Soobin sentiu o peso dos ombros cair assim que Beomgyu saiu pela porta. Sentou-se em sua cama, respirou fundo tentando trazer ar para o pulmão novamente. Estava começando a se animar quando sua mãe os interrompeu.Imaginava para o que se devia aquela pequena intromissão.
Esperava que Beomgyu não se sentisse pressionado ou acuado por sua família. Mas confiava completamente em Jinah, sabia que ela, mais do que ninguém ali, saberia encantar Beomgyu.
Desde a cerimônia, estava meio preocupado com ele. Cismado, talvez fosse a palavra. É que notara como Beomgyu olhava tudo em sua volta como se estivesse num parque encantado dos sonhos de fadas. Via que se passavam muitos questionamentos na cabecinha do garoto. E pela suas reações, entendia que tudo aquilo poderia ser muito… distante, para ele. Era como se Beomgyu ainda acreditasse que aquilo tudo era irreal.
Quando Beomgyu praticamente o pediu em casamento, enquanto assistiam os votos, Soobin achou muito fofo. Imaginou que o garoto estava tocado pela beleza da comunhão entre duas pessoas.
Mas depois, durante a pequena festa, reparou melhor em Beomgyu. Ele agradou a todos, cantou lindamente, e pareceu se divertir.
Mesmo assim, havia uma certa melancolia nos olhos do garoto. Era uma tristeza difícil de se perceber. Na varanda, enquanto admiravam a cena de fora, entendeu que talvez Beomgyu estivesse tentando fazer parte de tudo aquilo.
Mas que não se via muito bem encaixado naquele lugar.
Sentiu-se mal, mas o que poderia dizer? Nem ele mesmo sentia-se completamente parte daquela festa. Desde criança sentia-se um espectador das peças de sua própria família. Ele nunca fora o personagem principal. Estava mais para um figurante ou assistente técnico.
Como dizer a Beomgyu que não deveria comparar sua própria família com aquele espetáculo todo? Era difícil, porque só entendia que a família de Beomgyu nunca fora unida, e que havia grandes ressentimentos.
Soobin levantou-se com dificuldade, estava um pouco cansado. Pensaria sobre aquelas coisas mais tarde.
Saiu do quarto e desceu as escadas. Atravessou a sala em direção a cozinha de sua mãe. Não se surpreendeu muito com a cena que encontrou.
Jinah, Jungha e Beomgyu cozinhavam em meio a uma bancada bezuntada de farinha. Provavelmente estavam fazendo biscoitos. As duas mulheres riam, encantadas com a cena fofa de um Beomgyu melecado batendo a massa. Elas lhe diziam que ele estava indo muito bem, e ele sorria de um jeito adorável. Ele era, de fato, um moço muito bonito. Beomgyu tinha esse ar juvenil que beirava a infantilidade às vezes, que o deixava radiante, apertável.
Como um urso de pelúcia.
Poderia dizer que despertava até mesmo um senso maternal nas mulheres.
Beomgyu o viu encostado no batente da porta. O mandou um oi mudo, e voltou-se a concentrar no que estava fazendo. Jinah e Jungha o expulsaram assim que o notaram lá, alegando que não queriam distrações na cozinha.
Sem muita escolha, Soobin voltou ao quintal junto aos outros. A cantoria cessara por um momento, para dar lugar às histórias da família. Eles riam alto, e as crianças se amontoavam para ouvir as presepadas de seus próprios pais. Vasculhou o jardim com os olhos. Soojin estava em uma mesa mais ao fundo, brincando com o bebê de uma amiga.
Nunca a vira tão linda quanto aquela noite, não só pelo vestido e maquiagem impecáveis, mas pela aura de felicidade que emanava. Soojin, diferente de si próprio, sempre fora vivaz e ativa, se interessava por diferentes artes e amava praticar esportes. Uma verdadeira borboleta social.
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Antes tarde do que nunca (Soogyu)
FanfictionAos 28 anos, Soobin não tinha muitas alegrias na vida. Trabalhando em casa e morando sozinho, passava a maior parte de seu tempo atrás de uma tela, sem qualquer companhia. Nunca foi uma pessoa muito sociável de qualquer maneira. Mas as coisas mudam...