Capitulo 23: A chegada do herdeiro

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Quando a comitiva de Theo chegou a Craig, o reino estava em festa com a chegada do pequeno príncipe, o herdeiro de Derek.
Theo saltou do cavalo e o próprio rei de Craig veio recebê-lo com um ar de felicidade que era contagiante.
-Seja bem vindo majestade! Agora sou pai!
Theo o abraçou e o beijou no  rosto.
-Parabéns meu amigo!  Como está Roshlyn?
Derek o abraçou levando-o para dentro do castelo.
-Se recuperando. Vai estar bem em alguns dias, parece que todas as mulheres do castelo estão cuidando dela e não me deixam chegar perto da minha própria esposa.Mas enfim...o que fazer se quando elas se juntam fiquem  tão poderosas?
Theo estava distraído, olhou para trás e viu Diot, parada com sua roupa simples e os longos cabelos presos  sob a touca. Ela parecia perdida, sem saber  para onde ir.
-Espere um minuto Dek.
Theo então se aproximou de Diot e lhe falou:
-Não fique assustada. Joran vai providenciar tudo o que precisa. Nos vemos mais tarde.
Margery o olhou como se estivesse esse caindo num abismo profundo, mas disfarçou o nervosismo com um sorriso.
-Não se preocupe milorde, eu sei me cuidar.
Theo sorriu.
-Eu sei que sabe.
A vontade dele era entrar de mãos dadas com ela pela porta da frente. Ela não merecia receber alcunha de amante do rei. Ele não queria isso para os dois, mas sabia que em breve, assim que as pessoas tomassem ciência da relação de ambos, era isso que fatalmente iria acontecer.
Derek estava curioso com a atitude de Theo, que sempre foi  muito reservado, e ficou olhando os dois conversarem e foi ficando surpreso com a maneira protetora e sorridente do seu amigo, para com  a belíssima criada que o acompanhava.
Quando Theo voltou para o seu lado, Derek deu o braço para o amigo e bem humorado falou:
-Então agora  tem uma criada como amante? Quem diria hein caro amigo?  Mas você escolheu muito bem. É belíssima!!
Theo tirou a mão de Derek do seu braço com um safanão
-Se não quer receber um soco nessa sua cara bonita é melhor calar a sua boca!
Derek soltou uma gargalhada e enquanto entravam no grande salão, encontraram Cornell que descia as escadas que vinham do segundo andar.
Cornell abraçou Theo com carinho.
-Como vai? Fez boa viagem?
Theo respondeu rabugento. -Estava, até chegar aqui.
Cornell olhou de um para o outro.
-Tudo bem? O  que fez com ele Derek?
Derek continuou sorrindo achando tudo muito divertido.
-Eu? Eu não fiz nada!!!
Theo estava de mal humor. Não havia gostado da conotação nas palavras de Derek. Diot não Era sua amante... ela era...Era... a sua amante mas sem a conotação pejorativa que Derek deu a palavra.
-Está tudo bem meus amigos! Seja bem-vindo Theo. Vamos brindar a vida do príncipe?-Disse Cornell.
Todos assentiram e entraram para o salão principal. O clima era festivo e agradável e quando a rainha Roshlyn entrou no salão com o pequeno herdeiro, todos o saudaram com uma longa e respeitos reverência.
Derek se juntou a esposa e a guiou até o trono com carinho e cuidado.
Theo estava muito feliz de estar ali. Era realmente um bom dia. Esperava porém, que Diot estivesse  bem e que mais tarde, pudessem se encontrar no quarto designado a ele. Sabia que não devia dormir com ela no castelo de Craig, pois Roshlyn havia proibido alguns tipos de comportamento considerado libidinosos pela rainha. Mas no caso deles, não havia coação. A relação deles era feita com carinho e cuidado. Esperava que Joran providenciasse tudo para que Diot pudesse estar com ele essa noite.
...
A tarde, as mulheres de reuniram na sala de costura. Roshlyn foi para o seu quarto para evitar excessos, já que havia participado na parte da manhã, da apresentação do príncipe a corte e precisava descansar.
Felicia entrou na sala acompanhada de Margery.
Beatrice que se encontrava na sala, ficou olhando para a criada, encantada com sua beleza extrema.
-Está é Diot. Minha paciente do reino de Brugnaro. O motivo  que me fez atravessar os dois reinos a cavalo em três dias. Mas olhem que belezinha! Está curada.
Beatrice bateu palmas, feliz.
Aysha a olhou e sorriu. Uma bela moça! Então ela foi o motivo que  fez Theo convocar  Felicia com tanta urgência. Ao vê-la,  sua beleza e simplicidade encantadora, entendeu porque a fisionomia de Theo estava leve, sem a tensão e tristeza habituais.
Porém, ficou intrigada. Durante todos aqueles anos, Theo era um solitário convicto.
Sabia que ele havia tentando fazer acordos de casamento com reinos de pouca importância, porém seus pedidos foram recusados por causa de sua origem. Isso o levou a uma reclusão muito maior. Afastando-o das relações sociais e focando apenas nas coisas relativas ao seus reinos.
Felicia interrompeu seus pensamentos.
-Agora vou levar Diot até a praia, para que ela possa tomar um banho de mar, como parte do seu tratamento.
Quando as duas saíram, Beatrice se aproximou de Aysha.
-Será que teremos um casamento entre um rei e uma plebeia? Eu realmente iria adorar! Eu amo histórias de amor.
Aysha olhou  para a Rainha de Dalibor, tentando disfarçar um incômodo. Ela sempre soube que Theo tinha um amor platônico por ela. Vê-lo interessado em uma outra mulher, bela e jovem,  lhe deu um certo sentimento de perda. Mas ele era um homem tão bom. E merecia mais do que ninguém ser feliz.
Então sorriu para Beatrice.
-Vamos ver se conseguimos fazer esse casamento.
Beatrice que começou a amamentar seu filho Ricard, aprovou a ideia com um sorriso.
...
Quando chegaram na praia, o semblante de Margery mudou. Seus anos na prisão de Brishen, ouvindo dia e noite o barulho do mar batendo nos rochedos, a fez se sentir paralisada. Lembrou-se de sua fuga da ilha num barco velho e do pavor que sentiu em ficar a deriva num mar desconhecido, cheio de serpentes e possivelmente de monstros marinhos que poderiam tê-la devorado.
-Oh! Eu não quero lembrar que tudo isso aconteceu! Estou livre agora!
Felicia notou a mudança de humor de Margery.
-O que foi Diot?
Diot! Maldita Diot!
Queria gritar para todo mundo ouvir que seu nome era Margery, Rainha do reino de Brugnaro! Queria ser ela mesma, sentar-se na mesa junto com Theo e os demais nobres, e não viver mais escondida, se tornando a cada dia mais mentirosa e correndo perigo de vida. Um perigo verdadeiro, pois ela estava falsamente se passando por outra pessoa e poderia ser acusada de traição e ser enforcada numa praça pública, como exemplo do que não fazer com a nobreza e com o rei.
- O mar me traz más recordações alteza.
Felicia ficou surpresa com aquela resposta. Eram poucas as pessoas que fora da costa, conheciam o mar.
-Você já conhecia o oceano?
Margery respondeu com todas as letras:
-Mais do que vossa alteza possa imaginar.
Ao ver o espanto no rosto da jovem princesa, Margery se arrependeu instantaneamente.
-Meu pai era pescador milady.
Finalmente, Felicia sorriu desfazendo o mal entendido.
Então, ajudando-a a tirar o vestido, e deixando-a só de túnica, Felicia jogou sobre sua cabeça, um balde de água salgada. Margery sentiu a água bater em seu corpo e aproveitou para chorar.
Ela estava livre!
Só faltava agora se livrar da prisão de mentiras que estava só aumentando cada vez que abria a boca. Isso não podia continuar. Precisava terminar com isso! O mais rápido possível.

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