?
Margery sabia que esse ódio fortuito, essa atração negada era por causa de um único empecilho: o amor do rei por Aysha!
Deitando novamente, Margery decidiu dormir novamente. Ela não se sentia bem. Seu corpo estava diferente e tudo o que ela mais queria está noite, era estar ao lado de Theo.
-Porque você não disse sim?

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