Capitulo 15: A masmorra

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Pela contagem de Margery ela estava naquela masmorra a cinco longos e sombrios dias. O lugar era fétido e escuro, mas pelo menos, ninguém a incomodava. Os soldados sequer a olhavam, deixando a comida e a água na entrada  da cela, todos os dias sem nenhum comportamento abusivo ou violento.
Encolhida no canto, Margery convivia entre ratos, aranhas e escorpiões que habitavam o lugar, e dividiam com ela os restos da sua comida.
Há um dia não conseguia mais comer. Estava enjoada e parecia que seu corpo estava ardendo em febre. Deitada no chão, ela se contorcia de dor na cabeça.  Não sabia se estava adoecendo de tristeza, ou pelas condições insalubres do lugar.
Margery precisava de cuidados. Ela se sentia muito mal, mas preferia morrer a pedir ajuda para alguém. Quem sabe seu fim  não era esse mesmo? morrer encarcerada, vítima das circunstâncias da sua triste vida.
Ela sentia muito frio e seus lábios tremiam sem que ela pudesse controlar.
-Oh meu Deus! Oh meu  Deus!
Já fazia muitos anos que ela não ia a uma missa ou fazia uma oração. Passou por tanto desgosto e sofrimento que rezar  não era mais uma prioridade na sua vida. Deus a havia abandonado: sua mãe, seu pai, seu marido, seus  vassalos e  agora, o rei.
Todos abandonaram.
Não havia porque ter esperança. -pensou com amargura.
Subitamente sentiu que seu enjoo ficou mais forte, e ela colocou tudo o que tinha no estômago pra fora e  era  muito pouca coisa. Margery não aguentava mais, o melhor seria pedir ajuda. Agora.
Pois começou  a não  saber  mais onde estava, o que estava acontecendo, o que sentia.
Não tinha forças para sequer  levantar a cabeça do chão,  então, ela continuou deitada, sentindo  seu corpo se esvair e ir desfalecendo lentamente.
Seus olhos foram fechando e ela simplesmente adormeceu sem se dar conta que Lorde Joran havia entrado na cela e olhava para ela preocupado.
A mulher estava com uma aparência péssima e nem sabia se ela estava viva ou morta.
Joran se abaixou e colocou a mão sobre a testa de Margery.
-Está viva. Mas não sei se vai durar muito tempo se continuar aqui.
Neste momento, Theo entrou na cela e olhou para o corpo desfalecido de Margery no chão.
Joran tinha mandado um soldado lhe avisar das condições de Margery.
Theo notou que Diot havia emagrecido bastante naqueles dias, sua tez estava pálida e ela estava imóvel, num estado realmente debilitado.
O coração de  Theo apertou.
-E se ela morresse?
Theo agachou-se e ficou olhando para a mulher  que aparentemente dormia, mas ele sabia que na verdade ela estava desmaiada.
-Era culpa sua! Ele a colocara naquele lugar horrível.
Theo então a pegou no colo, causando surpresa entre todos os presentes que estavam presentes no local. Ele era um cavaleiro e tinha honra. Não poderia deixá-la morrer naquele lugar.
-Mas por Deus! Não queria que ela morresse! Não era sua intenção transformar um castigo em algo tão cruel assim.
Theo estava mortificado.
Abrindo caminho entre os soldados, ele chegou até o salão principal e deu de encontro  com Bronson que olhou para Margery em seus braços e empalideceu preocupado.
-Vossa Majestade não precisa fazer isso, eu mesmo a levo, milorde.
Theo não queria desfazer do Velho mordomo, mas ele mal cabia em pé e por mais que ela fosse leve como uma pena, era responsabilidade dele, levá-la até os aposentos coletivos dos criados.
-Não. Eu a levo Bronson.
O  mordomo o acompanhou de perto, extremamente diligente para ajudá-lo caso precisasse.
O rei se encaminhou para o corredor no fundo da cozinha, onde ficava o quarto dos criados, mas de repente parou.
-Abra o quarto da princesa Margery. Ela ficará lá até se recuperar.
Bronson arregalou os olhos, pensando em quanto aquelas palavras eram verdadeiras. Sim! Ela merecia ficar no seu próprio quarto, pois a sua situação parecia bastante frágil e preocupante.
Theo não se importava com os boatos e conversas que surgiriam com sua atitude.
Ele não se importava com nada nem com ninguém. Ele era o rei e mandava ali, e era exatamente isso que iria fazer: colocaria uma criada no quarto de uma rainha morta, porque ele cometeu o erro de mantê-la aprisionada, quando na verdade, a queria para si. Mais que tudo no mundo.

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