Só existe o agora

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Soobin acordou com enxaqueca naquela manhã de domingo. A garrafa de whisky pendia pela metade na cômoda ao lado da cama. 

Sequer se lembrava bem do momento em que chegou ao seu quarto. 

Mas lembrava da pele quente de Beomgyu. Da maciez dos cabelos, das mãos que percorriam seus braços. Da vontade absurda com que o garoto retribuiu seu beijo.

Puta merda pensou Soobin Que porra que eu fiz

Não era pelo beijo em si, nem por demonstrar seu desejo pelo garoto (que àquela altura já estava óbvio).  

Era o momento.

Beomgyu estava num momento de fragilidade, expondo feridas das quais Soobin sabia que Beomgyu preferia não tocar. E Soobin o beijou. 

Fez isso porque, no calor do momento, seus instintos gritavam para proteger aquele garoto. Fazê-lo seu, cuidá-lo e enchê-lo de carinho. Dar o mundo para aquele menino. 

E por Deus, não se arrependerá do beijo em si. Não, aquele beijo mexeu com Soobin de uma forma que nem mesmo ele entendia.

Lhe deu fome. Um desejo quase que violento, aos poucos ainda acendia em si uma necessidade daquele corpo junto ao seu.

Mas temia que Beomgyu pensasse que estava se aproveitando de sua fragilidade. De seu emocional abalado naquele instante. 

Sabia que lidar com o mais novo era como lidar com um gatinho arisco.  Por mais que ele gostasse de você, iria arranhar e fugir caso se sentisse ameaçado. 

E não queria nunca afastar Beomgyu. Não queria jamais se aproveitar do garoto em sua fraqueza.

Soobin remoeu todas essas coisas enquanto permanecia deitado em sua cama. Tentado ao máximo evitar pensamentos indesejados, se levantou e foi direto para o chuveiro. Tomou uma ducha fria, a água gelada espaireceu sua mente. Deixou tudo em branco. 

Passou o restante do dia trabalhando, buscando qualquer atividade que o distraísse de imaginar como estava Beomgyu naquele instante. Teve vontade de pegar o celular diversas vezes, ligar para o garoto, ouvir sua voz e perguntar se estava tudo bem. Ao mesmo tempo ficava esperando alguma mensagem do mesmo, lhe dizendo qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo.

Fumou metade do maço de cigarro naquele dia. E fumou a outra metade no dia seguinte. Encostado ao parapeito da varanda, pensava que há um dia atrás estava naquele skatepark, se divertindo, sorrindo junto a Beomgyu.

No dia depois Soobin sofreu de abstinência. Do cigarro, mas mais ainda de Beomgyu. Não saiu do apartamento até então. Nem o garoto deu sinal de vida. Não foi jantar em sua casa como de costume.

Mas Soobin também não deu o primeiro passo. Se perguntou que tipo de joguinho estava fazendo. Com quase 30, não estava mais acreditando que estava mesmo esperando pra ver quem mandaria a primeira mensagem.

Era terça-feira, e caia um temporal lá fora. O céu cinza chumbo dava impressão que era noite, embora fosse quatro da tarde. Soobin mal se deu conta, encarando o celular e pensando no que mandaria para Beomgyu.

"oi, tudo bem? só queria saber como você tá."

Talvez fosse muito impessoal.

"ei Beom, queria me desculpar por sábado, não foi certo da minha parte agir daquela maneira contigo"

Mas não queria fazer Beomgyu pensar que não queria mais nada, seja lá o que aquilo entre eles fosse.

Estava pronto para desistir da mensagem e ligar para o garoto de uma vez por todas, talvez falar fosse mais fácil. 

Antes tarde do que nunca (Soogyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora