Capítulo 8: Novamente em Walden

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Margery estava aflita. Não sabia o que fazer ao perceber que já se haviam passado mais de três semanas sem que o rei retornasse a Brugnaro. Assim, como ela iria realizar seu plano?
As coisas estavam se arrastando.
Com o seu serviço de arrumadeira tinha mais flexibilidade para se movimentar nas inúmeras alas do castelo, e o que ela percebia é que o reino estava começando a se organizar dentro das diretrizes do reino de Walden. Também havia muita raiva velada pela cavalaria do rei que cuidavam do vilarejo , promoviam a ordem e procuravam organizar os pequenos comércios que estavam surgindo.
Mas ela sentia que apesar da ausência física do soberano, havia  uma boa vontade na liderança de lorde Joran que cumpria rigorosamente com as ordens do rei e do Conselho e  tinha olhos de águia, mas era justo. Havia muito  tempo que o povo de Brugnaro não sabia o que ter um governante que não usava a lei da força para ser obedecido e enaltecido. Seu povo havia se esquecido do que um bom rei podia fazer.
Sei pai havia sido um rei justo, embora fosse um fraco, deixando que pessoas de má-fé o manipulassem, assim como aconteceu com Malaki.
Pensava nisso  com tristeza. Ela havia tentado ser uma boa rainha no período de tempo que governou. Mas em bem pouco tempo, seus inimigos a tornaram reclusa, impedindo-a de reinar para seu povo.
Margery tinha acabado suas tarefas e estava muito cansada. Andando devagar pelos campos, viu o quanto a batalha de Brugnaro tinha destruído o lugar. Havia homens por toda a parte consertando a paliçada, plantando flores e árvores, abrindo valas de drenagem e poços. Um pensamento a incomodava: -Será que as pessoas não estavam sendo injustas com o rei bastardo? Era notório o que ele estava fazendo coisas boas, mas as pessoas não queriam ver. Até mesmo ela que tinha um plano contra ele, não podia deixar de notar que havia um empenho em tornar o reino melhor. Agora mesmo, dia após dia, as estradas estavam sendo cobertas com pedras e argamassa para que as pessoas não se atolassem não lama quando saíssem de casa, e também o rei, através de seus representantes, havia providenciado comedouros e bebedouros públicos no centro da vila, e ja se ouvia falar que haveria a construção de um estábulo coletivo para as pessoas que tivessem animais e também a construção de uma fábrica de velas como havia em Craig.
Margery suspirou. Aquilo era bastante incomum. O pensamento do bem estar coletivo não era prioridade de alguns reis. Mas Theo agia diferente. Aliás, os três reis agiam diferentes. Por isso eram amados e odiados ao mesmo tempo. Mas Theo parecia ser apenas odiado. Por ela também.
..
Mais um dia de trabalho intenso em quantificar as árvores que seriam derrubadas para a madeira ser enviada para Craig.
Entrou no castelo e alguns conselheiros vieram tirar dúvidas sobre o abastecimento de água e ele deu atenção a todos e se retirou rapidamente para seu quarto.
Sabia que havia uma mesa posta para ele com comida quente e cerveja, mas ele queria estar sozinho por algumas horas. Precisava pensar no motivo real que o fez ficar afastado de Brugnaro por tantos dias. Havia um lado seu, que lhe dizia que precisava dar atenção a extração da madeira, porque era preciso fazer um derrubamento das árvores com planejamento e contingência, uma outra parte dizia que estava cansado de se dividir entre os dois reinos e precisava pensar numa solução para isso. Afinal, por mais que tivesse excelentes e fiéis administradores em ambos os reinos, , as soluções finais ficavam sempre sob a sua responsabilidade.
Theo tirou o pesado manto e se jogou na sua cama de peles de animais. Era raro que ele tirasse algumas horas na intimidade de seu quarto. Ele geralmente acordava e trabalhava todo o dia até chegar à exaustão. Mas hoje não podia agir da mesma maneira. Estava incomodado com o que sentia, pois era algo completamente novo e inesperado. Fechou os olhos e lá estava ela: a linda criada de cabelos vermelhos que não lhe saia da cabeça. A beleza dela o havia impactado mais do que uma manada de javalis. Era realmente linda e atraente. A imagem dela a perseguia e fazia seu corpo se acender de uma forma quase selvagem. Foi preciso que numa noite, ele saísse até uma taberna onde havia moças de capas amarelas para aliviar a vontade do seu corpo.
Todos haviam ficado chocados com a presença do rei. Ele nunca havia frequentado lugares daquele tipo de satisfação rápida, mas lá estava ele, com caras de poucos amigos solicitando uma moça de cabelos vermelhos.
E desde algumas noites, o ritual continuava, ia a taberna, dormia com a mesma moça e saia de lá, tão insatisfeito quanto havia entrado.
Ele sabia que seu corpo queria outra mulher. Queria ela. Diot.
E por isso não estava indo para Brugnaro. Não queria de forma alguma estabelecer uma relação de concubinato com ela. Diot parecia ser uma boa moça, com provavelmente, uma história de violência, vide seu comportamento com ele na primeira noite, e o pesadelo que presenciou naquela manhã. Não era apenas um sonho ruim. Não, tinha pavor na sua face e na sua voz. Provavelmente algo trágico aconteceu na vida dela, e não seria ele, por causa de luxúria, que iria fazê-la sofrer mais do que já devia ter sofrido.
Sabia que estava fugindo de Diot, porque estava fugindo do que sentia, por ela: um desejo avassalador.
Não podia agir como um animal encurralando a sua presa. Mas Oh Deus! Como a queria!
Pensando nisso, Theo não podia mais negar o que sentia: precisava ir vê-la. Apenas olhar para ela lhe daria alguns satisfação. Impulsivamente, decidiu que iria partir para Brugnaro. Precisava ver também como andavam as novas construções que havia idealizado. Partiria amanhã bem cedo, antes que o sol nascesse.
Ficou ali deitado por mais alguns minutos pensando na viagem e nos preparativos que precisava fazer.
Então, a imagem de Diot sorrindo invadiu a sua mente. Sua boca carnuda era realmente muito sensual. Queria beijar aquela boca e comprovar a sua maciez. Ela tinha seios na medida certa, nem grandes, bem pequenos. Perfeitos. E os cabelos? Eram tão lindos quanto uma plumagem de um pássaro raro.
Ele então levantou-se rapidamente e colocou novamente seu manto.
Iria partir já.

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