Beomgyu observava Soobin andar de skate pela pista vazia. Fazia frio, mas aproveitaram a oportunidade. Era melhor assim, apenas eles.
Soobin ainda andava como uma criança de 13 anos. Quando pegava velocidade, não conseguia parar com muita facilidade. Mas estava indo bem.
Era bom observá-lo. Ele ficava desligado, aparte. Desligado até de Beomgyu. E parecia se divertir.
Beomgyu se sentia bem por ter apresentado a Soobin algo bom. Algo que gostava. Sentia como se estivesse marcando Soobin com algo só seu.
Beomgyu sentou-se no chão. Soobin já estava meio longe. Seu skate estava ao seu lado, poderia ir brincar um pouco com o mais velho. Provocá-lo com sua habilidade e experiência.
Mas não sentia vontade.
A verdade é que metade de Beomgyu estava alí. A outra se encontrava agoniada em apenas imaginar encontrar toda a família de Soobin. Sentia uma pressão no peito, porque queria agradar, mas não achava que seria capaz.
Nunca soube muito bem como ser parte de algo grande. Sempre foi sua mãe, seu irmão, e raramente, seu pai. E chegou um momento que era apenas Beomgyu.
Mas a família de Soobin era demais. Superlotada. Extrapolava os limites, como o próprio Soobin chegou a dizer. Imaginou o mais velho, sempre tão retraído, crescer cercado por tantas pessoas caóticas à sua volta.
Imaginava que era por isso que Soobin buscou se manter longe. Porque não combinava com aquele cenário. Com toda a energia de sua família.
Beom sabia de tudo aquilo porque no dia anterior foram para a prova dos ternos. Era em uma boutique chique, bem localizada.
Uma boa parte dos primos de Soobin estava ali, algumas tias, e amigos da família. Não entendeu porque tantas pessoas da família estavam alí.
Quando chegaram, Soobin parou com a mão na maçaneta. Ele viu alguma coisa pela porta de vidro e fez uma expressão de desagrado, que Beomgyu não compreendeu. Suspirou baixo, e olhou para trás, para Beom. Seu olhar pedia desculpas, o que deixou o garoto bem confuso.
Mas quando finalmente entraram, e todos se viraram para olhá-los, Beomgyu começou a entender. Todo o barulho de conversa e brincadeira parou, e os olhos se fixaram em Beomgyu. Virava um alvo naquele momento.
Soobin o apresentou de forma curta, Beom acenou, e logo foi puxado para a parte dos fundos da boutique, onde havia os ternos de linho fino. Enquanto o vendedor lhes apresentava alguns modelos, o garoto podia ouvir os cochichos. As tentativas de lhe alcançar pelo olhar, os espiando.
" …É de verdade? parece que saiu de um desenho para meninas…"
" Mas é muito novinho… um principezinho…"
" Não sei não, tem jeito de delinquente"
Beomgyu tentava se concentrar no terno marfim que o moço colocava em sua frente, mas os comentários os distraíam.
Sentiu uma leve cotovelada no braço. Era Soobin. Novamente pediu desculpas com os olhos, mas sorriu, o encorajando.
— Deixe eles pra lá. Não importam pra mim, não devem importar pra você também.
Beomgyu assentiu.
Mas Soobin foi puxado para provar o próprio terno, que era bonito aliás, preto e lustroso. Os poucos segundos que ficou sozinho, foi puxado pelas primas de Soobin.
Os vários parentes se amontoaram em volta de si. Sentia-se um item exótico em exposição. Provavelmente notaram, por suas roupas, que era pobre. Não fazia parte daquele ciclo social.
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Antes tarde do que nunca (Soogyu)
FanfictionAos 28 anos, Soobin não tinha muitas alegrias na vida. Trabalhando em casa e morando sozinho, passava a maior parte de seu tempo atrás de uma tela, sem qualquer companhia. Nunca foi uma pessoa muito sociável de qualquer maneira. Mas as coisas mudam...