lembranças

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Beomgyu ainda estava sonzo. Sua nuca formigava.

Era como se ainda pudesse sentir Soobin agarrando seus cabelos com força.

Depois que voltou a casa com sua mãe, Beomgyu sentiu um certo alívio no peito. Pela primeira vez não se sentiu um alvo ao entrar naquele recinto. Mas as coisas ainda estavam confusas, ainda mais depois do que havia acabado de acontecer.

Miyoung parecia querer dizer alguma coisa, mas vendo como Beomgyu saiu do carro, a mulher apenas o abraçou mais uma vez, o deu um beijo na testa, e disse para o garoto ir descansar em seu quarto.

Do mesmo jeito que fazia antigamente.

Beomgyu assentiu, e foi em direção ao lugar que já fora tão conhecido por si. Era seu próprio quarto, afinal. Mas Beomgyu sabia que já não haveria qualquer sinal de familiaridade e conforto para si naquele lugar. Em nenhum lugar daquela casa. 

Freou antes de abrir a porta, a hesitação foi refelxo de seu próprio corpo. Balançou a cabeça, afastando qualquer pensamento tolo, e girou a maçaneta.

Lá, estava tudo da mesma forma que deixara. Mas estava limpo, e as janelas estavam abertas. 

Entrou ainda meio perdido. A primeira coisa que fez foi abrir o guarda roupa. As roupas que deixou continuavam lá, mas nada cheirava a mofo ou desuso, como imaginava. Estavam limpas, como recém lavadas. 

Sua mãe mantia aquele lugar perfeito, como se ainda fosse habitado. Perguntou-se se aquilo tudo era para si, esperando sua volta, como se tivesse certeza que Beomgyu voltaria qualquer dia, ou se era para ela mesma.

Para tentar disfarçar a síndrome do ninho vazio, de alguma forma. Para entrar naquele recinto e fingir que estava apenas cuidando do filho que logo voltaria da escola.

Beomgyu sempre sentiu um pouco de pena de sua mãe. Ela não era nada além disso, mãe.  Miyoung dedicou-se completamente aos filhos e marido, e para ela mesma, não sobrou nada.

Imaginou que o quarto de Bogum permanecia da mesma forma também.

Beomgyu deixou-se cair na cama, o lençol com cheiro de amaciante. Por um segundo sentiu falta de tudo aquilo, das facilidades de casa.

Estava exausto, a cabeça rodava. Mas seu corpo ainda sentia o toque do mais velho o pressionando. Lambeu os lábios, sentindo saudade da boca de Soobin garrada a sua. 

O garoto não saberia dizer quando foi que Soobin começou a causar tanto efeito em si. Confessava que no começo estava apenas curioso, nunca um homem mais velho demonstrou interesse sobre si.

Pensou que Soobin era apenas um cara gostoso, meio nerd e quietão, que queria algo de si. Então Beomgyu esperou. 

Esperou uma oferta ou qualquer investida maliciosa. Algum toque sugestivo, qualquer coisa.

Mas recebeu cuidado e conforto.

Então Beomgyu ficou confuso, confuso porque toda sua experiência de vida lhe dizia que aquilo era bom demais para ser verdade, e que a escolha mais óbvia era fugir. Voltar de vez em quando, mas nunca se deixar prender demais. Mas Beomgyu queria ficar, todo seu corpo e seu eu queria se afundar na paz daquele homem. 

Soobin era um ponto seguro na vida completamente inconsistente de Beomgyu.

Por sorte, Beomgyu nunca fora uma pessoa muito racional. 

Mas agora, prestes a desmaiar de sono, o garoto se questionava se fizera o certo. Porque, se deu conta naquele momento, que faria qualquer coisa por aquele homem. Faria tudo que ele quisesse. Tudo. 

Antes tarde do que nunca (Soogyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora