A casa de Choi Miyoung era muito limpa, arrumada e florida.
A primeira coisa que Soobin percebeu foi as almofadas com estampa de flor. Peônias. O sofá era azul escuro, mas o estofado já estava um pouco gasto, e havia algumas manchas mais claras.
No geral, havia móveis de madeira, e uma estante grande na sala, com poucos objetos de decoração, artesanatos de papel. As paredes pintadas da mesma cor que a fachada da casa. Era tudo um tanto retrô, mas inclinado para o que parecia muito uma casa de avós.
Absolutamente não tinha nada de Beomgyu alí. Nenhum de seus quadros expressivos, ou nada que tivesse sua cara.
Literalmente, não havia qualquer porta retrato com fotos de família.
A mãe de Beomgyu, timidamente eufórica, os puxou em direção ao sofá. Disse para esperar um pouco enquanto ela colocava a mesa. Nenhum dos dois quis contar que haviam acabado de comer. Então se sentaram, um ao lado do outro.
Beomgyu respirou fundo quando enfim ficaram a sós na sala.
É claro que Soobin se questionava porque parecia tão difícil para Beomgyu estar na casa de seus pais, mas o momento para perguntar talvez não fosse agora.
- Beom, sua mãe mora sozinha aqui ou...?
- Ela e meu pai - Beomgyu respondeu, enquanto pegava o controle remoto na mesa de centro - Mas ele não tá aqui agora - completou ligando a tv e trocando de canal.
O tom de Beom já havia sido enfático o bastante, a mensagem era clara: não pergunte o porquê.
Soobin só balançou a cabeça em afirmação.
Tentando fazer o garoto relaxar um pouco, Soobin o puxou para se encostar no seu tronco. Beomgyu o olhou e sorriu pequeno, entendendo que Soobin estava apenas tentando lhe transmitir conforto. O garoto deixou a cabeça pender sobre o encosto do sofá, relaxando o corpo, a lateral grudada em Soobin. Então esperaram enquanto assistiam um programa qualquer.
O mais velho passou o braço sobre o encosto do sofá azul, e aos poucos, começou um carinho nos cabelos do menino. Era tranquilo, suave, apenas brincava com as mechas descoloridas em meio ao castanho. Mas aquele contato fez Beomgyu amolecer, e aos pouquinhos, o garoto foi se aconchegando em Soobin.
Beomgyu suspirou mais uma vez.
- É estranho estar aqui sem Bogum.
E então Beomgyu, parecendo atordoado por recordações demais, começou a contar das tantas vezes que ele e o irmão aprontaram com os vizinhos do bairro.
Falou da vez que entraram escondidos no quintal do senhor mais rabugento da rua, e de quando venderam os sapatos de sua mãe para a dona do brechó, porque queriam comprar um violão escondido.
O menino sorria, enquanto contava suas memórias com certa melancolia. Talvez porque aqueles momentos representavam uma época de sua vida que ficou no passado, talvez porque sentia falta de sua família.
Saudade, que Soobin reparou, ser principalmente do irmão. Porque Beomgyu mal citou o pai, e falou poucas vezes da mãe, mas seu irmão estava presente em todas as lembranças.
Depois de meia hora, que pareceu bem mais que isso, Miyoung voltou à sala e os chamou para sentarem-se à mesa com ela. Assim que ouviram os passos da mulher se aproximando, se desgrudaram, fingindo que passaram todo aquele tempo assistindo televisão.
Já prontos para a refeição, Soobin percebeu que havia muitas coisas na mesa, o que o fez pensar que a mulher realmente queria agradar ao filho.
Enquanto se serviam, a mãe de Beomgyu quebra o silêncio.
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Antes tarde do que nunca (Soogyu)
FanfictionAos 28 anos, Soobin não tinha muitas alegrias na vida. Trabalhando em casa e morando sozinho, passava a maior parte de seu tempo atrás de uma tela, sem qualquer companhia. Nunca foi uma pessoa muito sociável de qualquer maneira. Mas as coisas mudam...