Apesar da carona de ontem, meu constrangimento não foi o suficiente para me fazer perder um dia de trabalho que prometia ser entediante e desinteressante.
Estava nevando de maneira fraca, e eu vestia um casaco quente, calças ainda mais quentes, e uma bota de jardinagem. Todos pretos, combinando com a maquiagem leve que faço todos os dias.
Subi pelo elevador impacientemente, não me importando em falar com ninguém. Analiso o espelho do local por alguns segundos antes que a porta se abra e eu siga para o meu escritório.
Onde Billie está sentada, com os pés na mesa, segurando meu roteiro em mãos.
— Quem te deu a liberdade de entrar no meu escritório sem minha permissão? — Eu questiono, seguindo até as cortinas e as abrindo.
— A mesma pessoa que comprou a empresa, que aliás, fui eu. — Ela pisca.
— Abuso de poder não é sexy, O'Connell. — Eu me aproximo, deixando minha bolsa na arara. — Agora tire os pés da mesa, isso é falta de é educação.
— Você é uma desmancha-prazeres. — Tira os pés da mesa. — Sempre tão mandona.
Ela morde o lábio inferior e isso me dá calafrios.
— Tive com quem me inspirar. — Pisco sarcástica. — O que faz aqui, de qualquer maneira? Não pode ter vindo só para me dar nos nervos.
— Eu poderia, na verdade. Mas hoje estou aqui pelo seu roteiro. — Meu sorriso aparece.
— Prossiga. — Me encosto na parede, reforçando meu interesse.
— É um romance de época de fato muito bom, a ambientação é de se admirar. Combina com a época, principalmente pra um relacionamento homoafetivo. — Bajula. — É de fato uma história boa.
— Eu sei. — Pisco, exibida.
Ela revira os olhos com diversão e bufa seus lábios. A expressão deixa um sorriso genuíno escapar de meus lábios.
— Se você permitir, transformaremos em uma trilogia. Vamos separar entre outono, inverno e verão. — Uma trilogia...
— É um proposta muito boa, O'Connell. Onde estão os contratos? — Eu digo, tentando esconder minha animação.
— Em alguns minutos. — Afirma, se ajeitando na cadeira. — Agora, por que um final tão trágico?
— Para ser poético e teatral. — Respondo. — O plano era ser uma peça de teatro. Por isso tudo é tão intenso e exagerado.
— Elora entregou sua vida por Violet. — Ela comprimiu os lábios, pensativa. — Mas Violet nunca faria o mesmo por ela.
— Violet é egoísta. — Levanto uma sombrancelha. — Elora é dedicada ao que quer. Elas eram duas princesas fugindo de suas obrigações, e enquanto Elora apreciava aquele momento, Violet pensava na sua liberdade, se emancipar dos seus títulos. E ela sabia que não chegaria lá se continuasse nesse caminho.
— O amor delas foi tão unilateral. — Eu penso por um tempo antes de responder.
— Eu não acho. — Ela franze a testa. — Violet é de fato egoísta, mas isso não significa que ela não ame Elora, só que não está disposta a tanto por ela.
— Elora merecia alguém que estivesse disposta a tudo para ela. — Eu rio baixo.
— Elora seria a egoísta se cobrasse isso de Violet. Amor não funciona assim, todo mundo dá o que está disposto a oferecer, e se não é o suficiente pra você, se o esforço que o outro faz não compensa o seu, é hora de deixar ir.
— Você deve ter sofrido muito no amor pra ter essa visão. — Eu rio nasalmente.
— Você deve ter se metido em muitas vidas pra tirar tantas conclusões. — Seu sorriso sarcástico volta, mas ela desvia o olhar.
Entro em um debate comigo mesma sobre como continuar a conversa. E isso me irritou, porquê de alguma forma, isso significava que eu queria conversar com ela.
— Certo, certo, O'Connell. Vá para o seu escritório, eu tenho um trabalho pra exercer. — Eu digo, fingindo falta de paciência.
Ela revira os olhos e faz um bonequinho com suas mãos, fazendo um barulho esquisito, tentando me zoar.
— Estou cheia de suas infantilidades, vá. — Aponto para a porta, forçando uma autoridade que não tinha.
Ela gargalha alto e curto com meu tom. Eu a encaro com deboche.
— Eu gosto quando você finge que está no controle, mesmo quando sabe que não. — O sorriso é desafiador, e me arrepia de dentro pra fora.
Mas não de medo. Eu imaginei esse sorriso em cima do meu corpo nú, destruindo minha integridade e me fazendo gritar alto.
Não.
Não mesmo.
Chega.
Não pense, Dahlia. Não imagine. Não olhe.
Com esses pensamentos, fiquei parada em meu próprio lugar, encarando Billie com uma expressão vazia, tentando não focar em suas correntes sexys, e no decote de seu terno branco, nos seus lábios seduzentes e que me deixavam faminta.
Eu queria tanto tê-la dentro de mim.
De onde sequer esse pensamento surgiu?
— De qualquer forma, como quiser. Estou saíndo. — Sorri, meiga. — Só mantenha em sua mente que quem manda aqui sou eu. E eu gosto das coisas como são.
— Gosto das coisas do meu jeito, O'Connell. E eu não vou mudar isso por causa de uma garotinha mimada que sempre teve tudo o que quer. — Saio do meu transe. — Afinal, o que você pode fazer... me demitir?
— Estragaria a diversão. — E assim, simplesmente, ela sai do escritório, me deixando mercê de sua autoridade que me atiçava.
E dado a isso, cheguei a conclusão de que todo meu ódio não era devido a seu comportamento imaturo.
Mas sim tesão reprimido.
E sexo com raiva é muito melhor.
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Arrogance • Billie Eilish [G!P]
RomanceO'Connell é só mais uma engomadinha mandona vestida em um terno, já Dahlia, tende a ser desafiadora, e seu orgulho não a deixaria se curvar sobre os pés de sua chefe arrogante.