Está levemente frio, e eu sinto meu corpo se encolher entre meu moletom escuro.
É uma sexta de manhã, e eu tenho uma forte vontade de faltar meu trabalho. Encarar Billie depois dos acontecimentos anteriores seria vergonhoso.
Mas minhas necessidades ultrapassam minhas vontades, então eu estava no caminho para o trabalho, caminhando sobre as ruas cheias de L.A, mastigando um chiclete de menta.
Quando chego no local, eu decido não seguir direto para o meu escritório, e me atrevo a conversar com Drew.
Foi uma péssima decisão. Billie apareceu alguns minutos depois.
E óbvio que ela não conseguiria manter seus lindos lábios fechados.
— Boa tarde, Clifford. — Ela cumprimenta.
Engulo a seco, a encarando com receio e vergonha. Eu odiava pensar que estava, pela primeira vez, me sentindo intimidada pelo charme irritante de Eilish.
Mas era ainda mais difícil admitir que eu estava encantada por isso.
— Boa tarde, O'Connell. Presumo que o resto da sua tarde tenha sido maravilhosa depois do incidente anterior. — Eu respondo em um tom desafiador.
Ela apenas levanta suas sombrancelhas em um tom de piada.
— Você morgou. — Ela torce o nariz. — Teria sido mais divertido, mas você sabe, a vida é uma vadia má.
— Que chato, querida. Sinto muito, te garanto que não vai ocorrer mais vezes. — Pisco um dos meus olhos.
— Espero que não. Odiaria ter que te demitir, mas quando um funcionário sabe demais, é perigoso. — Eu consigo sentir a ironia em suas falas, como um aviso discreto. Me faz rir de canto.
— Odiaria, é? — Eu ironizo.
— Apesar da sua implicância, você é uma ótima funcionária. — Ela lambe seus lábios e eu nem sei porquê reparei nisso.
Eu sorrio orgulhosa de mim mesma.
— Em falar em ótimo... — Me gabo. — Você já começou a ler meu roteiro?
— Sim. É... interessante, mas preciso ler um pouco mais para tirar minhas conclusões.
— Leve seu tempo, chefe. Meus pais costumavam dizer que 'una lettura forzata, è come toglierti i neuroni dal cervello' — Aponto.
— Pare com as bobagens bilíngues. A conversa não tem graça se eu não te entender. — Eu me permito a sorrir e me odeio por isso.
Enquanto o silêncio se instalava, meus olhos automaticamente começaram a prestar atenção em detalhes de Billie que nunca havia percebido.
Como a maneira que seus olhos analisam tudo, e como suas sombrancelhas não escondem suas emoções, como seus lábios são vermelhos e destacam seu rosto. Detalhes estúpidos.
Bobagens adolescentes que não eram realmente adolescentes. Pensamentos intrusivos e olhos atrevidos. Tudo um pouco demais pra todo aquele ódio que tenho guardado dela.
— Por que você encara? — Levanta uma sombrancelha.
— Estou analisando sua arrogância. — Pisco de maneira lenta.
— O que há para analisar? Pensei que era evidente. — Ela diz pouco decepcionada.
— Você tem uma constante expressão de nojo na sua fuça, isso ofusca suas ações. Mas continua tão ignorante quanto um cavalo. — Eu admito simplista.
— Você tem uma forma peculiar de me desafiar, Clifford. Eu não quero ser modesta, por isso te digo: o que quer você esteja fazendo, estou gostando.
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Arrogance • Billie Eilish [G!P]
RomansaO'Connell é só mais uma engomadinha mandona vestida em um terno, já Dahlia, tende a ser desafiadora, e seu orgulho não a deixaria se curvar sobre os pés de sua chefe arrogante.