Pontes indestrutíveis

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Olhando aquela coisa tão pequena deitada em sua cama, remexendo as perninhas gordas para lá e para cá, Beomgyu pensou que talvez fosse muito legal rever suas memórias dos primeiros tempos de vida.

Saber como era, na visão de um bebê, quando todos aqueles seres estranhos o encaravam de cima, o admirando como um milagre, se questionando como era possível existir algo tão frágil e pequeno.

— Olha, ela está achando graça! — riu junto com a bebê, que colocava o pézinho na boca banguela.

Kai estava parado ao seu lado, com a boca aberta, completamente estupefato por tudo que estava acontecendo. Não sabia dizer quem ele encarava mais, Soobin, Beomgyu ou a própria Soomin.

Soobin estava parado mais a porta, olhando, inquieto, tremendo. Talvez toda a adrenalina acumulada dos dias que passou em Daegu, e de tudo que descobriu e fez, estivesse correndo por seu corpo naquele exato momento.

Porque esperou tudo de Beomgyu, esperou que ele chorasse, lhe xingasse muito, esperou murros e pontapés, que lhe dissesse que não deveria se intrometer daquela forma em assuntos que não lhe diziam respeito.

E que estava louco por aparecer com uma criança na porta de sua casa.

Mas tudo que ele fez foi segurar Soomin nos braços, cheirar o cabelo da bebê, fechar os olhos e sair balançando com ela pela casa.

E Soobin nunca esqueceria os olhos do menino quando escutou o nome de Soomin. Havia algo maior que o próprio mundo naquele olhar.

Mas Beomgyu ainda não havia conversado com Soobin de fato. Ele estava em transe com a meninha em sua cama.

— A mamadeira… A gente precisa dar de comer à menina, ela vai ficar com fome logo logo — a voz de Soobin era quase ofegante, embora estivesse parado.

— Claro, verdade — Beomgyu foi se levantando — Kai, fica aqui vendo ela que a gente vai preparar o leite.

Então Beomgyu saiu pela porta do quarto, segurando Soobin pelo pulso.

— Vamos ver o que temos aqui — disse enquanto revirava a bolsa que Soobin havia colocado no sofá. Havia muitas coisas, mas foi fácil achar a lata de leite e a mamadeira.

Beomgyu pegou ambas e se dirigiu até a cozinha americana. Soobin permaneceu o encarando com uma incógnita no rosto.

— Eu sei o que está pensando — disse calmo, enquanto preparava o leite com tranquilidade, como se fizesse isso todos os dias — E sim, minha cabeça tá uma confusão, e eu sequer imagino as coisa que você fez para chegar com essa menina aqui, e principalmente, não consigo pensar que viu e conversou com Bogum — ele parou, mas continuou com os olhos presos na pia —  Mas de verdade, eu não quero pensar em nada agora. Vamos só aproveitar a bolinha de carne que tá na minha cama agora, tudo bem?

Soobin assentiu, respirou fundo.

Beomgyu terminou a mamadeira, colocou-a no balcão e levantou os olhos.

Ele sorriu aberto:

— Vêm cá.

Soobin andou até ele, arrastando o corpo. O cansaço o atingiu com tudo. Quando chegou atrás do balcão, não precisou dar os últimos passos até Beomgyu. O garoto o abraçou fortemente, com o rosto em seu peito.

Soobin se desmanchou naqueles braços. Só agora sentia como aquele desgaste emocional o abalará, mas estando alí naquele abraço, sentindo o cheiro do shampoo de Beomgyu, não teve dúvidas de que faria tudo de novo, e faria muito mais, se fosse preciso.

— Você é louco hyung — ele disse abafado — E eu te amo muito.

Então se separaram daquele enlaço. Segurou o rosto de Beomgyu, e lhe deixou um beijo singelo nos lábios.

Antes tarde do que nunca (Soogyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora