0.6

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Está levemente frio, e eu sinto meu corpo se encolher entre meu moletom escuro.

É uma sexta de manhã, e eu tenho uma forte vontade de faltar meu trabalho. Encarar Billie depois dos acontecimentos anteriores seria vergonhoso.

Mas minhas necessidades ultrapassam minhas vontades, então eu estava no caminho para o trabalho, caminhando sobre as ruas cheias de L.A, mastigando um chiclete de menta.

Quando chego no local, eu decido não seguir direto para o meu escritório, e me atrevo a conversar com Drew.

Foi uma péssima decisão. Billie apareceu alguns minutos depois.

E óbvio que ela não conseguiria manter seus lindos lábios fechados.

— Boa tarde, Clifford. — Ela cumprimenta.

Engulo a seco, a encarando com receio e vergonha. Eu odiava pensar que estava, pela primeira vez, me sentindo intimidada pelo charme irritante de Eilish.

Mas era ainda mais difícil admitir que eu estava encantada por isso.

— Boa tarde, O'Connell. Presumo que o resto da sua tarde tenha sido maravilhosa depois do incidente anterior. — Eu respondo em um tom desafiador.

Ela apenas levanta suas sombrancelhas em um tom de piada.

— Você morgou. — Ela torce o nariz. — Teria sido mais divertido, mas você sabe, a vida é uma vadia má.

— Que chato, querida. Sinto muito, te garanto que não vai ocorrer mais vezes. — Pisco um dos meus olhos.

— Espero que não. Odiaria ter que te demitir, mas quando um funcionário sabe demais, é perigoso. — Eu consigo sentir a ironia em suas falas, como um aviso discreto. Me faz rir de canto.

— Odiaria, é? — Eu ironizo.

— Apesar da sua implicância, você é uma ótima funcionária. — Ela lambe seus lábios e eu nem sei porquê reparei nisso.

Eu sorrio orgulhosa de mim mesma.

— Em falar em ótimo... — Me gabo. — Você já começou a ler meu roteiro?

— Sim. É... interessante, mas preciso ler um pouco mais para tirar minhas conclusões.

— Leve seu tempo, chefe. Meus pais costumavam dizer que 'una lettura forzata, è come toglierti i neuroni dal cervello' — Aponto.

— Pare com as bobagens bilíngues. A conversa não tem graça se eu não te entender. — Eu me permito a sorrir e me odeio por isso.

Enquanto o silêncio se instalava, meus olhos automaticamente começaram a prestar atenção em detalhes de Billie que nunca havia percebido.

Como a maneira que seus olhos analisam tudo, e como suas sombrancelhas não escondem suas emoções, como seus lábios são vermelhos e destacam seu rosto. Detalhes estúpidos.

Bobagens adolescentes que não eram realmente adolescentes. Pensamentos intrusivos e olhos atrevidos. Tudo um pouco demais pra todo aquele ódio que tenho guardado dela.

— Por que você encara? — Levanta uma sombrancelha.

— Estou analisando sua arrogância. — Pisco de maneira lenta.

— O que há para analisar? Pensei que era evidente. — Ela diz pouco decepcionada.

— Você tem uma constante expressão de nojo na sua fuça, isso ofusca suas ações. Mas continua tão ignorante quanto um cavalo. — Eu admito simplista.

— Você tem uma forma peculiar de me desafiar, Clifford. Eu não quero ser modesta, por isso te digo: o que quer você esteja fazendo, estou gostando.

Arrogance • Billie Eilish [G!P]Onde histórias criam vida. Descubra agora